Pedro Venceslau,
Gilberto Amendola e Valmar Hupsel Filho
(*)
Partidos subscrevem documento que
defende presidente venezuelano em meio à escalada da violência nas ruas e da
pressão sobre o Legislativo no país vizinho
Os três
principais partidos de esquerda do Brasil – PT, PC do B e PDT – intensificaram
o discurso em defesa do regime chavista de Nicolás Maduro na Venezuela no
momento que o país vizinho vive uma escalada de violência política que já
deixou mais de cem mortos desde abril, segundo o Ministério Público local.
Nesta
quarta-feira, 19, o PT e o PC do B subscreveram em Manágua, capital de
Nicarágua, a resolução final do 23.º Encontro do Foro de São Paulo, organização
que reúne diversos partidos de esquerda da América Latina e do Caribe.
O texto
defende a elaboração de uma nova Constituição que amplia os poderes de Maduro,
exalta o “triunfo das forças revolucionárias na Venezuela” e diz que a
“revolução bolivariana é alvo de ataque do imperialismo e de seus lacaios”.
Presente
ao encontro, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), fez um discurso
no qual afirmou que o partido manifesta “apoio e solidariedade” ao governo do
Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), seus aliados e ao presidente
Nicolás Maduro “frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da
Venezuela”.
Os
representantes brasileiros no Foro não fizeram menção ao ataque ao parlamento
neste mês promovido por militantes chavistas ou às denúncias de violência por
parte do aparato militar oficial do Estado.
O
acirramento da violência tem como marco o mês de abril, com a morte de dois
estudantes. No dia 6, Jairo Ortiz, de 19 anos, levou um tiro no tórax durante
um protesto. Dias depois, Daniel Queliz, 20 anos, foi morto com um tiro no
pescoço. Para a oposição, Maduro quer mudar a Constituição para ampliar seus
poderes.
“Nosso
apoio ao Maduro é total. O Foro foi bem unificado em relação à Venezuela. Não
houve omissão, porque a virulência da oposição está grande e conta com muito
apoio externo”, afirmou Ana Prestes, da Fundação Maurício Grabois e uma das
representantes do PC do B. Procurada, Gleisi Hoffmann não quis se manifestar.
O
deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que integra a direção nacional do partido,
disse que a legenda “não corrobora com ações de violência estatal”.
Em
Manágua, representantes do PT e do PC do B também condenaram o ataque feito por
oposicionistas à Corte Suprema venezuelana. O PDT não enviou representantes ao
evento, mas alinhou o discurso. “Nós apoiamos a autonomia do povo venezuelano
de decidir seu destino. Condenamos atos de violência, mas pontuamos que, no
caso da violência, ela vem dos dois lados”, disse Carlos Lupi, presidente
nacional do PDT.
O evento
na Nicarágua, que homenageou o líder cubano Fidel Castro, produziu uma
resolução de rechaço ao que foi chamado de “golpe de Estado” no Brasil e de
apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Reduzido.
Oficialmente, o Foro de São Paulo tem sete partidos brasileiros inscritos: PT,
PDT, PC do B, PCB, PPL, PSB e PPS. A maioria deles, porém, deixou de enviar
representantes ao evento nos últimos anos. “Hoje apenas alguns membros antigos
do diretório do PSB defendem o Foro. O regime de Maduro é uma loucura. A
Constituinte que ele convocou é uma tentativa de Estado totalitário”, afirmou o
deputado Julio Delgado (PSB-MG).
O
secretário-geral do PCB, Edmilson Costa, disse que o partido tem críticas ao
Foro, mas apoia “incondicionalmente o governo bolivarianista de Maduro”. O
deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que o partido nunca participou do
encontro, mas preferiu não opinar sobre o regime de Maduro.
O
ex-ministro Roberto Freire, presidente do PPS, disse que estava no início do
Foro de São Paulo, mas se afastou. “Era uma reunião na qual existiam partidos
que tinham uma visão democrática bem acentuada, tal como nós. Imaginava-se que
aquilo iria ser uma organização pluralista. No momento em que passou a ser um
instrumento de concepções antidemocráticas e totalitárias que resultaram nessa
ditadura venezuelana, o partido se afastou.”
O Foro
foi fundado em 1990 por Lula e Fidel. O objetivo inicial era debater a nova
conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim. A primeira edição ocorreu
na cidade de São Paulo, daí o nome dado ao encontro. Desde então, ocorre a cada
um ou dois anos.
‘Plataforma’. Para
o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Oliver
Stunkel, o Foro de São Paulo teve maior importância no primeiro mandato de
Lula, a partir da atuação do então assessor especial para assuntos
internacionais, Marco Aurélio Garcia. “Era uma plataforma importante para
auxiliar os presidentes no momento em que a esquerda crescia na America
Latina”, disse Stunkel.
Essa
importância, segundo o professor, já não é a mesma porque os representantes dos
países no Foro não têm mais ligação direta com os presidentes da República. No
início do governo Lula, lembrou, as esquerdas viviam um período de ascensão no
continente. A influência do Foro era sentida nas negociações do Mercosul e até
nas decisões econômicas do Brics (grupo de países emergentes).
Além do
próprio Lula, o período teve governantes como Hugo Chávez (Venezuela), Evo
Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Cristina Kirchner (Argentina),
Fernando Lugo (Paraguai) e Manuel Zelaya (Honduras).
O Estado de São Paulo
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: este seria nosso futuro se a
esquerdalha*
conseguisse se impor no Brasil. Eles tentam, desde Leonel Brizola e seus grupos
dos 11.
Nos últimos 14 anos, só não
conseguiram porque “rei Luiz 51” não é nem contra nem a favor do socialismo,
muito antes pelo contrário: sua ideologia são os aplausos e o dim dim, “que aliás,
de acordo com seus inúmeros chicaneiros, nem dele é”.
*Esquerdalha: esquerda burra,
hipócrita e canalha.
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