Gilberto Pimentel
“Uma utopia realizável é algo que
sabemos ser possível fazer, sonhamos que se concretize, temos os meios, mas nos
falta força de vontade suficiente para levá-la avante”.
Será que
há como relacionar o pensamento acima com o lixo político que utiliza o
Congresso Nacional como local de homizio? Não é indiscutível o desejo
generalizado da nossa gente de varrê-los de lá e da vida pública? E não seria
essa uma utopia realizável? Não está faltando força de vontade?
Pois
bem, caso não ocorra uma reviravolta no cenário político, chegaremos às
eleições gerais de 2018, diante de um quadro que coloca nosso País no mesmo
nível de uma republiqueta qualquer, ratificando a falácia contida nos discursos
que pretendem nos apresentar como vivenciando uma democracia plena, sólida,
consolidada e outras adjetivações que de forma alguma correspondem à realidade.
Não pode ser chamado de democrata, nem justo, um país que se permite ser
dominado por políticos desonestos e criminosos.
São
muitas, muitas mesmo, as raposas velhas que pretendem a reeleição em 2018. Em
todos os níveis de exercício do poder, incluído o de primeiro mandatário.
Acusados da prática dos mais graves crimes, lá estarão investigados,
denunciados e condenados em primeira instância. Todos em busca, hoje e
sobretudo, de garantir o esconderijo e a odiosa imunidade que o Congresso lhes
oferece. Discute-se, até mesmo, a possibilidade de condenados em segunda
instância permanecerem aptos a disputar a presidência da República.
Tudo
isso na vigência de um sistema eleitoral que se mostrou fraudulento, como vimos
com riqueza de detalhes, ao vivo e em cores, no recente julgamento da chapa
vencedora das eleições presidenciais de 2014. Milhões de eleitores, dentre os
menos informados, tiveram seus votos de alguma forma comprados, e uns outros
tantos, poderosos empresários, financiaram a compra desses votos em troca de
favores criminosos dos políticos que bancaram. Por isso o Brasil quebrou.
A
recondução desses homens à direção do País, o número é inacreditável, nesse
momento de absoluta gravidade, seria um risco incomensurável para as pretensões
futuras da Nação. Alguém duvida disso? E ainda assim, permaneceremos inertes?
Amarrados a regras equivocadas que de forma alguma atendem aos interesses da
sociedade?
Afirmam,
repetidamente, que até o trânsito em julgado existe a presunção da inocência.
Não lhes parece que há uma inversão aqui? E os direitos de todos? E se eles não
são inocentes? Continuamos pagando todos nós? Não lhes parece que a segurança
da sociedade deveria estar em primeiríssimo lugar? Por que arriscar reelegê-los
diante de tantas e tão claras evidências da prática de crimes? Por que
privilegiar seus possíveis direitos em detrimento dos nossos, povo em geral?
Se a
Justiça não tem condições de se manifestar em tempo, o esperado seria que esses
suspeitos, todos, fossem por ela considerados impedidos de concorrer à
reeleição. Que concorram na próxima, se inocentes forem. Até porque, política
não é profissão. O político é alguém que se propõe a servir, embora na prática
tudo esteja distorcido. Não se trata aqui de impedir alguém de exercer sua
atividade como muitos querem fazer crer. Eles têm suas próprias profissões. Que
voltem a elas. O político não pode prescindir de honestidade, de honra. Nesse
momento excepcional, não reagir a isso seria agir como uma manada mansa rumo ao
matadouro.
Só para
Ilustrar esse meu raciocínio “utópico” acrescento que nas Forças Armadas,
quando um militar responde a um processo por suspeita da prática de um delito,
leve que seja, ele passa à condição de “subjudice”, deixando de gozar certos
direitos como promoção, comando, etc. até que seja dado o veredito final. Se
inocente, será ressarcido dos prejuízos no que for possível. A segurança e os
interesses da instituição, como se vê, são prioritários. Por que então, com
muito mais razão, não pode ser assim em relação ao Brasil, ainda mais diante da
situação excepcional que vivemos?
Obs: Não
creia, amigo, que se trate de simples ingenuidade a presente reflexão,
simplesmente é o correto, ao menos num País que pretenda ser justo e
democrático. O restante é alinhar-se ao lixo político que predomina.
Gilberto Rodrigues
Pimentel
General
de Divisão, Presidente do
Clube Militar.
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