Editorial
O
desastre fiscal legado ao País pela irresponsabilidade das políticas econômicas
da era lulopetista tornou inadiável o desmonte dos excessos de um aparelho
estatal pesado, ineficiente e, sobretudo, caro demais para a capacidade
financeira dos contribuintes. Além de terem gerado um brutal desequilíbrio nas
finanças públicas, cujo combate imporá grandes sacrifícios a todos, as práticas
petistas no poder resultaram na expansão de um Estado já inchado e na sua
utilização com objetivos político-eleitorais, o que corroeu sua capacidade de
iniciativa e ação. O resultado dessa aventura é a crise cujas dimensões mais
dramáticas estão no desemprego de mais de 12 milhões de pessoas, na perda de
renda das famílias e na recessão que não dá sinais de trégua.
Ao mesmo
tempo que precisa combater o imenso rombo nas contas públicas deixado pela
administração anterior, para isso impondo um teto para os gastos públicos e
adotando outras medidas de austeridade para conter o crescimento vertiginoso da
dívida pública, o governo de Michel Temer tem de reorganizar um aparelho
estatal cujo peso sobre o setor produtivo se tornou insustentável. A criação de
43 empresas estatais foi a contribuição dos governos Lula e Dilma para aumentar
o gigantismo do Estado, como mostrou reportagem publicada pelo Estado na série
A Reconstrução do Brasil.
Ao
fracasso do modelo estatista predominante na era lulopetista, o governo Temer
responde com um programa de concessões e privatizações que, isento dos
preconceitos ideológicos que marcaram as administrações do PT, procura reduzir
o aparelho do Estado, aumentar sua eficiência e abrir espaço para os
investimentos privados em áreas cruciais para o crescimento da economia. Não se
trata mais de um debate ideológico sobre o papel do Estado, mas de uma questão
real: a crise fiscal exige que o setor público seja reduzido e, com a
transferência de ativos para a iniciativa privada, obtenha recursos para
reduzir seu déficit.
O
governo Dilma chegou a elaborar programas de privatizações, concessões e
parcerias com o capital privado. Mas seus projetos nessa área eram enviesados
pelo preconceito antiprivatista do PT, caracterizado por exigências excessivas
que, por reduzirem e até colocarem em sério risco a lucratividade dos
investimentos, afugentavam o capital privado. Poucos empreendimentos nessa
área, por isso, saíram do papel na administração petista.
São
empreendimentos necessários para a expansão e a melhoria da infraestrutura ou
de serviços públicos, e que, quando efetivamente executados, contribuirão para
o aumento da eficiência da economia. No entanto, as balizas ideológicas que
marcaram os projetos do governo Dilma nessa área os retardaram, quando não os
inviabilizaram.
Há muito
o que fazer para eliminar os obstáculos criados pelo governo petista nos projetos
de privatização e concessão de serviços e, assim, iniciar um programa de
parceria com o capital privado para estimular os investimentos, melhorar a
infraestrutura e assegurar maior competitividade à economia brasileira. Estes
são os objetivos do Projeto Crescer, anunciado em setembro, por meio do qual o
governo Temer muda o modelo de concessões, fortalece a segurança jurídica e,
assim, dá mais garantias para os investidores, inclusive estrangeiros.
O
programa de concessões, privatizações e vendas de participação acionária que o
governo pretende executar até 2018 inclui aeroportos, portos, ferrovias,
rodovias, empresas de distribuição de energia e blocos de gás natural e
petróleo. Se tudo for executado de acordo com os planos, os investimentos alcançarão
R$ 67 bilhões, com forte impacto na geração de empregos e no crescimento da
economia.
Já as
empresas estatais fartamente utilizadas pelo governo petista para acomodar
apaniguados, financiar partidos e enriquecer políticos e funcionários estão
sendo submetidas a rigoroso programa de ajuste financeiro que inclui, além de
corte de investimentos, a venda de ativos. Também o ajuste dessas empresas
contribui para a redução da presença do Estado na economia.
O Estado de S. Paulo
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