Renato Pires
da Silva Filho
(Comentário
sobre o vídeo postado em VESPEIRO: “Sobre a roubalheira legalizada”)
Todos conhecem o camaleão, aquele
bicho que se disfarça com perfeição no meio ambiente, a ponto de ficar
invisível tanto aos seus predadores quanto às suas presas.
Pois
bem, o secular sistema brasileiro de dominação política e econômica é o supremo
camaleão, que vem atravessando décadas, séculos, sem ser notado nem molestado,
enquanto sacrifica em série os “bodes expiatórios” da vez no altar da opinião
pública e do eleitorado distraído.
Compõe
esse sistema nefasto todos aqueles grupos sociais, minoritários porém política
e economicamente dominantes no País, que vivem direta ou indiretamente às
custas do estado, ou seja da população que gera riqueza, utilizando-o como uma
máquina infernal e implacável de sugar as energias do povo brasileiro que
trabalha e produz , sem nada lhes devolver em troca, senão angústias e
injustiças permanentes.
É um
sistema perverso de dissipação da riqueza social gerada pelo trabalho das
pessoas, entravando e encruando o desenvolvimento do País, um elefante morto
pesando nas costas do trabalhador brasileiro.
Formam
esse sistema maligno, longevo e até aqui indestrutível:
– grandes empresários rurais, antigamente conhecidos como latifundiários, que sustentam na base da força política a sua rede de exploração dos recursos e do trabalho humano em larga escala;
– funcionalismo público privilegiado, com estabilidade de emprego e salários superiores aos de mercado, imune à noção e prática da produtividade e de resultados;
– aposentados privilegiados do setor público, que ganham proventos bem acima dos pobres filiados ao INSS;
– políticos de todos os matizes, que vivem de sugar o Tesouro de múltiplas formas;
– uma máquina judiciária cujo custo, exorbitante, supera largamente os benefícios produzidos para a sociedade;
– profissionais liberais que orbitam o setor público, criando mil artifícios para sugar a Viúva;
– empresas ineficientes, tecnologicamente defasadas, oligopolistas, cronycapitalistas, que montam, entre si e com os políticos, conluios para “proteger” e fechar o mercado (evitando assim a mortal concorrência), praticam preços absurdamente altos quando comparados com os padrões internacionais, acionando a política para defender com unhas e dentes seus interesses corporativos de manutenção eterna do status quo, e que vivem de “incentivos fiscais”, outra forma absurda de predar o estado, e da aplicação estéril de seus lucros na dívida pública, através do cartório bancário;
– ONGs que sugam a Viúva alegando defender o interesse público, quando na verdade defendem os interesses particulares que estão por detrás delas;
– Sindicatos com mentalidade corporativa da idade da pedra, com renda garantida pelo imposto sindical, arrancado dos pobres que dizem representar, e que vivem para cuidar de si próprios e dos interesses de seus controladores, em detrimento do real interesse dos verdadeiros trabalhadores;
– corporações de todos os tipos;
-alunos ricos, filhos da burguesia patrimonialista brasileira, que ocupam as universidades públicas gratuitas (ou seja sustentadas pelos contribuintes), onde reproduzem o sistema predador disfarçado de “socialismo “;
– por último, mas não menos importante, o cartório bancário nacional, que lhes lava e multiplica as rendas predadas para preservar e expandir seus interesses às custas do suor do contribuinte, ironicamente emprestando ao próprio estado, através da hoje astronômica dívida pública!
