Percival Puggina
Durante quase 30 anos, período em que algumas emissoras de rádio e TV mantiveram, aqui em Porto Alegre, programas de debates do tipo dois para lá, dois para cá, me contrapus incontáveis vezes com entusiasmados defensores dos regimes cubano e, mais recentemente, venezuelano.
A cada
degrau descido por esses países na escada da perdição, era inevitável subir os
morros onde se situam as emissoras para participar de rodadas de debate com o
singelo encargo de afirmar o óbvio ante o contorcionismo retórico posto em
prática por antagonistas cujo único intuito era o de dissimular o que todos
viam. Cuba, diziam, era a coisa mais parecida com o paraíso terrestre, sob um
regime que encarnava a beleza dos versos de José Martí tanto quanto o
“socialismo bolivariano” evocava o eminente papel histórico de Simón Bolívar.
Aí já
começavam a incongruência e a mistificação. Nenhum dos dois – Martí e Bolívar –
se respeitados fossem, se consultados pudessem ser, aceitaria qualquer
associação com os tiranos que se apossaram de suas imagens.
Ambos
eram libertadores e não aprisionadores de seus povos. Ambos lutaram contra o
inimigo estrangeiro e não contra seus próprios conterrâneos. Mas tudo servia e
serve para quem assume a fraudulenta tarefa de vender submissão como sendo autonomia,
miséria como sendo abundância, perda de direitos como liberdade, atraso como
progresso.
Aconteça
o que acontecer por lá jamais se ouvirá dos incongruentes qualquer palavra que
não seja de justificação e exaltação. Os argumentos são comuns aos dois regimes.
Contra os fatos, a versão; contra a história, a narrativa; e, sobre tudo, a
culpa dos Estados Unidos. Nessa fraudulenta perspectiva, qualquer país do mundo
que mantenha relações comerciais e diplomáticas amistosas com os Estados Unidos
empobrecerá por causa dessas relações e qualquer país sobre o qual pesem
embargos comerciais norte-americanos, será pobre por causa disso. Apanha pelo
sim e apanha pelo não. A coerência que se dane. A história, porém, ensina a
quem a estuda: no comunismo, quando o capitalismo joga a toalha, a vida vira
uma droga (para usar termo brando).
Se
alguém tinha dúvida sobre o tipo de estrago que o chavismo, o socialismo, o
bolivarianismo, o comunismo, o castrismo - o que seja, dessa gororoba
ideológica - podem fazer num país, creio que a vida dos venezuelanos, sua
acelerada degradação social, política e econômica, ajudam a dissipar.
A
tirania, agora, proíbe a oposição de participar da eleição presidencial
venezuelana. Ausentes os partidos oposicionistas, as chances de uma vitória do
governo são, digamos, bem razoáveis. Mas até para isso há fã clube no Brasil. E
querendo voltar ao poder.
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