quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Equívocos irresponsáveis de uma seita em extinção

Arthur Jorge Costa Pinto

A “confissão” pública da presidente Dilma admitindo o desequilíbrio econômico foi de um cinismo estarrecedor, mais uma das fortes características da seita petista, mirando-se em uma das inúmeras “virtudes” do seu criador e mentor político. Enfim, observamos uma mudança radical no seu discurso, uma vez que ela tirou o sapato alto e concordou que errou, por demorar a entender que uma grave crise estava instalada na economia brasileira, passando a aceitar nosso atual cenário.

Entretanto, resta-nos uma dúvida íntima quando refletimos sobre o objetivo de alcançar o que ela insinuou, já que sentimos que fomos amplamente traídos. Na sua fala, transpareceu o seu sentimento superficial e a versão dos fatos, tendo em vista o macro contexto econômico e político, foi completamente desvirtuada. O nível de confiabilidade do desgoverno de Dilma em relação à simpatia dos brasileiros extinguiu-se, em função do perigoso marketing político adotado em sua última campanha, que conseguiu encobrir estrategicamente indiscutíveis verdades, configurando assim, o autêntico estelionato eleitoral.

Até então, a maior parte da nossa monumental crise tem sido de origem doméstica, pois ainda estamos sofrendo poucas influências externas. Sabemos que os países emergentes apresentam-se em um patamar superior ao Brasil, crescendo muito mais, com inflação controlada e inferior a nossa. Na verdade, nosso país afoga-se no poço escavado pela criminosa seita petista.

Infelizmente, a equipe econômica foi totalmente conivente com esse desgoverno por não ter sido proativa no enfrentamento da realidade. Vale ressaltar que os analistas econômicos foram incansáveis nos alertas sistemáticos, utilizando todos os canais competentes.

Além da economia, outro grande desaforo no pronunciamento da presidente foi a questão política, ligada à ingovernável corrupção endêmica que nos reprime. Demonstrou estar perplexa com o envolvimento de diversos membros da seita petista com o “petrolão”. Inspirou-se em seu predecessor, imitando-o - quando explodiu o mensalão, declarou ter sido “traído”, sem ter nunca, até hoje, apontado para nós, este seu enigmático traidor oculto. Ela aparentava estar espantada, dizendo não saber de nada e que nunca poderia imaginar um procedimento dessa envergadura. Um péssimo exemplo, uma grave ofensa aos brasileiros. Pergunta-se: Por onde ela andou durante estes últimos treze anos de desgovernos da seita petista?

Para desfazer tal impressão é necessário muito trabalho, competência exemplar, seriedade ilimitada, apoiados numa criatividade excessiva dos seus marqueteiros. Restaurar a credibilidade de uma sociedade trapaceada é condição fundamental e talvez ainda não seja o suficiente para a retomada do crescimento econômico, o que, eventualmente, poderá até minimizar as delinquências praticadas.

Começa que a crise jamais teve seu início em agosto do ano passado, como ela afirmou.  Após dois anos do seu primeiro desgoverno, a inflação, em 2012, deu um salto para 5,8%, aproximando-se do centro da meta prevista; o PIB (Produto Interno Bruto) apresentava um crescimento de 1,8% ao ano, porém os investimentos começavam a desabar. O inconsequente desempenho das contas públicas em 2014 aconteceu durante todo o exercício e não ao final, como ela declarou.

O déficit primário apresentado foi de 0,63% do PIB, não obstante os excessos das maquiagens contábeis, das famigeradas pedaladas e dos esqueletos fiscais. A balança comercial em 2012 apresentou um superávit de US$ 19,4 bilhões e em 2013 começou a decair, fechando ainda superavitária em US$ 2,3 bilhões; no ano passado, teve seu pior resultado desde 1998 - um déficit de US$ 3,9 bilhões.

Atravessamos uma situação periclitante: em 2013, o déficit nominal do País foi de 3%, contra 6,2% ao final de 2014 e projeções para dezembro de 2015 indicam que deveremos atingir um déficit em torno de 7%. A relação da dívida bruta que foi de 53,3% em 2014 deverá ultrapassar com folga os 60% no decorrer deste ano, já que, até o momento, contabilizamos 58,9%, um acréscimo após dois anos de aproximadamente 10% do PIB.

A denominada “Nova Matriz Macroeconômica”, fundamentada em políticas contracíclicas, foi um verdadeiro fracasso e, diga-se de passagem, não começou após o último pleito de 2014; sem dúvida, há três anos, foi apoiada em um diagnóstico capcioso. Acreditava-se que bastava inflar artificialmente a demanda para que a oferta viesse no olfato, como formigas famintas na direção do açucareiro. Essa utopia, na verdade, é como um sonho, que acaba quando despertamos no dia seguinte para a nossa realidade.

A indústria há mais de dez anos vem declinando, sendo que não foram poucos os recados insistentes enviados pela mídia econômica, não só local, como internacional, através dos principais veículos de comunicação. Delfim Netto, um dos prediletos consultores informais da presidente, afastou-se dela, pois sentiu que foram inúteis as suas recomendações. Sempre que possível, alardeava em suas entrevistas que o País poderia enfrentar uma “tempestade perfeita” e é justamente nela que já estamos embarcados para uma travessia com um horizonte de nuvens ameaçadoras.

