quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Social-Capitalismo

Sérgio Alves de Oliveira

A exemplo de todos os modelos políticos, sociais e econômicos  já concebidos no mundo através dos séculos, e aplicados no Brasil, também o SOCIALISMO iniciou e prossegue  a sua marcha  na direção  do fracasso e do agravamento da  desgraça do povo, caso ultimado nos limites das propostas  em curso, ditadas a partir do Foro San Pablo.

Os precedentes de modelos que não deram certo no Brasil são inúmeros. Dentre os principais, podemos citar o próprio CAPITALISMO, que falhou porque com ele o Brasil nunca conseguiu atingir um nível de desenvolvimento razoável que atendesse as necessidades básicas da população. E apesar das enormes potencialidades humanas e naturais disponíveis, o resultado que obtiveram foi uma das pirâmides sociais mais injustas do mundo, com diferenças da remuneração entre o capital e o trabalho, e internamente dentro do próprio trabalho, indo a extremos inimagináveis.

Esse disparate aconteceu tanto na comparação dos ganhos entre os patrões e os seus empregados, como entre os próprios trabalhadores. No Serviço Público, de modo especial, as distorções remuneratórias entre os trabalhadores se agravam sobejamente. Existe uma “elite” muito bem remunerada, concorrendo com uma multidão cujos salários  nem mesmo atendem  as necessidades primárias da vida.

O problema não está restrito às relações entre o CAPITAL e o TRABALHO, como alguns imaginam e dizem. Está também dentro da própria força do trabalho. São poucos ganhando muito, e muitos ganhando pouco. Mas nunca ouvi no discurso das “esquerdas” que andam por aí qualquer combate a essa anomalia social. Até “suspeito” que a causa desse silêncio esteja no fato de que seriam justamente “eles”, os esquerdistas, que estariam ocupando os cargos melhor remunerados no Serviço Público, por livre nomeação dos seus “padrinhos” políticos.

O grande problema, no discurso desses farsantes, continuaria residindo exclusivamente no  conflito de interesses entre o capital e o trabalho. Todavia esse discurso passou a ser falso. Na área pública o problema aumenta bastante em relação à iniciativa privada.

Por seu turno a DEMOCRACIA “tupiniquim”, a exemplo do CAPITALISMO, igualmente nunca funcionou como deveria. O Brasil pratica uma democracia meramente formal, só porque ela está escrita nas leis que regem o país. Na prática, no funcionamento, nos costumes, na dinâmica, o que temos não é a democracia, porém a sua contrária, a OCLOCRACIA, que se resume numa  pretensa democracia, porém deturpada, corrompida, praticada pela maioria do povo ignorante, ingênuo, ou que se vende por um mísero prato de comida, quase sempre em benefício de políticos inescrupulosos, exploradores do povo, que fazem  da atividade pública uma profissão e um balcão para seus negócios, muitos dos quais ilícitos.

Isso que impropriamente chamam de “democracia”, onde se escolhe os dirigentes do país, não passa de uma rotina legal, escrita pelos que têm interessa nela, onde as pessoas são obrigadas a votar, mas não têm nenhum direito de participar da escolha dos candidatos, privilégio restrito a pequenos grupos que se apropriam dos partidos políticos. Esse direito/obrigação de votar, poderia ser equiparado ao “direito” de escolher a forma preferida para morrer, numa hipotética condenação e execução criminal: se enforcado, eletrocutado ou decapitado na guilhotina! Aí está a principal explicação para o “lixo” que sai das urnas para comandar o país.

Essas distorções na política tiveram força para fazer com que o país andasse mais para trás do que para a frente, aos  “trancos e barrancos”, desde a sua independência, e já antes, como Colônia de Portugal, passando pelos períodos da Monarquia e da República, até hoje, num processo crescente de decadência, principalmente de ordem moral, que chegou a níveis insuportáveis.

Pode-se até afirmar, sem medo de erro, que as atividades onde o Poder Público mais investiu de bom tempo para cá foram  nos sistemas ELEITORAL e  TRIBUTÁRIO, únicas atividades  que têm boa organização formal - apesar de desprovidas de grandes méritos de conteúdo - dignas de Primeiro Mundo. Toda a estrutura governamental e recursos públicos ilimitados são canalizados para essas áreas, que na verdade são as únicas que interessam à podridão política e administrativa reinante.

Ora, é compreensível que o Sistema Eleitoral tenha que funcionar bem para dar a falsa impressão de legitimidade aos vencedores apontados pelas urnas, com todas as pompas e solenidades da Justiça Eleitoral, ao passo que a arrecadação exorbitante de impostos e outros tributos tem só a função de encher os cofres públicos para que nunca falte dinheiro para ser roubado. Se a EDUCAÇÃO e a SAÚDE recebessem metade do que é gasto para aparelhar o “terrorismo tributário” e as eleições (algumas até fraudulentas), certamente essas importantes atividades não estariam no caos em que sempre viveram.

Não bastasse o fracasso do Brasil, em toda a sua história, na contramão das enormes potencialidades que o país têm, para alavancar o seu desenvolvimento, devido, principalmente, à má gestão da coisa pública, a partir de 2003, com o início dos Governos do PT, foi reativada  a proposta para implantação do SOCIALISMO - cuja trajetória havia sido interrompida antes, com a Contrarrevolução de 64 - a partir das diretrizes do Foro de São Paulo, fundado por Fidel Castro e Lula da Silva. 

Aí está o nascedouro de mais um grande problema que o Brasil eventualmente terá que enfrentar. A exemplo do que já aconteceu antes, com os fracassos da DEMOCRACIA e do CAPITALISMO, também esse anunciado “SOCIALISMO”, se adotado, tende a ser uma catástrofe de consequências imprevisíveis, não fosse por outras razões, até pela baixa envergadura moral das suas lideranças implantadoras.

Contudo há, sem dúvida, um certo exagero nas “condenações” precipitadas que são feitas ao socialismo, como regime político socioeconômico, que não pode ser confundido com a sua versão degenerada brasileira, ante a perspectiva de sua implantação por aqui. O socialismo também têm alguns aspectos positivos, desde a sua origem, no Iluminismo do Século XVlll, passando por Karl Marx, no Século XIX, e depois com vários seguidores da doutrina comunista que contribuíram com algumas adaptações.

Mas o “ódio” irracional recíproco que os defensores do socialismo e do capitalismo trocam entre si não permite que um e outro enxergue na doutrina “concorrente” qualquer mérito. Essa postura não é verdadeira e nada inteligente. Ambos os modelos tem méritos e deméritos. Mas chegará o dia em que as inteligências abandonarão as suas “raivas” recíprocas cultivadas durante dois séculos, e desses dois modelos poderá surgir um terceiro, talvez até fruto da combinação do socialismo e do capitalismo. Seria o SOCIAL-CAPITALISMO?

Sérgio Alves de Oliveira 
Sociólogo e Advogado.

continuará amanhã em: A mais-valia-corrupta do PT


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