Bernardo
Mello Franco
(*)
Além de
revelar apelidos e valores repassados a políticos de vários partidos, a delação
de Cláudio Melo Filho tem uma função didática. O lobista explica, em detalhes, como se compra
uma lei ou medida provisória no Congresso.
A aula
de corrupção é um capítulo à parte no acordo do ex-diretor da Odebrecht com a
Lava Jato. Em 16 páginas, ele conta como a empreiteira subornou parlamentares
para aprovar projetos de seu interesse. O relato cita figurões como Renan
Calheiros, Romero Jucá, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira e Delcídio do Amaral.
O
lobista descreve o passo a passo das transações no balcão parlamentar. Em abril
de 2013, sua missão era aprovar uma medida provisória que alterava a cobrança
de impostos federais sobre a indústria química. O assunto foi negociado com o
atual líder do governo no Congresso.
"O
senador Romero Jucá, em reunião realizada no seu gabinete, solicitou-me apoio
financeiro atrelado à aprovação do texto que interessava à companhia",
conta o lobista.
Ele
identifica o ex-ministro como "centralizador" e "organizador dos
repasses" ao PMDB no Senado. "Jucá sempre deixou claro para mim que,
em momentos como o ocorrido aqui de solicitação de vantagem pecuniária, ele
também o fazia em nome de Renan Calheiros", afirma.
Nesta
terça (20), os repórteres Julio Wiziack e Camila Mattoso informaram que a
empreiteira ganhou ao menos R$ 8,4 bilhões com duas MPs citadas na delação. É
difícil imaginar um negócio mais lucrativo, considerando que o
"investimento" em propinas foi de R$ 16,9 milhões.
As
provas entregues à Procuradoria também mostram como Marcelo Odebrecht se
envolvia pessoalmente nas negociações. Num e-mail enviado em agosto de 2013,
ele demonstra impaciência ao saber que o senador Eunício estava atrasando a
tramitação de uma MP de seu interesse. "Que maluquice! O que ele ganha com
isto?", pergunta. "O de sempre", responde Melo Filho.
Folha de S. Paulo
(*)Comentário do editor do blog-MBF:
vejam como é fácil os corruptos tomarem conta de um país, pois basta comprar os
donos dos partidos políticos no Poder. Não mais que meia-dúzia de pessoas sendo
alvo de uma investida e o país fica à mercê da bandidagem, seja ela interna ou
externa.
A democracia para ser exercida não
necessita da participação de partidos políticos. Isto é um engodo.
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