Milton Pires
Afirmo percorrer o Brasil uma
sensação inédita – aquela capaz de gerar a percepção de que apolítica acabou
Tal
entendimento já não mais depende do nível cognitivo e cultural das pessoas: é
um fato único – atravessa todas as classes sociais, todas as raças e as mais
discrepantes distâncias geográficas. Não se diferencia pelo nível econômico nem
pelos campos opostos que se colocaram na cena pública até agora buscando manter
ou derrubar o Regime Petista.
Não é o
conflito entre coxinhas e mortadelas que acabou, é a
própria arena, o palco do conflito. A mera possibilidade da atividade política,
nas mãos de quem ela agora se encontra no Brasil como alternativa à barbárie,
desapareceu.
Nós
compartilhamos a indescritível sensação de sermos a vergonha do Mundo
Ocidental. Protagonizamos o maior escândalo político de todos os tempos. Em
nossos corações haveremos de carregar por décadas as mesmas perguntas feitas
pela Alemanha depois de Auschiwtz e Breslau – como o permitimos? Como isso tudo
foi possível?? Se não encontrarmos a resposta, se não nos deprimirmos,
repetiremos o passado.
O Brasil
volta no tempo, reduz-se, imola-se, desintegra-se regressando à época, ao exato
momento, em que o General Golbery do Couto e Silva, fundador do Serviço
Nacional de Informações (SNI), diz ao empresário corrupto Emílio Odebrecht
– Lula não tem nada de Esquerda: é um bon-vivant.
Ao dizê-lo,
revelou a Emílio que ele, Golbery, acreditava, juntamente com Geisel, na
possibilidade de controlar Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT). Sim: Geisel
e Golbery achavam ser possível fazer com Lula e o PT aquilo que fizeram com
Roberto Marinho e a Rede Globo: comprá-los, domesticá-los e os apresentar ao
país como representantes de esquerda capazes de fazer a Nação esquecer Leonel
Brizola. Este era, no entendimento da Doutrina de Segurança Nacional, um perigo
real e imediato.
Os
generais não conseguiram prever que um alcoolista semianalfabeto, capaz de
manter relações sexuais com animais, de cortar o próprio dedo, de gabar-se de
seduzir viúvas de colegas, saído dos sertões de Pernambuco, pudesse reunir-se,
em propósito geopolítico, com uma Universidade controlada pela Nova Esquerda e
uma Igreja de Padres Comunistas: nasceu pois o PT, o PT chegou ao Poder,
destruiu a Nação, acabou com a possibilidade de qualquer outra alternativa
política, de qualquer forma de mudança dentro da Lei, pois que corrompeu a
própria Lei aparelhando o Supremo Tribunal Federal, e deixou o país no vazio.
Brasil Ano Zero: e agora ??
Agora
urge que a Nação renasça e só pode fazê-lo com uma nova classe política no
Poder. O Governo inteiro precisa renunciar, o Congresso precisa ser fechado,
seus membros tem que perder o “foro privilegiado” e serem julgados em primeira
instância. Isso é possível? É, mas o Renascimento enfrenta quatro discursos com
a seguinte lógica:
1.
Econômico – O Brasil vem se recuperando depois da saída de Dilma.
Baixaram as taxas de juros, o país convalesce na visão de agências
internacionais, o dólar está sob controle. A Nação não pode ficar refém de
um processo judicial – a vida precisa continuar e as reformas
(previdenciária, trabalhista, eleitoral, sindical e outras) precisam acontecer
para que o Brasil seja reconstruído depois do Holocausto Petista.
2. Técnico-Jurídico – Depois
da megadelação da Odebrecht, é preciso seguir um rito. Processos são regidos
por códigos. Eles demoram. Fases não podem ser puladas, ignoradas nem
descumpridas sob pena de imputação de ilegalidades que venham, mais tarde,
destruir tudo aquilo que a Força Tarefa da Operação Lava Jato conquistou.
3.
Paranóico – Quem quer o fim do Governo Temer é a direita xucra. Ao
pedir pelo fim da atual administração e interromper o andamento natural da
História Política da Nação até 2018, está ajudando o PT a voltar ao Poder.
