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Com
discurso eurocético e campanha dominada pelo tema imigração, Victor Orbán
lidera eleições legislativas e caminha para terceiro mandato consecutivo, em
vitória celebrada por populistas de direita em toda a Europa.
O partido do primeiro-ministro Viktor Orbán, de discurso
anti-imigração, nacionalista e de contestação a uma série de políticas da União
Europeia, conquistou neste domingo (08/04) uma ampla vitória eleitoral na
Hungria.
Os 49% dos votos dão ainda mais força à legenda de Orbán, que adotou
um discurso ainda mais conservador no último de seus três mandatos, e
consolidam o contrapeso nacionalista no Leste Europeu perante as maiores
economias da UE.
O primeiro-ministro, de 54 anos, líder húngaro mais longevo desde a
queda do comunismo, liderou uma campanha eleitoral que o posicionou como
defensor da cultura cristã húngara contra a imigração muçulmana. Seus elogios
foram, em grande parte, não para Alemanha e França, mas para Rússia e
Turquia.
Ao longo da campanha, Orbán insistiu nas políticas anti-imigração, com
o argumento de que a oposição coopera com a ONU, a UE e o filantropo George
Soros para transformar a Hungria num "país imigrante", ameaçando a
sua segurança e identidade cristã.
Se o resultado se mantiver, o partido Fidesz obterá até 133 assentos
dos 199 do Parlamento húngaro. Assim, Orbán, um político conservador,
nacionalista e eurocético, garantirá nova maioria absoluta para o seu quarto
mandato - o terceiro consecutivo.
Quatro anos atrás, o Fidesz obteve 133 assentos, com 43% dos votos, ou
maioria de dois terços, suficiente para alterações constitucionais. Orbán
celebrou a vitória num discurso aos partidários.
"Caros amigos, superamos uma grande batalha, nós conseguimos uma
vitória histórica – nós tivemos uma chance, criamos uma chance para protegermos
a Hungria", disse Orbán. Em seguida, encerrou o discurso liderando a
multidão com a música "Vida Longa à Liberdade Húngara", uma canção da
revolução de 1848 do país.
A influência do governo na comunicação social foi flagrante na
transmissão do canal de notícias M1 da televisão pública, no domingo, onde
matérias que salientam os efeitos negativos da imigração dominaram a
programação.
No Origo.hu, uma página na internet que era independente e agora é
propriedade de aliados do governo, foram publicadas reportagens para promover
Orbán, também centradas nos "efeitos nefastos" da imigração, com
manchetes como "Gangues de imigrantes lutam na
Inglaterra"; "Na Suécia, já não aguentam mais: estão fartos de
migrantes"; e "Imigrante de cuecas espanca aposentado alemão quase
até a morte"
O partido Jobbik, também nacionalista, ficou num distante segundo
lugar, com cerca de 20% dos votos, e o Partido Socialista recebeu somente 12%.
Outras duas legendas, a Coalizão Democrática, do ex-premiê húngaro Ferenc
Gyurcsány, e os verdes, com a nomenclatura Política pode ser Diferente
(LMP, na sigla em húngaro) devem ultrapassar a marca dos 5% de votos e fazer
parte do Legislativo.
A vitória de Orbán deve servir de incentivo para outros políticos
nacionalistas e populistas de direita em toda a Europa – que veem no premiê
húngaro uma inspiração. Em seu discurso, o próprio Orbán agradeceu a
Jaroslaw Kaczynksi, primeiro-ministro da Polônia e líder do partido Lei e
Justiça (PiS). Hungria e Polônia se veem como aliados-chave em suas batalhas
contra as instituições UE.
A líder da Frente Nacional da França, Marine Le Pen, parabenizou Orbán
por meio de uma mensagem em sua conta oficial no Twitter, na qual afirmou que a
"inversão de valores e imigração em massa promovida pela UE foi rejeitada
mais uma vez". O populista de direita holandês Geert
Wilders também saudou o "excelente resultado" na Hungria.
Aproximadamente oito milhões de húngaro estavam aptos a votar e
definir os 199 legisladores, com 106 eleitos diretamente de acordo com distritos
eleitorais e 93 eleitos a partir de listas partidárias de todo o país.
A participação dos eleitores foi alta, com quase 70% deles
comparecendo às urnas – 7 pontos a mais do que nas eleições de 2014. Os
locais de votação deveriam fechar às 19h, mas devido à elevada presença de
eleitores alguns tiveram o fechamento atrasado.
A votação deste domingo na Hungria foi monitorada de perto em toda a
Europa, pois Orbán tem uma relação conturbada com as instituições da UE
devido à sua rejeição ao sistema de redistribuição de refugiados no bloco
europeu e ao que muitos veem como ataques contra a sociedade civil, à mídia e
às instituições da Hungria.
Deutsche
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