terça-feira, 25 de julho de 2017

Demo+kracia

Martim Berto Fuchs

Desde que os gregos desenvolveram o sistema de governo conhecido por “demokracia” (demo=povo + kracia=governo), que este peca pela incoerência

Quando os gregos o colocaram em prática, a primeira medida foi deixar de fora das decisões o “povo” compreendido pelas mulheres, pelos estrangeiros, e pelos não proprietários. Quer dizer, desde o início, o sistema de governo que conhecemos como governo do povo, separou o povo em duas categorias: o “povo” que podia decidir e o “povo” que não podia, o povão.

No Brasil de sempre, quem pode decidir é o “povo” que compõe a Corte da nossa Monarquia Republicana. O outro “povo”, o povão, a maioria, apenas decide como arranjar dinheiro para pagar a conta. Essa Corte, que já foi composta só de aristocratas, e que depois recebeu os burgueses ricos, hoje é composta também pelos “sem culotte”, aquele pessoal das bandeirinhas vermelhas escritas CUT, UNE, MST e afins, que adora emprego, desde que sem trabalho.

Estes, assim como aqueles, vivem às custas do dinheiro arrecadado do povão, e se alguém tentar mudar esta desfaçatez, eles, se sentindo prejudicados nos seus direitos “legitimamente” adquiridos, partem para a briga, para o quebra-quebra; zumbis militontos e fantasiados de block bostas.

Mais uma vez esta lógica perversa se faz sentir, pois como a atividade econômica vem declinando por culpa única e exclusiva do setor público, e a arrecadação não é mais suficiente para cobrir suas folhas de pagamento, eles novamente apelam para aumentos daqui e dali dos impostos, para continuar vivendo à tripa gorda, sem no entanto atacar a causa do problema. Aí, os integrantes dos três podres poderes fazem cara de paisagem.

O que mantém esta ignomínia é, em primeiro lugar, o sistema eleitoral, onde os candidatos são escolhidos entre o “povo” da Corte, e impostos ao outro “povo”, o povão, para serem referendados.
O cúmulo da safadeza vem depois, quando o “povo” ungido e eleito troca os pés pelas mãos, e os analistas políticos bradam em alto e bom som que o povão não sabe votar. É muito escárnio.

Para termos um governo do povo no sentido correto do termo, todos devem ter oportunidade de se candidatar, e não apenas os escolhidos pelos donos dos partidos políticos e seus financiadores, como acontece até hoje.

Regras tem que haver, como em qualquer atividade, mas que não exclua pura e simplesmente todos aqueles que não se enquadram nas “normas internas” das organizações criminosas que no Brasil chamamos de partidos políticos.

É a sociedade quem deve decidir, independente de raça, cor, religião, conta bancária ou diplomas, quem pode ser candidato a cargos eletivos e depois administrar a res pública, sendo esta decisão levada a efeito e posta em prática pela Justiça Eleitoral, à quem caberá então decidir quem pode ou não ser candidato.

A esquerda adora falar em nome do povão, mas na verdade fala em nome do seu “povo”, aquele que quando consegue chegar ao poder, cobra comissão até para intermediar o destino do dinheiro arrecadado pelos impostos. Nos últimos anos, desde que participam do butim na Corte, empregaram no setor público todo seu “povo”, ou, todos que estavam filiados aos seus partidos; agora que foram chutados do governo por incompetentes e desonestos, perderam o gosto por este modelo de “democracia”, e querem virar a mesa.

Nem sei porquê se admirar, pois a esquerda sempre foi claramente contra qualquer tipo de democracia. Gostam de usar e ostentar o termo, mas apenas para definir suas idiossincrasias junto ao seu eleitorado cativo: analfabetos, pobres e estudantes doutrinados, três categorias que se deixarem de ser o que são, não os acompanham mais.

Em algum momento a sociedade brasileira terá que redefinir, ou definir corretamente, a expressão governo do povo. Temos que ter consciência de que povo somos todos nós, e que somos nós que devemos escolher os candidatos aos cargos eletivos, bem assim como definir regras para uso da Justiça Eleitoral e quais serão os cargos a serem disputados e para quê.

Governo do povo não pode ser interpretado, como prega a esquerda, como governo dos pobres, dos analfabetos e dos doutrinados ideologicamente, e conduzidos como manada pela sua “nomenklatura”; e aqueles que não se enquadram, considerados como inimigos.

A este tipo de governo dá-se o nome de comunista, socialista ou bolivariano, que combina muito bem com manada, que é o "povo" que eles gostam; aquele que só se manifesta mugindo, através de slogans, dogmas e palavras de ordem.

http://capitalismo-social.blogspot.com.br/2017/05/707-prova-de-qualificacao.html


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