– grandes empresários rurais, antigamente conhecidos como latifundiários, que sustentam na base da força política a sua rede de exploração dos recursos e do trabalho humano em larga escala;
– funcionalismo público privilegiado, com estabilidade de emprego e salários superiores aos de mercado, imune à noção e prática da produtividade e de resultados;
– aposentados privilegiados do setor público, que ganham proventos bem acima dos pobres filiados ao INSS;
– políticos de todos os matizes, que vivem de sugar o Tesouro de múltiplas formas;
– uma máquina judiciária cujo custo, exorbitante, supera largamente os benefícios produzidos para a sociedade;
– profissionais liberais que orbitam o setor público, criando mil artifícios para sugar a Viúva;
– empresas ineficientes, tecnologicamente defasadas, oligopolistas, cronycapitalistas, que montam, entre si e com os políticos, conluios para “proteger” e fechar o mercado (evitando assim a mortal concorrência), praticam preços absurdamente altos quando comparados com os padrões internacionais, acionando a política para defender com unhas e dentes seus interesses corporativos de manutenção eterna do status quo, e que vivem de “incentivos fiscais”, outra forma absurda de predar o estado, e da aplicação estéril de seus lucros na dívida pública, através do cartório bancário;
– ONGs que sugam a Viúva alegando defender o interesse público, quando na verdade defendem os interesses particulares que estão por detrás delas;
– Sindicatos com mentalidade corporativa da idade da pedra, com renda garantida pelo imposto sindical, arrancado dos pobres que dizem representar, e que vivem para cuidar de si próprios e dos interesses de seus controladores, em detrimento do real interesse dos verdadeiros trabalhadores;
– corporações de todos os tipos;
-alunos ricos, filhos da burguesia patrimonialista brasileira, que ocupam as universidades públicas gratuitas (ou seja sustentadas pelos contribuintes), onde reproduzem o sistema predador disfarçado de “socialismo “;
– por último, mas não menos importante, o cartório bancário nacional, que lhes lava e multiplica as rendas predadas para preservar e expandir seus interesses às custas do suor do contribuinte, ironicamente emprestando ao próprio estado, através da hoje astronômica dívida pública!
Como
funciona essa trama secular? O acesso privilegiado à máquina pública é a chave
para desvendar o enigma do funcionamento ininterrupto desse sistema que exaure
as riquezas nacionais em proveito próprio.
Todos os grupos que compõe o sistema de alguma forma retiram suas altas rendas do estado (ou seja da população que trabalha e gera riqueza), de forma legalizada porém ilegítima, altamente predatória, e que diretamente ou indiretamente preservam e multiplicam essa renda emprestando e reemprestando ao estado através do cartório bancário.
Todos os grupos que compõe o sistema de alguma forma retiram suas altas rendas do estado (ou seja da população que trabalha e gera riqueza), de forma legalizada porém ilegítima, altamente predatória, e que diretamente ou indiretamente preservam e multiplicam essa renda emprestando e reemprestando ao estado através do cartório bancário.
Assim, o
sistema exaure permanente e pesadamente os recursos públicos, seja consumindo
as receitas através de sua contraprestação improdutiva, seja através da dívida
pública, desenhada e gerida de forma a garantir a preservação e multiplicação
dessas rendas predadas, sem risco e com juros escorchantes, deixando à mingua o
estado, incapaz de suprir minimamente as necessidades de saúde, educação e
demais serviços públicos ao pobre povão brasileiro, que é na verdade quem paga
duplamente essa conta monstruosa.
Na
verdade, nós ainda somos uma sociedade de cunho escravocrata, em que os
escravos, os cidadãos comuns geradores da riqueza social, são teoricamente
“livres”, mas vivem como servos obedientes desse maligno sistema predador.
A
predação sistemática do Estado é a fonte e a causa do atraso econômico e da
irremovível e vergonhosa desigualdade social num país com tanto potencial como
o Brasil.
A pesada
herança patrimonialista portuguesa persiste entranhada em nossa cultura social,
com as “excelências” predadoras do estado julgando-se com direitos divinamente
adquiridos, eternos e inatacáveis, ainda que socialmente perversos.
E como é
que o sistema camaleônico se disfarça perante a opinião pública e o eleitorado?
