Fernão Lara Mesquita
“Contribuição do setor público” onde
nenhum emprego ou aumento de salário se perdeu ou recuou nos últimos 515 anos e
hoje nos custa 40% do PIB ou R$ 2.500.000.000.000,00 (dois trilhões e
quinhentos bilhões de reais): R$ 10,5 bi em aumentos de quadros e salários “previstos
mas adiados”; a promessa – “agora sim!” – de cumprir as leis que
nenhuma polícia impõe sobre tetos de salários e gastos com mordomias
indecentes; talvez um troco com o “remanejamento” do nada para coisa
nenhuma dos funcionários hoje parasitando a dezena mais inútil daqueles mistos
de ministérios e postos de tocaia do dinheiro público com que compra-se a “governabilidade”
que não há, se e quando forem mesmo extintos.
Corte
mesmo, nenhum.
“Esforço adicional” exigido do
contribuinte “para compensar a redução da arrecadação” resultante do
estágio terminal a que a carga de impostos anterior o levou: mais R$ 32 bi em
impostos novos da espécie mais tóxica que há; outros R$ 13 bi com reversão de
isenções concedidas para dar sobrevida a setores moribundos da economia; 30%
daquilo que você construiu ao longo da vida e for obrigado a vender para pagar
essa conta; outros R$ 10 bi, ditos “gastos públicos” mas tomados à cova com
palmos medida que cabe ao povo no trilionário latifúndio do orçamento federal
na forma de gastos com casas populares, saude pública e financiamento agrícola.
Cada
tostão desse “esforço adicional” seria pago com empregos e salários
cessantes e tragédias familiares crescentes pelo “Brasil real”
afora para que o “Brasil oficial” não tenha de
deslocar-se um milímetro da sua zona de conforto.
Ok. Mas, posta de lado a indecência
da proposta, esse sacrifício todo resolveria alguma coisa?
Como o que nos jogou no buraco foram
o caos institucional e os impostos necrosantes que nos custam o crescimento
explosivo dos privilégios dos parasitas do estado, não é aumentando a carga de
casuísmos e impostos necrosantes que vamos sair dele. Ao contrário; isto vai
acabar de nos matar.
O país inteiro está careca de saber
disso mas como, para além da força do hábito de pensar pelo avesso aprendido
nas escolas e na mídia, já não há brasileiro que não tenha um privilegiozinho
para chamar de seu ou um pai, um filho ou um parente próximo vivendo do estado
para pressioná-lo nesse sentido, sua língua continua travada.
Chegou a hora de destravá-la para
gritar as verdades que já são tão evidentes que têm feito tremer até a mão do
carrasco.
Acabou! Não dá mais! O Brasil
ultrapassou por longe a capacidade máxima da sociedade de sustentar o estado.
As forças produtivas estão em desagregação e não existe alternativa senão
voltar atrás todo o caminho percorrido no escurinho da falsificação sistemática
de dados e o muito mais, em matéria de aliviamento de pesos, que a
permeabilidade da globalização tornou imprescindível à sobrevivência de toda e
qualquer economia nacional.
É fazer ou morrer!
Não há “despesas incomprimíveis”,
o que há são privilégios medievais sustentados por normas medievais impostas
pelos próprios privilegiados, que cairão por terra assim que decidirmos que têm
de cair.
Isso
e só isso pode mudar as expectativas.
É mentira que, como
no passado, roubando-nos a todos “por baixo”, pela desvalorização da moeda, o governo acabará
por conseguir uma saída pelas exportações. China, Europa, Colômbia, México e
tantos outros dos que concorrem conosco por um lugar ao sol da globalização
também desvalorizaram suas moedas mas não aumentaram seus impostos que já eram muito
mais baixos que os nossos. E eles têm a tecnologia, as estradas e ferrovias, os
portos e aeroportos que nós trocamos por mais ministérios, mais “ajutórios” a
marajás do Judiciário e do Legislativo, mais “cargos
comissionados”, mais “bolsas” de
comprar eleições e outras “despesas
incomprimíveis” dessas
mesmas qualidade, justiça e importância estratégica, além de viverem a anos luz
de distância de qualquer coisa que se pareça ao hospício burocrático em que
estão condenados a operar o produtor, o contribuinte e o exportador
brasileiros. Isso para não falar no completo desarmamento jurídico a que foi
reduzido o empregador deste país, hoje inerme diante do assalto sistemático da “justiça trabalhista”
que Getúlio Vargas criou para corromper a sociedade brasileira desde o chão.
É mentira que
qualquer coisa de essencial ou mesmo de importante se vá perder se fizermos a
coisa certa. Não é vinculação de gastos a porcentagens do PIB nem aumentos
automáticos de salários e aposentadorias sem contribuição que resolvem
problemas como o da qualidade da saúde, da educação e do serviço público em
geral; é “meritocracia”, aquilo que é impossível instituir mantida a estabilidade
no emprego pervertida que há hoje não para proteger mas para lesar o interesse
público, a começar pelo do funcionário que trabalha. Na verdade, nada começa a
ser consertado neste país antes que seja corrigida essa perversão que está na
raiz de toda a corrupção que nos devora e quebrada a cadeia do empreguismo, da
impunidade e da cumplicidade com o crime que hoje é o eixo em torno do qual
tudo gira no “serviço público” brasileiro.
Não é com os 60 milhões de pagamentos
mensais feitos de mão em mão pelo governo que se vai mitigar a miséria e
resgatar a dívida moral da nação. Ao contrário, manter 120 milhões ou metade da
população brasileira, contado apenas um dependente por “recebimento”,
sob aquilo que José Dirceu definiu textualmente como “suborno
eleitoral” para Hélio Bicudo, o fundador do PT que protocolou na
Justiça um processo de impeachment contra Dilma Rousseff, vai mas é
destruir para sempre essa esperança.
Chegou a hora da verdade. Muito além
do limite, é daqui que, ou o Brasil salta de volta para a democracia onde a lei
é uma e vale para todos, ou mergulha de vez no ralo argentino.
VESPEIRO
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