RICARDO BRITO E
ADRIANA FERNANDES
Documento enviado ao
Congresso Nacional e obtido com exclusividade indica que a dívida bruta chegará
a 71,1% ao fim do próximo ano e ainda subirá no ano seguinte, alcançando 72%
BRASÍLIA
- Com a confissão de que o País passará por dois déficits seguidos, o governo
Dilma Rousseff admitiu pela primeira vez que a dívida bruta do setor público
vai romper a barreira de 70% do PIB em 2016. Documento enviado ao Congresso
Nacional e obtido com exclusividade peloBroadcast, serviço de notícias
em tempo real da Agência
Estado, indica que a dívida bruta chegará a 71,1% ao fim do
próximo ano e ainda subirá no ano seguinte, alcançando 72%. Este ano, o governo
prevê que a dívida bruta feche em 68,3% do PIB.
O
rompimento da barreira dos 70% traz riscos maiores para o Brasil, porque esse é
um dos principais indicadores de robustez e sustentabilidade das finanças de um
país observados pelas agências internacionais de rating. Ou seja, aumenta a
possibilidade de o Brasil perder o selo de bom pagador por outras duas agências
de classificação - Fitch e Moody's - após a Standard & Poor's já ter feito
isso no mês passado.
No
documento enviado ao Congresso, o Executivo disse que o "cenário
macroeconômico projetado, juntamente com a elevação gradual do resultado
primário, permitirá a sustentabilidade da política fiscal, com menor
crescimento da dívida bruta do governo geral como proporção do PIB em
2017".
"Com
a recuperação do resultado primário ao longo dos anos seguintes e a retomada do
crescimento, a dívida pública se estabilizará", diz o anexo de metas
fiscais encaminhado pelo Executivo e ainda não divulgado oficialmente pela
Comissão Mista de Orçamento (CMO), que recebeu o documento.
Com
o rombo primário de 0,85% do PIB em 2015, o governo prevê que o déficit nominal
das contas do setor público vai bater o recorde histórico de 9,47%. O resultado
nominal inclui na conta os gastos com o pagamento dos juros da dívida pública.
O valor mais alto até agora de déficit foi de 6,23%, em 2014. Para 2016, o
déficit nominal previsto é de 5,01% e de 3,97% para 2017.
A
equipe econômica manteve a meta de superávit primário de 0,7% do PIB para o
próximo ano e de 1,3% do PIB para o ano seguinte. Para elaborar essas novas
previsões, o governo trabalhou com uma queda do PIB de 1% em 2016 e crescimento
de 1,1% em 2017. Embora diga que se trate de projeções do mercado, a estimativa
do PIB para 2016 é mais otimista que a última pesquisa Focus, divulgada pelo
Banco Central, que prevê uma retração de 1,43% da economia brasileira para o
próximo ano.
O
governo usou a taxa de câmbio de R$ 4 para 2015, 2016 e 2017 e a Selic (ao fim
de período) de 14,25% em 2015, 12,5% em 2016 e 11% em 2017. O IPCA, por sua
vez, usado foi de 9,53% em 2015, 5,94% em 2016 e 4,5% em 2017, chegando ao
centro da meta.
ESTADÃO
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