4.
Petista – Querem criminalizar qualquer forma de vida política no
Brasil. Quem controla a Força Tarefa da Operação Lava Jato, quem faz parte da
República de Curitiba, não quer apenas acabar com o PT, quer acabar com a
Democracia e com a Política no país para colocá-lo sob controle de interesses
internacionais que desejam tomar conta da Amazônia, do Petróleo e
do Nióbio.
As
respostas para estes quatro discursos são as que seguem:
Resposta
aos defensores da Economia-Política na Lógica
do Primeiro Discurso – a destruição do Brasil, muito mais do que
econômica, foi Cultural. Fora do nosso país, antes do dinheiro, impera a
palavra. A Ordem Econômica Fabiana que rege o Mundo Ocidental já tinha limites
para o grau de confiança que depositaria no Governo Temer antes das delações
virem a público. Agora ela acabou pois, ao contrário dos brasileiros, a
comunidade internacional dos grandes negócios sabe não poder acreditar em
qualquer espécie de reforma produzida pela Organização Criminosa que ocupa o
Congresso Nacional.
Refutação
dos argumentos dos Operadores do
Direito no Segundo Discurso – a Justiça, na sua instância
suprema no Brasil, é controlada por pessoas que lá foram colocadas pela própria
Organização Criminosa que destruiu a Nação. Tempo já não está mais em
discussão quando se fala no devido processo penal, em produção de provas, em
rito processual e princípios hermenêuticos no Direito Brasileiro: é a
idoneidade, a lisura do processo, a reputação de seus operadores que foi
abalada. É regra geral, forte em seu princípio, que a Lava Jato há de enfrentar
obstáculos em virtude de eventuais erros de instrução e mais fortes ainda em
função daquilo que produzir em termos de acertos.
Antinomia
do Terceiro Discurso (o Paranóico) – o argumento de que a deposição de
Michel Temer e novas eleições ajudam Lula e o PT a voltarem ao Poder é nulo em
consequência do fato deles não terem, sequer, saído do Poder. Quem diz que o PT
saiu do Poder no Brasil não merece ser levado a sério em sua análise da
conjuntura política.
Temer
governa, possui a chave dos cofres e dos arsenais, mas quem detém o Poder no
Brasil é a Organização Criminosa ligada ao Foro de São Paulo que controla
Universidade, Mídia, Igreja e os altos escalões da Justiça e Forças Armadas.
Quem denuncia um eventual fim do Governo Temer como manobra petista está
interessado em entregar o Brasil ao PSDB (outro partido que integra a ORCRIM)
em 2018.
Considerações
sobre a Argumentação no Quarto Discurso (o Petista). Este é o único
argumento que detém a característica de ser, ao mesmo tempo, original,
representar um projeto de Poder para todo Brasil e para América Latina, e
produzir uma confusão demoníaca entre o fim do PT e o fim da atividade política
no território nacional.
Ele
obriga àquele que escuta a reconhecer que a própria vida política no
Brasil se confundiu com aquela da Organização Criminosa disfarçada de Partido
que chegou ao poder em 2003. É este discurso, e somente ele, que pode dar ao
povo brasileiro a noção do tamanho da sua tragédia e impelir toda sociedade, ao
refutá-lo, num projeto de Renascimento da Nação.
Faltam
18 dias para que Lula encontre-se em depoimento perante Sérgio Moro. Não se vê
um só Movimento de Rua, dentre aqueles que chamam para si mesmos o mérito de
terem derrubado Dilma Rousseff, organizando-se para ocupar Curitiba pedindo sua
prisão.
Não se
vê, depois das revelações estarrecedoras nas gravações dos delatores, ninguém
se organizando, chamando manifestações pedindo a renúncia de Temer, do
Congresso inteiro, do STF e de novas eleições no Brasil.
A
Reforma, na História da Humanidade, foi um Movimento Religioso que veio depois
de um Renascimento Cultural. No Brasil, o desespero por “Reformas” é um
Movimento Criminoso que quer impedir o Renascimento da Política e, em última
instância, do próprio Brasil como Nação.
Ataque Aberto
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