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Presidente
garante mandato por mais seis anos, em eleição com abstenção recorde, denúncias
de fraude e que teve sua legitimidade questionada não só pela oposição, que
boicotou, como pela comunidade internacional.
O presidente Nicolás Maduro foi eleito neste domingo (21/05) para mais
seis anos de mandato na Venezuela, numa eleição com abstenção recorde,
denúncias de fraude e que teve sua legitimidade questionada não só pela
oposição, que boicotou o pleito, como por Estados Unidos, União Europeia e
potências regionais.
Os dados oficiais colocam a participação eleitoral em 46%, mas fontes
do governo citadas por agências de notícias garantem que a cifra não superou os
33%. Como comparação, 80% dos eleitores venezuelanos foram às urnas em 2013.
Maduro venceu com 68% dos votos, mas praticamente não teve
adversários. Principal força antichavista, a Frente Ampla Venezuela
Livre, idealizada pela coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), boicotou o
pleito. E o único adversário de Maduro a participar, o dissidente chavista
Henri Falcón, recebeu 21% dos votos.
Após a divulgação do resultado, Maduro apareceu no Palácio Miraflores,
sede do governo, e falou numa "vitória popular permanente" do
chavismo, ressaltando ter recebido 6 milhões de votos, contra pouco mais de 1
milhão de Falcón. Pela manhã, ao comparecer a sua seção eleitoral, havia dito:
"Voto ou bala".
No centro da campanha eleitoral esteve a crise
política, econômica e social que afeta o país, com todos os
candidatos, inclusive o presidente Nicolás Maduro prometendo melhorar a
economia. A campanha e a eleição transcorreram em meio a um clima tenso, e
milhares de militares foram destacados para vigiar os mais de 14 mil centros
eleitorais.
União Europeia, EUA, Canadá e inúmeros países vizinhos, entre eles o
Brasil, pediram a suspensão das eleições por considerarem que não
haveria condições para a realização de uma votação livre na Venezuela.
Os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e da Colômbia, Juan Manuel Santos,
declararam que não reconheceriam o vencedor.
Denúncias
de fraude
Políticos da oposição denunciaram a instalação dos chamados
"pontos vermelhos", mecanismo usado pelo governo para controlar os
votos da população. Os candidatos Henri Falcón e Javier Bertucci disseram ter
recebido cerca de 350 denúncias de irregularidades ligadas a eles.
Os pontos vermelhos são tendas instaladas pelo governo
durante as eleições muito perto das seções eleitorais. Simpatizantes dão
orientações aos eleitores sobre como votar nos candidatos do chavismo.
De acordo com Bertucci, o governo tinha firmado um acordo para montar
esses pontos vermelhos a 200 metros dos colégios eleitorais, mas muitos deles
foram registrados a distâncias menores ou mesmo dentro dos locais de votação.
Segundo os políticos, os venezuelanos estão sendo coagidos a ir às
urnas para votar em Maduro em troca de recompensas. Críticos alegam ainda que o
governo estaria assustando a população fazendo-a acreditar que quem não votar
poderá ficar sem as rações de comida.
A imprensa relatou que muitas dessas tendas acumularam filas de
eleitores neste domingo. Ali, eles apresentavam aos voluntários seu chamado
"cartão da pátria" – por meio do qual recebem os benefícios do
governo, como alimentação –, na esperança de receber um bônus em dinheiro
por ter votado.
A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena,
desqualificou as denúncias da oposição neste domingo, afirmando que não
são "nada" em comparação com outros processos de votação.
Condenação
internacional
Vários países – incluindo União Europeia, EUA, Canadá e inúmeros
Estados vizinhos, entre eles o Brasil – haviam pedido a suspensão das
eleições por considerarem que não há condições para a realização de uma votação
livre na Venezuela.
Os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e da Colômbia, Juan
Manuel Santos, declararam que não reconhecerão o vencedor. O mesmo foi
reafirmado neste domingo pelo governo americano.
O vice-secretário de Estado, John Sullivan, disse inclusive que os EUA
estão considerando impor sanções ao petróleo da Venezuela. Segundo ele, uma
resposta às eleições deste domingo será discutida na reunião do G20 em Buenos
Aires na segunda-feira.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, por sua vez,
classificou a votação de "fraudulenta" e disse que ela "não
mudará nada" no cenário do país latino-americano.
"Estou observando hoje [o que acontece na] Venezuela. As
fraudulentas eleições não mudam nada. É preciso que o povo venezuelano comande
este país... Uma nação com tanto a oferecer ao mundo", escreveu ele no
Twitter.
Deutsche-Welle
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