Miguel Nagib
Prezado
Militante Disfarçado de Professor:
2016
está chegando ao fim. Foi um ano de ouro para a militância em sala de aula, não
é mesmo? O ano do "gópi", do "Fora, Temer!", das
"ocupações" contra a PEC 241… Quanta politicagem! E a trabalheira
para "desconstruir a heteronormatividade dxs alunxs"? Mesmo sem dar
aulas e fazendo aquilo de que mais gosta, você deve estar exausto. Agora vêm as
férias, o descanso merecido antes de voltar ao front em 2017.
Pois é
de 2017 que eu gostaria de lhe falar. Tudo indica que não será um ano muito
tranquilo para politiqueiros como você. O problema é que, graças em parte ao
trabalho realizado pelo Escola sem Partido ‒ que você tanto odeia quanto teme ‒,
a doutrinação ideológica e a propaganda política e partidária em sala de aula
estão se tornando uma atividade de alto risco. A cada dia mais gente fica
sabendo quem você é e o que você faz no segredo das salas de aula. E o que é
pior: essas pessoas já entenderam que aquelas práticas, além de covardes e
antiéticas, são ilegais, o que significa que você pode acabar tomando um
processo nas costas caso venha a causar algum dano, material ou moral, a
qualquer dos seus alunos.
A
situação vai ficar ainda mais complicada para o seu lado quando sair pela
editora Record o livro que Rodrigo Constantino e eu estamos escrevendo, o que
deve acontecer logo no começo do ano. Mais e mais estudantes e pais saberão
como lidar com abusadores como você.
Três
anos é o prazo de prescrição das ações de reparação de danos, segundo o Código
Civil. É o tempo de que dispõem as suas vítimas para decidir se desejam
processá-lo. O interessante é que, nesse meio tempo, elas já não estarão sob o
seu poder, de modo que você não poderá persegui-las ou prejudicá-las. Você
provavelmente já terá esquecido o nome delas, mas elas se lembrarão
perfeitamente do seu.
Agora,
pense no número de estudantes e pais que podem se sentir lesados pelas suas
práticas abusivas ao longo desses três anos, e calcule o tamanho do risco a que
você está se expondo e expondo as escolas onde trabalha, que respondem
solidariamente pelos danos que você causar aos usuários dos serviços que elas
prestam. É por isso que professores com o seu perfil passarão a encontrar cada
vez mais dificuldade para arrumar emprego nas escolas particulares. Você pode
ser muito útil para os partidos e organizações a que serve, mas para as escolas
em que trabalha é sinônimo de encrenca.
Se você
soubesse como é fácil, no Brasil, processar outra pessoa, ficaria bastante
preocupado. Só para você ter uma ideia: nos juizados especiais, se o valor
da indenização pleiteada for igual ou inferior a 20 salários mínimos (R$
15.760,00), o autor da ação nem precisa gastar dinheiro com advogado: ele mesmo
pode assinar a petição, cujo modelo eu terei o prazer de disponibilizar.
É claro
que algumas dessas ações podem vir a ser julgadas improcedentes; mas até isso
acontecer, você já terá tido um bocado de aborrecimentos e despesas. O simples
fato de ser processado já é uma “condenação”.
Enfim,
tudo vai depender das suas vítimas. Se elas não se acovardarem ou se omitirem,
você vai receber tantas intimações que pode acabar ficando amigo do carteiro ou
do oficial de justiça.
De minha
parte, continuarei me esforçando para que molestadores empedernidos como você
sejam expelidos do sistema. Desejo-lhe, portanto, um 2017 cheio de denúncias e
processos. Que seus alunos não caiam na sua conversa, e os pais deles estejam
sempre de olho em você.
Estes
são os meus votos de Ano Novo para você e seus colegas de militância.
Sem o
menor respeito ou admiração.
Escola sem
Partido
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