Stephen Kanitz
Nunca tivemos um Presidente da República realmente
preparado para o cargo.
Faz parte da nossa cultura que qualquer
um pode administrar uma quitanda, uma pequena e média empresa, uma estatal, um
banco, um país.
Incrível!
Quatro
Presidentes dos Estados Unidos não somente trabalharam no setor privado, mas
foram Analistas de Crédito, sabiam avaliar e acompanhar projetos, avaliar
risco, fluxo de caixa.
Outros
quatro presidentes americanos eram bem próximos da Harvard Business School,
Eisenhower contratou seu Dean, quase todos contrataram seus professores, desde
1912.
Qual a função de um Presidente? O
que diz a nossa Constituição?
Art. 84.
Compete privativamente ao Presidente da República:
I –
nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II –
exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior daadministração federal;
V –
vetar projetos de lei;
VI –
dispor, sobre:
a)
organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
Resumindo:
1.
Escolher os Ministros
2. Administrá-los
3. Não extinguir órgãos públicos e Ministérios.
2. Administrá-los
3. Não extinguir órgãos públicos e Ministérios.
Vejam
que propor leis, fazer reformas legislativas, prometer benesses populistas não
fazem parte de suas atribuições.
Percebam
que a rigor o Presidente do Brasil não tem tanto poder assim para um regime
Presidencialista.
A própria escolha de Ministros é
problemática.
Fernando
Henrique Cardoso recusava dar o Ministério do Planejamento para seu amigo José
Serra, porque “aí quem mandaria seria o Serra e não eu”.
Por mais
que ninguém goste do Serra, ele foi o único que se preparou mentalmente por 30
anos para ser Ministro da Fazenda ou Ministro do Planejamento.
Fernando
Henrique Cardoso fez pior, escalou o Serra para ser Ministro da Saúde, cargo
para o qual ele jamais se preparou.
Por isso
temos Presidentes fracos e administrativamente inseguros e por isso tendem a
concentrar o poder.
Se
colocarem pessoas muito competentes, acham que perderiam poder.
Como de
fato ocorreu no Regime Militar.
Quem
mandava na época era Delfim Netto e seus Delfim Boys, que fizeram gato e sapato
do Brasil.
Dizer
que houve uma Ditadura Militar é não perceber quem realmente mandou por boa
parte do tempo.
Delfim
era um socialista fabiano enrustido, e seus Delfim Boys eram “yes men” que o
obedeciam cegamente.
Delfim
foi denominado Czar da Economia, e até hoje não desfizemos os
absurdos de sua gestão.
Uma das
lições da era Delfim foi nunca mais ter um Ministro da Fazenda forte, e sim um
Ministro fraco que obedeça.
João
Goulart, um dos Presidentes mais inseguros e vacilantes que o Brasil já teve,
trocou de Ministro da Fazenda 12 vezes em menos de 24 meses, deixando nossa
economia em frangalhos.
A
verdadeira razão de sua deposição, como no caso da Dilma.
Presidentes
que nada entendem de Administração acabam centralizando porque não sabem
delegar e o que delegar.
Não
sabem criar metas de desempenho, não sabem avaliar resultados e não sabem criar
indicadores de revisão de estratégia.
A única
forma de se sentirem seguros são via reuniões diárias com todo o Ministério,
que ocupa tempo e nada contribui, a não ser para o ego do Presidente.
blog do kanitz
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