Norbert Ahrens
Em 8 de maio de 1945, o Alto Comando
da Wehrmacht assina em Berlim a capitulação incondicional do Terceiro Reich
ante as forças aliadas. Era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, cinco
anos e meio após seu início.
Ao fim
da guerra, Berlim e todas as grandes cidades alemãs haviam se transformado em
ruínas
"Nós,
abaixo-assinados, que negociamos em nome do Alto Comando alemão, declaramos a
capitulação incondicional ante o Alto Comando do Exército Vermelho e ao mesmo
tempo ante o Alto Comando das forças expedicionárias aliadas de todas as nossas
Forças Armadas na terra, na água e no ar, assim como de todas as demais que no
momento estão sob ordens alemãs. Assinado em 8 de maio de 1945 em Berlim. Em
nome do Alto Comando alemão: Keitel, Friedeburg, Stumpf..."
O que o
locutor da Rádio do Reich anunciava em poucas palavras na manhã de 9 de maio de
1945 era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Todos os sobreviventes
respiraram aliviados. Mas aquilo que a maioria – também dos alemães – sentiu
como libertação, significava para outros vergonha e afronta.
As
vitórias-relâmpago sobre a Polônia, a França e a Noruega haviam cegado os
alemães e, acima de tudo, a própria liderança nazista. O ataque à União
Soviética, em 22 de junho de 1941, resultava desse delírio provocado pelas
fáceis conquistas militares.
"Do
quartel-general do Führer, o Alto Comando informa: em defesa contra o
ameaçador perigo do leste, a Wehrmacht (as Forças Armadas) atacou, às 3 horas
da manhã de 22 de junho, a violenta marcha das tropas inimigas. Uma esquadrilha
da Luftwaffe bombardeou o inimigo soviético ainda ao alvorecer."
Os
esmagadores sucessos iniciais da Operação Barbarossa (ou Barba Ruiva), nome
secreto do assalto alemão à União Soviética, também pareciam levar o Reich a
mais um triunfo militar. Em 3 de outubro de 1942, ao inaugurar a obra
assistencial de inverno, Hitler zombou das reações da imprensa estrangeira:
"Se
nós avançamos mil quilômetros, não se pode chamar isso exatamente de fracasso
(...). Por exemplo, nos últimos meses – e é em apenas alguns meses que se pode
sensatamente promover uma guerra neste país – nós avançamos até o Rio Don, o
descemos e chegamos finalmente ao Volga. Cercamos Stalingrado e vamos tomá-la –
no que os senhores podem confiar."
Era a
primeira vez que Hitler mencionava publicamente o nome da cidade que viria,
quatro meses mais tarde, mudar o destino da guerra. Se na ocasião muitos
generais acreditavam no sucesso militar da ofensiva, no momento da capitulação
do Sexto Exército em Stalingrado restavam poucos otimistas ainda cegamente
convictos de um fim vitorioso para a Alemanha de Hitler.
A
derrota das tropas alemãs na África do Norte, no mesmo ano, e o desembarque dos
Aliados na Normandia, em junho de 1944, reverteram o destino militar do
Exército alemão.
Um dia
após a capitulação incondicional, a emissora de rádio do Reich da cidade de
Flensburg, onde residia o grande almirante Dönitz, que após o suicídio de
Hitler exerceu interinamente o posto de chanceler do Reich até 23 de maio,
levou ao ar o último boletim da Wehrmacht, elogiando a heróica resistência dos
últimos batalhões na foz do Rio Vístula:
"Vinte
horas e três minutos. No ar, a emissora do Reich de Flensburg e sua rede de
afiliadas. Hoje, transmitimos o último boletim da Wehrmacht sobre esta guerra.
Do quartel-general do grande almirante, em 9 de maio de 1945, o Alto Comando
informa que..."
O que
todos os boletins oficiais das Forças Armadas sempre haviam omitido, passou
gradualmente a ficar claro a partir de 8 de maio de 1945. Além dos monstruosos
danos materiais e da destruição irreparável de obras de arte, a Grande Guerra
consumira não menos que 55 milhões de vidas humanas.
DW-Deutsche Welle
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