domingo, 11 de outubro de 2015

A influência pagã no cristianismo

Marluce de Oliveira

No ano de 312, quando o imperador romano Constantino se converteu ao cristianismo, ele garantiu a liberdade de culto par a nova religião. Ele é considerado por muitos o fundador da igreja católica, e foi ele quem definiu muito de como seria a doutrina da igreja. Para tanto se baseou nas práticas que conhecia: antigos cultos pagãos e o cerimonial da corte imperial

O ato de o clero caminhar aos seus assentos no início da missa enquanto a congregação fica em pé cantando, teve início no século IV e foi copiado do cerimonial imperial. Quando os magistrados romanos entravam na sala da corte os presentes se colocavam em pé e cantavam. Este ato ainda é praticado em muitas igrejas católicas e evangélicas.

O modelo dos templos católicos, conhecido como basílica, veio da cultura grega e era um espaço destinado à realização de grandes assembleias. Constantino escolheu esse modelo de construção, e como era adorador do sol, desenhou as basílicas de modo que os raios solares caíssem sobre o orador.  Elas sempre eram construídas voltadas para o leste, onde nasce o sol, assim como eram os templos gregos e romanos.

No altar das igrejas sempre encontramos a cadeira do bispo, que normalmente é mais confortável que as outras. Na época romana essa cadeira era reservada ao juiz ou ao mestre que iria lecionar alguma matéria. Ao lado dela havia duas fileiras de cadeiras reservadas aos anciãos. Isso ainda acontece nas igrejas cristãs, sejam católicas ou evangélicas, e também são vestígios da cultura pagã.

Outra prática copiada dos rituais ao imperador que foi levada para a igreja por Constantino foi o uso de velas e queima de incenso. Era costume dos imperadores serem recebidos por luzes e especiarias aromáticas. As vestes dos clérigos também foram inspiradas nas roupas dos oficiais romanos.

Mas a prática pagã mais utilizada pelos cristãos ocidentais talvez seja a cerimônia religiosa do casamento. Os historiadores dizem que o casamento como conhecemos hoje surgiu em Roma, mas na Grécia já era costume as pessoas usarem branco em ocasiões especiais como um nascimento ou casamento.

O buque de noiva era uma mistura de alho, ervas aromáticas e grãos. O alho seria para afugentar maus espíritos e os grãos garantiam e as ervas e grãos simbolizavam uma união frutífera. Algumas culturas acreditavam que colocando açúcar no buque, o temperamento da noiva seria “doce”.
O uso do véu de noiva é uma referência a deusa romana Vesta (ou Héstia dos gregos). Vesta era a deusa virgem protetora da casa e família.

A aliança significava uma ligação perfeita do casal. Assim como o círculo da aliança não tem fim e representava para os Egípcios a eternidade, assim como o amor do casal deveria durar para sempre. O uso no dedo anelar da mão esquerda vem dos gregos. Eles acreditavam que por esse dedo passava uma veia que ia direto ao coração. Esse costume ou posteriormente adotado pelos romanos e incorporado às cerimônias cristãs.

Jogar arroz nos noivos é um costume chinês, e significar fartura e fertilidade. Algumas outras culturas jogavam tricô, farinha ou bolo na cabeça da noiva e comiam o resto para terem sorte.

Quanto ao bolo do casamento, os romanos já partiam um bolo sobre a cabeça da noiva para simbolizar fertilidade e abundância.

Mas o mais irônico é que talvez a maior influência pagã seja justamente uma das datas mais importantes para o cristianismo: o natal, onde se comemora o nascimento de Jesus.

Entre os dias 17 e 23 de dezembro, os romanos comemoravam a saturnália, que era um festival em honra ao deus saturno. Nesse período eles faziam banquetes. No dia 25 de dezembro era comemorado o Natalis Solis Invcti, ou nascimento do sol invencível. Essa data foi instituída pelo imperador Aureliano no ano de 273, para celebrar o nascimento de Mitra, deus indiano e persa da luz. O nascimento do sol invencível, já era consagrado também em outros povos pagãos, com seus respectivos deuses equivalentes a Mitra: Ra, deus egípcio; Utu na Babilônia, Surya na índia, Baal deus cananeu e o deus greco-romano Apolo.

Como essas festividades pagãs já estavam enraizadas na cultura popular, o papa Júlio I determinou a substituição da veneração ao deus sol pela comemoração do nascimento de Jesus, “convertendo” assim a festa pagã ao cristianismo

Ou seja, muito daquilo que hoje é considerado “sagrado” dentro do cristianismo, na verdade deriva da cultura pagã, que normalmente é criticada e menosprezada pelos cristãos.


Verdade Mundial


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