Escondendo-se sempre atrás do “bode expiatório” da vez, ou seja, escudando-se
naquele grupo alçado ao poder para promover “mudanças políticas” cosméticas,
irreais, marqueteiras, porém necessárias para que tudo fique lampeduzamente
como está, em termos de poder real e efetivo.
Na
realidade, de crise em crise política, quase nada muda substancialmente quanto
ao secular e perverso sistema de predação do erário.
Tomemos
o caso do “bode expiatório” da vez, Lula, Dilma e seu PT. Eleitos sob a
promessa de promoverem a “justiça social”, resgatando o povo de seu sofrimento
histórico, tal qual um Don Quixote maluco atacaram o moinho errado, culpando
pelos referidos males sociais um “capitalismo” distante e indefinido, como se
no Brasil tal coisa houvesse.
Na
prática, como os “bodes” anteriores, aderiram pesadamente ao sistema
camaleônico e predador, não só fazendo o seu jogo mas dele participando e
usufruindo também, e ainda alegando estarem a serviço das classes sociais menos
favorecidas, justamente as que pagam o pedaço maior dessa conta maligna.
Sendo o
“bode” da vez, cumpriram sua missão de preservar oculto o camaleônico sistema
predador, para o que foram regiamente “recompensados” em termos pessoais, mas
queimando-se politicamente, como previsto no roteiro político perverso que
infelicita este País há muito tempo, sem qualquer mudança real.
E que
venha agora o próximo “bode”, Michel Temer. Egresso do sistema político
predador, e portanto impedido, sem condições de mexer no queijo da predação,
pois para defender o “status quo” perverso temos as invasões e as
“manifestações da rua”, outro disfarce sempre conveniente para as manipulações
do sistema predador.
Se Temer
ou qualquer outro Don Quixote tentar realmente qualquer reforma que ameace de
fato os interesses do sistema, será convenientemente expelido, como foi Dilma
Rousseff. O papel real dos “bodes expiatórios” políticos é enrolar a opinião
pública com “mudanças” e reformas inócuas, para que tudo permaneça como sempre
no reino da predação do estado.
Pois
quando se protesta contra a corrupção, ninguém se dá conta de que o pior tipo
de corrupção, seguramente o que mais destrói riqueza e penaliza o País, é a
corrupção implícita, institucionalizada nas múltiplas formas legalizadas de
predação do estado.
São
bilhões e bilhões de reais consumidos todo ano para sustentar a máquina
predadora. Esta é a real origem do déficit público e da astronômica e impagável
dívida pública.
Fica a
questão: como desarmar e acabar efetivamente com esse longevo e corrupto
sistema camaleônico predador, que está desde há muito arruinando as esperanças
e a vida do povo brasileiro, dissipando a riqueza social?
Em primeiro
lugar, limitando severamente o acesso às rendas propiciadas aos predadores pelo
estado, seja na predação direta das receitas públicas, seja através da predação
indireta representada pela dívida pública.
Em
segundo lugar, mas ao mesmo tempo, reformulando totalmente seu agente de
predação, o “mosquito da dengue” que infesta o erário, o cartório bancário, que
vive do conforto da dívida pública, usufruindo de altos rendimentos sem o menor
risco, e assim remunerando a si e aos grupos predadores que lhes confiam as
rendas predadas.
Para
alcançar esses objetivos, aparentemente simples, mas dificílimos de atingir na
prática, urge reformular totalmente o desenho e o funcionamento do aparelho
estatal, o que implicará em reduzir seu tamanho, aumentar sua eficiência, e
mais do que isso, em separar completamente o interesse público dos interesses
privados, removendo os predadores que atuam no interior do estado em completa
sintonia com os predadores externos, sugando assim as energias da Nação.
O
problema é que esses predadores controlam também o sistema político, em tese o
encarregado de promover essas substanciais e inadiáveis mudanças.