A crise mundial, para ela, era a culpada de tudo. No período entre 2011 e 2014, o PIB mundial cresceu em torno 3,6% anuais, marginalmente superiores aos 3,5% ao ano registrados nos quatro anos anteriores a seu primeiro mandato.

No seu primeiro desgoverno, a economista Dilma assumiu compromissos com metas abstratas relacionadas ao desempenho econômico. A todos que se manifestavam dizendo que a economia despencava para o fundo do poço e que era vital “apertar os cintos”, abraçando políticas de austeridade, ela imediatamente censurava, dizendo ser uma iniciativa desnecessária.  Aprenda, presidente, enquanto é tempo - crise econômica se combate também com “economia”.

Hoje, ela até que admite que seja indispensável realizar as propaladas reformas. Anda ultimamente esquecida do plebiscito a fim de determinar as bases para uma consistente reforma política. Por acaso, vem admitindo a urgência em salvar as finanças da Previdência Social – quanto mais tarde, pior para nós.

São quase treze anos de desgoverno da seita petista, que sempre se recusou terminantemente a assumir o inevitável, argumentando que tudo isso é apenas mais um pensamento retrógado dos economistas neoliberais.

A estúpida estrutura administrativa do nosso desgoverno está pesando demais nos bolsos dos contribuintes. A supressão se faz necessária nos indecentes trinta e nove ministérios, enquanto que os cortes de quadros de funcionários sempre foram recusados por ela com ásperas palavras, ao dizer que não era necessário e que não fazia grande diferença.

Em novembro, logo após as eleições, ela disse outra “lorota” interessante ao ser questionada sobre os rumores de que enxugaria o segundo escalão. Insistiu que a medida não geraria “economia real” para o governo. Ao voltar atrás, Dilma deixou duas hipóteses em aberto. Ou mentiu antes, ao dizer que não precisava cortar ministérios, ou mente agora, ao agir contra suas convicções. Em qualquer dos casos, a lorota terá vencido.

Além do mais, existem os cargos em comissão - são milhares deles e nem todos estão ocupados. Devemos estar atentos para este especial aspecto, pois ela poderá estar exclusivamente cortando apenas os “fantasmas” inexistentes que amedrontam o seu trágico desgoverno.

Foi extremamente difícil para Dilma admitir a imprescindível redução de pessoal, a qual deveria ser o grande prenúncio de uma robusta reforma administrativa, para que em 2018 não deixe uma “herança maldita” para seu sucessor. Porém, continuamos a correr um iminente risco - da navalhada não ser tão profunda como precisa ser, sendo ela, contudo, obrigatória nesta turbulência fiscal que atravessamos.

O saldo negativo primário do Orçamento de 2016 entregue ao Congresso é de cerca de R$ 30,5 bilhões (diferença entre expectativa de arrecadação e de gastos) e poderá chegar a R$ 60 bilhões ou mais, trazendo um acréscimo de R$ 104,8 bilhões nas despesas. Ainda prevê um crescimento econômico de 0,2% (as projeções do mercado mostram o índice negativo em 0,5%) no próximo exercício, com prenúncio de inflação de 5,4% e o salário mínimo de R$ 865,50. Desesperada, a presidente anda pesquisando as alternativas mais cômodas para tapar o rombo das contas públicas, em vez de efetuar extensos cortes no orçamento.

A CPMF, pelo visto, teve que ser esquecida momentaneamente, em função da reação contrária do mercado financeiro e do Congresso. Temos um desgoverno devastado por uma crise que ele mesmo criou e cultivou, procurando artifícios para elevar ainda mais a escorchante carga tributária (acima de 36% do PIB), que os brasileiros já espoliados pagam para realizar o superávit em benefício do realismo fiscal. Se a Nação quiser crescer e gerar condições de desenvolvimento, tem que reduzir a carga tributária e não aumentá-la. Quem produz no Brasil não aguenta mais pagar tributos.

O ministro Joaquim Levy (Fazenda), que divergia frontalmente da apresentação de um Orçamento com déficit, mais uma vez, foi fragorosamente derrotado no debate interno do governo. Há pouco mais de um mês, ele havia sido vencido na discussão sobre a meta fiscal, que foi reduzida contra sua vontade. Estamos a um passo para que as agências de risco rebaixem novamente a avaliação da economia brasileira e retirem o chamado “grau de investimento” — uma espécie de carimbo de bom pagador.

Dilma deveria ter um gesto de humildade plena e pedir desculpas de modo formal a todos os brasileiros. Os erros fazem parte da vida de qualquer ser humano. Quem não erra? Acolher os desacertos demonstrando um sentimento genuíno do arrependimento é uma nobre virtude. Mas continuar insistindo, neste caso, não seria ignorância; é uma canalhice do pior tipo, é uma safadeza situacionista, é uma cilada e uma trapaça sem limites, particularidades desses falsos líderes que conduzem a seita petista.

Albert Einstein foi perfeito, ao universalizar a imensidão incalculável da estupidez humana – “Somente duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. E não estou seguro quanto à primeira”.


Arthur Jorge Costa Pinto
Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade de Salvador)

Alerta Total – www.alertatotal.net



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