XAVIER FONTDEGLÒRIA
Em comemoração aos 64 anos do fim da
Guerra da Coreia, ministro elevou tom contra adversários
A Coreia do Norte ameaçou
nesta quarta-feira lançar um ataque nuclear preventivo contra os Estados Unidos
no caso de Washington decidir optar pela via militar para acabar com o programa
de armamento nuclear do país asiático.Trata-se da enésima advertência do
regime de Kin Jong-un contra o que considera “constantes agressões e atos de
guerra”. A última foi os comentários do diretor da CIA,
Mike Pompeu, sobre a possibilidade de tirar do poder o ditador como via para
solucionar o problema norte-coreano e desnuclearizar a península.
“Se
nossos inimigos interpretam mal nossa situação estratégica e insistem que suas
opções passam por realizar um ataque preventivo nuclear contra nós, lançaremos
um ataque nuclear preventivo no coração da América como um implacável castigo e
sem advertências”, afirmou o ministro da Defesa norte-coreano, Park Yong-sik.
Suas declarações, divulgadas pela agência estatal KCNA, se inserem nos atos de
comemoração do 64º aniversário do fim da Guerra da Coreia, um conflito que
terminou com um armistício que nunca desembocou em um Tratado de Paz.
A
efeméride é celebrada nesta quinta-feira, feriado na Coreia do Norte para
festejar o que chamam de “o Dia da Vitória”. Os observadores acreditam que o
regime poderia efetuar nesse dia um novo teste de mísseis balísticos, dada sua
predisposição de levá-los a cabo em datas especiais, seja para o calendário
norte-coreano ou de outros países. O último de seus ensaios foi em 4 de julho,
quando a naçãodisparou
pela primeira vez e com sucesso um foguete de alcance intercontinental. Kim
Jong-un disse depois que o míssil era “um presente aos bastardos dos Estados
Unidos” por seu Dia da Independência.
Não
é a primeira vez que a Coreia do Norte ameaça atacar preventivamente e
com armas nucleares os Estados Unidos. Isso é parte da habitual retórica
belicista que o regime utiliza, exacerbada nos últimos meses em razão do
aumento das sanções econômicas a Pyongyang, o ritmo e o alcance cada vez maior
dos testes de armamento e a elevação de tom que chega de Washington, onde foi
proclamado o fim da era baseada na “paciência estratégica”.
A
propaganda norte-coreana explodiu com as declarações do diretor da CIA, Mike
Pompeo, que em um evento sobre segurança falou da necessidade de encontrar uma
forma de separar Kim Jong-un de seu arsenal nuclear. “O mais perigoso é o
caráter da pessoa que tem o controle sobre essas armas (...). Do ponto de vista
da Administração, o mais importante que podemos fazer é separar as armas
nucleares de alguém que possa ter a intenção de usá-las”, disse, segundo a CNN.
O secretário de
Estado, Rex Tillerson, sempre afirmou que o Governo norte-americano
não busca uma mudança de regime na Coreia do Norte.
Um
porta-voz do Ministério de Relações Exteriores norte-coreano, não identificado
na notícia, afirmou à mídia estatal que “buscarão e liquidarão onde quer que
for que se encontrem” os que tentem tirar do poder Kim Jong-un. “A República
Popular Democrática da Coreia (nome oficial do país) estipula por lei que se o
seu máximo dignitário se vê ameaçado deve aniquilar de modo preventivo os
países e entidades envolvidos direta ou indiretamente nisso, mobilizando todos
os tipos de meios de ataque, incluindo os nucleares”.
EL PAÍS
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