Previsivelmente,
trabalharão para eleger outros “bodes expiatórios”, que prolongarão a sobrevida
do sistema maligno, até um ponto em que o povo brasileiro não aguente mais e
faça justiça com suas próprias mãos. Esse é o risco que corremos.
Haveria,
porém, uma estratégia eficaz, consistente e automática de fazer essas reformas
necessárias no aparelho estatal, sem que seja necessário mexer e agitar muito o
caldeirão político.
Essa
fórmula consistiria em promover, através de projeto de lei de iniciativa
popular, uma reforma “tecnica”, em movimentos de base jurídica, provocando
rombos estratégicos no casco do Titanic predador, que acabarão por levá -lo a
pique:
–
Alterar qualitativamente a Lei de Responsabilidade Fiscal, não para reforçar os
limites quantitativos da gastança, nem para congelar despesas, como a recente
PEC do Teto propõe fazer, aliás como se faz cosmeticamente de tempos em tempos,
só para criar novos parâmetros da violação, mas para forçar o setor público, em
seus três níveis de governo (união, estados e municípios) a poupar
obrigatoriamente uma parte de suas receitas, poupança essa que iria para um
fundo federativo de poupança e investimento (tipo FUNDEB), podendo os recursos
serem resgatados pelos governantes tão somente para financiamento de projetos
de investimento, devidamente avaliados e aprovados pelo agente gestor do fundo
(que poderia por exemplo ser o BNDES). Essa pequena mas profundamente
impactante alteração qualitativa na LRF produziria consequências tremendamente
positivas para sanear o setor público, pois além de aumentar drasticamente o
nível de poupança e investimento do País, tradicionalmente muito baixos,
forçaria a um redesenho automático do sistema de gestão pública;
–
Alterar e alongar significativamente o perfil da dívida pública, eliminando
completamente os títulos pós-fixados, baseados na taxa SELIC, e somente
operando com títulos pré-fixados, remunerados pelo desconto no valor de face,
como nos títulos americanos.
–
Limitar severamente, por lei o montante de títulos da dívida pública que cada
membro do cartório bancário nacional possa carregar dentre seus ativos. Isto
terá um tremendo impacto no cartório bancário, contribuindo para reformulá-lo e
torna-lo um sistema mais competitivo, menos cartorial, e mais aberto a
financiar as atividades produtivas no País, ou seja, mais propenso a correr
riscos e a se fortalecer pelos ganhos maiores advindos do financiamento ao
setor privado.
Estamos
convictos de que essas alterações jurídicas, técnicas, provocarão com o passar
do tempo, de forma automática, severos danos ao secular e maligno sistema de
dominação política e econômica, desintegrando-o paulatinamente, até a sua total
e final substituição por um sistema realmente democrático, que sirva de fato
aos interesses do povo brasileiro.
VESPEIRO
(*) Comentário do editor deste
blog-MBF:
Perfeita análise das conseqüências
do sistema que nos desgoverna.
1.Lei de Responsabilidade Fiscal:
que se diminua dos atuais 50% para gasto em folhas de pagamento, para, digamos,
uns 30%. Que seja um corte de 5% a.a.. Em 4 anos se alcança o novo objetivo. Esta
é a causa primeira da crise.
2.FUNDEP: deixar a poupança na mão
dos políticos é entregar a chave do galinheiro nas mãos das raposas. Não sobrarão
nem as penas. Proponho o FIPS.
Mas a chave para mudar o sistema
está no processo político. Enquanto forem os donos dos partidos a indicarem e
imporem os candidatos, NADA mudará, nem que a vaca tussa. Eles não respeitam
projeto de Lei de iniciativa popular.
Eleitores que sabem ler e escrever é
que devem conceder mandatos, via eleições, dentre os candidatos aprovados numa
Prova de Qualificação, levada à efeito pela Justiça Eleitoral. Depois, ainda
nos munirmos com o “recall” dos eleitos.
É por aí que tem que começar o que
chamo de um novo Contrato Social.
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