Karin Jäger
Arquitetos europeus apostam na
versatilidade e resistência do material, projetando prédios de grande altura.
Vantagens do material vão desde isolamento acústico natural a proteção do
clima.
HoHo
Wien, em Viena, combinará apartamentos residenciais com escritórios, lojas e um
SPA
"O
edifício de madeira mais alto do mundo!", é a frase estampada num enorme
cartaz ao lado de um prédio em construção no município norueguês de Brummundal.
Não há andaimes: guindastes e um elevador externo são usados para transportar o
material de construção até onde ele é necessário. A madeira é proveniente de
florestas norueguesas.
Quando
terminar a construção, em março de 2019, o prédio de madeira terá 81 metros, 18
andares, 27 apartamentos, com áreas que vão de 67 a 149 metros quadrados, assim
como uma piscina, um hotel, escritórios e restaurantes.
Tendência internacional?
Mas,
apesar do que está escrito no poster, esse não será o maior prédio do mundo
feito de madeira. Viena está atualmente construindo um de 84 metros, com uma
escada de cimento. O edifício, chamado HoHo Wien, também combinará apartamentos
residenciais com escritórios, lojas e um spa.
Pergunte
aos austríacos, e eles lhe dirão que foram eles que criaram o conceito de usar
madeira como um produto industrial. A Áustria é o maior produtor mundial de
madeira laminada cruzada (CLT). E embora isso possa parecer não sustentável,
ela é produzida sob a regra número um da indústria madeireira da Áustria: nunca
cortar mais do que se pode replantar.
No bairro
parisiense de Terne, está sendo construído todo um complexo de edifícios com
CLT e vidro. Os terraços das estruturas de nove andares serão acessíveis ao
público, com o fim de encorajar os cidadãos a se dedicarem à jardinagem urbana.
Na
Alemanha foi construído um prédio de madeira de oito andares numa área que
pertencia ao Exército dos Estados Unidos, na cidade bávara de Bad Aibling. Ele
é atualmente um modelo para construções com eficiência energética.
Os
arquitetos berlinenses Kaden+Lager estão construindo o prédio mais alto do país
feito principalmente em madeira: o Skaio, em Heilbronn, terá dez andares e 34
metros de altura.
O
renomado arquiteto Tom Kaden revelou à revista alemã The House que
quer tornar os prédios de madeira acessíveis a todos. Por isso ele prefere usar
pregos de metal em vez de de madeira: a questão é aproveitar ao máximo cada
material.
Kaden é
professor de arquitetura e construção em madeira numa universidade austríaca.
Ele ressalta que o motivo por que ainda não existem mais prédios de madeira é
que cada arquiteto e cada carpinteiro tem que criar um novo modelos para cada
caso. "Isso não é eficiente”, lamenta.
"Hoje, temos várias maneiras
diferentes de construir edifícios de madeira, não é lucrativo."
Além
disso, o planejamento local e as leis de construção geralmente limitam a
construção com madeira. A Alemanha ainda não tem regulamentações nacionais, e
muitas vezes são necessárias autorizações individuais, que consomem tempo e são
caras. Não é de surpreender que até agora os projetos mais espetaculares de
prédios de madeira existam apenas no papel.
Alternativa
ecologicamente correta
Arquitetos
e pesquisadores da Universidade de Cambridge criaram um conceito para o
primeiro arranha-céu de madeira de Londres. A estrutura de madeira de 80
andares Oakwood Towers deverá ter 300 metros de altura. "Usar madeira como
material de construção pode mudar a forma como construímos nesta cidade",
antecipa o arquiteto Kevin Flanagan. "As casas de madeira têm o potencial
de criar uma experiência visualmente mais atraente, relaxante e criativa."
Cada vez
mais gente está se mudando para as cidades. Através do uso de madeira como
material de construção para prédios, a natureza pode retornar aos espaços
urbanos.
E a
madeira também pode ser uma opção ecologicamente correta: é um recurso renovável,
pois cresce novamente depois de ser derrubado. Plantar árvores remove dióxido
de carbono da atmosfera: enquanto um prédio de madeira estiver de pé, esse CO2
está impedido de contribuir para a mudança climática. A produção de materiais à
base de madeira também requer menos energia do que o aço ou cimento. E mesmo
paredes delgadas de madeira fornecem isolamento acústico.
O fato
de os edifícios de madeira estarem ficando cada vez altos e extensos se deve às
possibilidades inerentes ao material bruto. Compensados e LVL (laminated veneer
lumber) podem ser colados para formar várias camadas perpendiculares entre si.
A CLT é fácil de processar, muito estável em todas as dimensões e capaz de
transferir a própria carga tanto longitudinal como transversalmente.
Uso da
madeira na construção para prédios pode trazer a natureza de volta aos espaços
urbanos
Durabilidade e resistência ao fogo
Os
elementos de madeira podem ser usados na construção de casas isoladas e geminadas,
prédios de vários andares, escolas, edifícios comerciais, religiosos e
industriais, componentes de telhados, tetos e paredes.
Seções
inteiras podem ser pré-fabricadas e rapidamente montadas no local. Devido à
relativa força e leveza da madeira, ela também é adequada para fechar lacunas
ou para projetos de construção em edifícios existentes.
Resistência
a terremotos é outra vantagem. O arquiteto Kaden refuta as alegações de que
madeira possa ser perigosa: "Todo bombeiro bem treinado sabe hoje que uma
construção adequada e sólida de CLT resistirá ao fogo por tempo suficiente para
que se resgatem os moradores. E no fim de sua vida, uma casa de madeira ainda
será fácil de reciclar."
A cidade
de Frickingen, em Baden-Württemberg, no sul da Alemanha, vem construindo há 30
anos com os abetos-brancos das florestas locais, tornando-se líder nacional em
proteção climática.
No
início, porém, o arquiteto Manfred Fetscher teve que lutar por seus projetos.
"Nossos preços eram significativamente mais baixos do que os dos nossos
concorrentes que não constroem com madeira. Nós éramos obviamente baratos
demais, o que parecia suspeito para os clientes."
Hoje,
todos estão entusiasmados com os edifícios individuais, diz o prefeito de
Frickingen, Jürgen Stukle: "Eles têm charme, mesmo depois de 30 anos. E
até agora não tivemos quase nenhum custo com as reformas."
DW-Deutsche Welle
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