Fernando Nakagawa
e Fabrício de Castro
Ilan Goldfajn se recusou a falar
sobre uma eventual permanência no comando da instituição, como já sinalizado
pelo candidato Jair Bolsonaro, do PSL
BRASÍLIA
- O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendeu nesta quinta-feira,
27, que "nada mudou" na política cambial do adotada pela instituição
para o País. Durante entrevista coletiva para apresentar o Relatório Trimestral
de Inflação (RTI), e em um momento em que a cotação do dólar à vista frente o
real operava abaixo de R$ 4, Ilan disse que a instituição continua focada
"em permitir que o câmbio exerça seu papel". "Continuamos
monitorando o mercado, o excesso de volatilidade, as dinâmicas perversas. Tudo
isso continua igual", disse. "É importante enfatizar isso",
completou.
Durante
a entrevista, o presidente do BC também foi questionado sobre os riscos da alta
no câmbio para a inflação e se seria possível atribuir pesos distintos à
preocupação citada do Comitê de Política Monetária (Copom) com o impacto da
normalização monetária internacional sobre emergentes e, também, o eventual
risco relacionado à agenda de reformas no Brasil.
"Acho
que há tanto as questões externas quanto as internas sobre as reformas e os
ajustes. Todas essas questões são levantadas ao mesmo tempo. Aqui, falamos da
combinação das duas (questões)", disse. "Não temos nenhum peso maior
ou menor para as questões e as duas acabam impactando, não ao mesmo tempo, mas
ao longo do tempo", explicou.
Futuro incerto
O
presidente do BC não comentou nem se comprometeu sobre seu futuro à frente da
instituição em meio à corrida presidencial.
"Vocês
que têm me acompanhado aqui sabem que, em geral, a minha posição tem sido
neutra em questões políticas", disse Ilan, ao ser questionado sobre a
sinalização da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) de que o candidato gostaria de
mantê-lo no cargo em um eventual governo do deputado.
Durante
a entrevista, o tema foi levantado por vários repórteres e Ilan repetiu que não
se posicionaria sobre o tema.
"Meu
papel é não entrar nessas provocações (dos jornalistas). Isso não ajuda. O
Brasil precisa de atores neutros, instituições que vão fazer o que tem de ser
feito independente do que há pela frente e de sermos apartidários", disse.
Ao ser
questionado se eventual posicionamento neste momento não poderia reduzir as
incertezas, o presidente do BC respondeu que "obviamente gostaria de
oferecer o máximo de tranquilidade para todo mundo". Essa tranquilidade,
porém, não será dada com uma resposta sobre seu futuro na instituição,
explicou.
Ilan
defendeu que ele pode contribuir com a tranquilidade "fazendo o que a
gente está fazendo agora (no BC): sendo neutro e apartidário é a melhor
forma".
"Tenho
justificado (a posição) pela natureza do nosso trabalho. O BC é uma instituição
apartidária, estável, que quer ser neutra, uma instituição para o Brasil",
argumentou.
"Isso
não me permite entrar nessas considerações em questões de campanha. Vou
continuar na mesma linha de não comentar questões relacionadas a
política", reforçou.
Estadão
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