Rosane Merat
Isaac
Newton foi, sem dúvida, um dos maiores expoentes do mundo científico: grande
matemático, exímio físico e destacado astrônomo, revolucionou sua época com
inúmeras descobertas. Em uma delas, denominada a terceira lei de Newton, diz o
seguinte: a toda ação corresponde uma reação, de igual intensidade e de sentido
contrário.
No campo
físico, podemos comprová-la inúmeras vezes. Só para exemplificar, vejamos:
O empuxo
fornecido pelos motores a jato, nada mais é do que a reação dos gases que são
expelidos em alta velocidade (ação). Observemos nesse exemplo os sentidos das
duas forças, ação e reação, sempre contrárias.
Quando o
esportista praticante do “tiro ao alvo” experimenta o “coice” ao dar um tiro,
aí identificamos igualmente a lei de ação e reação.
No campo
espiritual, essa lei determina o equilíbrio de toda a criação.
Deus é
amor, não existe nada fora de Deus, portanto deduzimos que não existe nada fora
do amor. O que é contrário à lei de Deus, na realidade não existe de forma
absoluta; podemos afirmar que o seu existir tem caráter simplesmente
transitório.
Ao
atuarmos de acordo com a lei do Criador, entramos em Seu campo vibratório, e
passamos a desfrutar da nossa herança, que é a vida em toda sua plenitude. Eu
vim para que tenham vida… nos disse Jesus, e complementa: …e a tenham com
abundância. (João, 10: 10)
Quando
com nossas ações contrariamos a lei, na realidade não desequilibramos nada a
não ser nós mesmos. Vejamos que as criaturas vivem em desequilíbrio, mas apesar
de tudo, o mesmo não acontece com a Criação, que é sempre equilibrada. Isto é
devido à atuação da lei de causa e efeito, que age na intimidade da criatura.
Ao
escolher, o homem, fazendo uso de seu livre-arbítrio, o caminho do erro,
determina em si uma ação de igual intensidade e em direção contrária, que anula
no mesmo instante o desequilíbrio no geral, ficando somente a anomalia em sua
própria intimidade, até que pela lei do retorno volte ele ao equilíbrio
refazendo o caminho percorrido em sentido contrário, e entrando novamente no
campo de ação determinado pelo Amor.
Esse
voltar à lei, pode ser mais ou menos rápido, de acordo com a conscientização da
criatura, e a sua vontade de corrigir o erro. Assim temos Espíritos que se
arrependem rapidamente, e consertam o passo; outros insistem na rebeldia, e vão
gerando erros em cima de erros, demorando séculos e mais séculos no resgate dos
mesmos.
Segundo
André Luiz, o centro coronário, atuando como um diretor em relação aos outros,
é o órgão responsável pela implementação desta lei no Espírito:
(…) Dele
parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos
espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve,
transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos
sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros,
interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais
implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os
efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.
A mente
elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que
a circundam, e o centro coronário incumbe-se automaticamente de fixar a
natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as
conseqüências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no campo do
destino.
Como se
vê, o homem só é verdadeiramente livre antes de pensar ou de agir, porque a
partir do instante em que já emitiu uma ação em determinada direção, fica
condicionado a um retorno, que mais cedo ou mais tarde se manifestará.
A lei de
causa e efeito tem por objetivo o bem da criatura. Ela não tem, como muitos
pensam, um caráter punitivo, mas sim uma ação educadora, no sentido de fazer o
ser reconhecer o seu erro, e indicar-lhe o caminho mais curto do acerto. Quando
o apóstolo Pedro, diz em sua epístola: O amor cobre a multidão de pecados (I
Pedro, 4:8), quer nos ensinar que não é preciso sofrer para resgatarmos uma
“dívida”, mas através da vivenciação do amor, podemos atingir o mesmo alvo de uma
forma mais ampla e sem dor. Isto porque, como já dissemos, o objetivo da lei de
causa e efeito, não é punir. Se pela vivenciação dos ensinamentos cristãos, o
ser se redime, então não é preciso sofrer.
Vimos
então que a ação da lei, do ponto de vista espiritual, não tem uma forma
absoluta de se manifestar. Pode o homem pelo seu livre-arbítrio acrescentar
novas forças no sentido de abrandá-la ou de agravá-la.
Para
melhor entendimento do assunto, sugerimos a análise de dois casos em que esta
lei atua.
- O
primeiro fala sobre a possibilidade de abrandamento da lei, quando o elemento
“amor” atua.
