quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Humilhação socialista

Editorial


Antonio Tajani, o novo presidente do Parlamento Europeu, é cumprimentado pelos membros do seu grupo.

A eleição como presidente do Parlamento Europeu do italiano Antonio Tajani é uma humilhação total aos socialistas europeus. Em primeiro lugar porque se, como dizem, havia um acordo com os populares para a continuidade dos socialistas na presidência durante os cinco anos da legislatura, eles não conseguiram fazê-lo valer. E se não havia tal pacto, como dizem os populares, mas apenas boas intenções sem formalizar, pior.

Mas ainda mais grave do que o fato de que essa derrota deixa as três principais instituições da UE (Comissão, Conselho e Parlamento) nas mãos de presidentes pertencentes ao Partido Popular Europeu é que os populares desprezaram de maneira tão evidente aqueles que desde as eleições europeias de 2014 foram os seus principais aliados no Parlamento Europeu e, mais importante ainda, apoiadores do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Nos últimos anos, os socialistas europeus quase não conseguiram direcionar a Comissão Europeia para a esquerda, especialmente nas questões relacionadas à estabilidade orçamentária, aos incentivos fiscais e à política social. E foram extremamente generosos com o presidente Juncker, que apoiaram politicamente apesar do seu medíocre desempenho em questões como o Plano Juncker de investimentos e os excessos fiscais das multinacionais (no qual o próprio Juncker, como vimos nos Luxleaks, estava envolvido pessoalmente quando foi primeiro-ministro do Luxemburgo). Que em troca de todos esses serviços os populares tenham se permitido o luxo de desprezar os socialistas e deixar que Tajani fosse eleito prometendo aos eurocépticos “menos Europa” confirma a humilhação sofrida pelos socialistas. Logicamente, estes devem considerar agora até que ponto e em troca de que vão continuar a dar seu apoio a parceiros populares tão aproveitadores e desleais.

El País

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