Saturnino
Pereira sofre um acidente na fábrica onde trabalha, vindo a perder o polegar
direito. Seus colegas e amigos comentam a injustiça da ocorrência, dada a
grande dedicação de Saturnino ao bem de todos. Comparecendo à reunião mediúnica
em que colabora regularmente, um benfeitor espiritual espontaneamente lhe
esclarece que, em existência anterior, foi poderoso sitiante que, num momento
de crueldade, puniu barbaramente um pobre escravo, moendo-lhe o braço direito
no engenho. Com o despertar de sua consciência, atrozes remorsos torturam-no no
além túmulo. Deliberou então impor-se rigoroso aprendizado, programando um
acidente para futura encarnação, na qual perderia o braço. No entanto, sua
renovação para o bem, testemunhada por suas ações, possibilitou que o acidente
apenas lhe ocasionasse a perda de um dedo.
- No
segundo, vemos a lei atuando de maneira mais rigorosa: André Luiz estudava,
junto de amigos no plano espiritual, o caso de Laudemira, uma irmã que padecia
muitas dificuldades no instante de dar à luz um filho muito importante para o
seu processo evolutivo.
Envolta
que estava por fluidos anestesiantes que lhe eram desfechados por perseguidores
do plano invisível, durante o sono, tinha a vida uterina prejudicada por
extrema apatia. Como conseqüência, talvez fosse necessária a intervenção
cirúrgica. Mas a cesariana neste caso não seria aconselhável, porque a
prejudicaria no sentido de outras gravidezes que se faziam necessárias.
Imbuídos
que estavam de estudar os mecanismos da lei de causa e efeito, foi permitido a
eles informação sobre o passado de nossa irmã, conforme veremos a seguir:
(…) As
penas de Laudemira, na atualidade, resultam de pesados débitos por ela
contraídos, há pouco mais de cinco séculos. Dama de elevada situação
hierárquica na corte de Joana II, Rainha de Nápoles, de 1414 a 1435, possuía
dois irmãos que lhe apoiavam todos os planos loucos de vaidade e domínio.
Casou-se, mas sentindo na presença do marido um entrave ao desdobramento das
leviandades que lhe marcavam o caráter, acabou constrangendo-o a enfrentar o
punhal dos favoritos, arrastando-o para a morte. Viúva e dona de bens
consideráveis, cresceu em prestígio, por haver favorecido o casamento da
rainha, então viúva de Guilherme, Duque da Áustria, com Jaime de Bourbon, Conde
de la Marche. Desde aí, mais intimamente associada às aventuras de sua
soberana, confiou-se a prazeres e dissipações, nos quais perturbou a conduta de
muitos homens de bem, e arruinou as construções domésticas, elevadas e dignas,
de várias mulheres do seu tempo. Menosprezou sagradas oportunidades de educação
e beneficência que lhe foram concedidas pela Bondade Celeste, aproveitando-se
da nobreza precária para desvairar-se na irreflexão e no crime. Foi assim que
ao desencarnar, no fastígio da opulência material nos meados do século XV,
desceu a medonhas profundezas infernais, onde padeceu o assédio de ferozes
inimigos que não lhe perdoaram os delitos e deserções. Sofreu por mais de cem
anos consecutivos nas trevas densas, conservando a mente parada nas ilusões que
lhe eram próprias, voltando à carne por quatro vezes sucessivas, por
intercessão de amigos do Plano Superior, em cruciantes problemas expiatórios,
no decurso dos quais, na condição de mulher, embora abraçando novos
compromissos, experimentou pavorosos vexames e humilhações da parte dos homens
sem escrúpulos que lhe asfixiavam todos os sonhos (…).
Hilário,
amigo de André nesses estudos, perguntou ao instrutor, se de cada vez que se
retirava da carne, nessas quatro existências, Laudemira continuava ligada às
sombras. Ele responde que sim:
“Ela
naturalmente entrava pela porta do túmulo e saía pela porta do berço,
transportando consigo desajustes interiores que não podia sanar de momento para
outro.”
E
continua:
“… Nossa
irmã, com o amparo de abnegados companheiros, voltou ao pagamento parcelado das
suas dívidas…”.
Silas, o
instrutor de nossos amigos na espiritualidade, informa ainda que estava
previsto para ela receber nesta encarnação outros filhos:
“… Deve
agora receber cinco de seus antigos cúmplices na queda moral, para reergue-lhes
os sentimentos, na direção da luz, em abençoado e longo sacerdócio materno.” E
complementa “Do seu êxito no presente, dependerão as facilidades que espera
recolher do futuro, para a liberação definitiva das sombras que ainda ofuscam o
Espírito, pois, se conseguir formar cinco almas na escola do bem, terá
conquistado enorme prêmio, diante da Lei amorosa e justa.”
Concluindo
então, temos que a lei de causa e efeito é um artifício da Misericórdia Divina
para nos fazer retornar às origens, ou seja, ao Amor.
Rosane Merat
Idealizadora
e responsável técnica pelos Artigos Espíritas
Nenhum comentário:
Postar um comentário