Observador
- Portugal
O Governo quer que Portugal assegure
um lugar no "pelotão da frente" nesta nova forma de fazer negócios
vai lançar este ano uma linha específica de incentivos à internacionalização.
O
Governo vai lançar este ano uma linha específica de incentivos à internacionalização
através do comércio digital, de valor ainda por definir, para assegurar a
Portugal um lugar no “pelotão da frente” nesta nova forma de fazer negócios.
“No quadro do Compete 2020 lançaremos até ao fim deste ano uma nova linha
específica para incentivos financeiros às empresas que queiram progredir na sua
integração no comércio digital.
Vamos
ouvir as empresas para poder adaptar o novo incentivo às suas necessidades”,
afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante a conferência
de lançamento do novo programa da Agência para o Investimento e Comércio
Externo de Portugal (AICEP) “Exportar ‘Online'”.
Segundo
salientou o ministro, o objetivo é assegurar que Portugal entra no “pelotão da
frente” nesta nova forma de fazer negócio, que está em “crescimento
exponencial” por todo o mundo e tem como grande vantagem permitir às empresas
portuguesas diversificar os seus destinos de exportação e reduzir custos e
riscos na internacionalização. “Estamos a falar de um comércio eletrónico,
digital, que está numa expansão absolutamente exponencial e com uma
característica muito relevante: entre os países que mais crescem estão países
não europeus e isso é muito relevante para nós porque as nossas exportações
estão em mais de três quartos concentradas na União Europeia”, sustentou.
Como
exemplo avançou a China, “um enorme mercado por questões demográficas, mas
também um dos mercados digitais que mais está a crescer”. Segundo salientou o
ministro, outra das vantagens do comércio digital é que “não conhece grande
parte das barreiras físicas e alfandegárias que existem hoje no comércio
internacional físico”, pelo que “entrar no comércio digital não só aumenta o
potencial de exportação e o alcance geográfico das exportações portuguesas,
como faz diminuir os seus custos de contexto e reais”.
“Há
todas as vantagens e a necessidade de generalizarmos tão rapidamente quanto
possível entre as nossas empresas exportadoras a ideia de que a ferramenta
digital é mais uma janela a partir da qual elas podem olhar para o mundo”,
sublinhou Santos Silva. De acordo com o ministro, “só em exportação de bens são
20 mil as empresas exportadoras portuguesas”, sendo que “grande parte delas
trabalha hoje apenas por mercados físicos e apenas para um só mercado”.
“Entrar
no comércio digital significa tornarem-se menos dependentes de um só mercado
físico de exportação e aumentarem enormemente a sua potencialidade de ganhar
dinheiro, vender produtos e fazer negócios”, sustentou. Destacando a
internacionalização como “um vetor essencial da política externa portuguesa”,
Augusto Santos Silva recordou o “caminho muito importante” feito nos últimos
anos pela economia nacional, cujas exportações “há 13 anos valiam menos de 27%
do produto” e, em 2017, ultrapassaram “a barreira dos 43%”.
No que
diz respeito ao investimento estrangeiro em Portugal, concluída que está “uma
fase na qual muitos ativos nacionais estiveram à disposição e foram adquiridos
por capital estrangeiro”, o ministro considera ser “agora muito importante que
o capital estrangeiro sirva para lançar novos projetos e para criar emprego e
riqueza em Portugal”. Também essencial para o chefe da diplomacia portuguesa é
que Portugal mantenha um saldo positivo da balança comercial, que foi “uma das
aquisições mais importantes que o país fez nos últimos cinco a seis anos”,
sendo a estratégia “continuar a aumentar as exportações e a sua parte no
produto” de forma a “ao longo da próxima década ultrapassar os 50% do PIB
[Produto Interno Bruto]”.
É neste
contexto de promoção da internacionalização que a AICEP apresentou esta
segunda-feira o novo programa “Exportar ‘Online'”, apostado em “apoiar as
empresas na plena utilização do comércio internacional digital”, aumentando o
número de empresas exportadoras, o volume das exportações e os mercados de
destino através da multiplicação dos canais de acesso aos consumidores.
“Precisamos
de ter mais empresas a exportar, designadamente mais pequenas e médias empresas
exportadoras, que as empresas exportadoras se tornem menos dependentes de um só
mercado, de ao mesmo tempo consolidar nosso mercado europeu (que hoje vale mais
de três quartos das exportações) e de diversificar mercados extracomunitários
em virtualmente todas as regiões do mundo, com especial importância para a
África subsaariana (lusófona e não lusófona), a América Latina e também para
oportunidades que vão crescendo nas várias ásias”, afirmou Santos Silva.
Ao mesmo
tempo, disse, é também preciso “aproveitar bem as novas perspetivas abertas
pelos acordos comerciais e de investimento que a União Europeia vai concluindo,
como o Canadá, o Japão, o México ou o Mercosul.”
O
presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, antecipou que “brevemente as
fronteiras entre o comércio convencional e o comércio eletrónico tenderão a
esbater-se”, sendo o crescimento do ‘e-commerce’ “uma das principais tendências
para os próximos dez anos”: O comércio internacional via ‘e-commerce’ deverá
triplicar até 2021, de 300 mil para 900 mil milhões de dólares (de 254,8 mil
para 764,4 mil milhões de euros), com mais de 900 milhões de consumidores
internacionais ‘online’.
“Os EUA,
Reino Unido e China são os principais mercados, representando 60% da oferta de
‘e-commerce’ e 30% da procura”, disse, salientando que “Portugal tem de se
afirmar neste jogo dos melhores do mundo como tem feito nas exportações
convencionais”. Contudo, avançou, “apenas 39% das empresas portuguesas tem
presença ‘online’ e só 27% fazem negócio através da Internet”, o que quer dizer
que 60% das empresas nacionais “ainda continuam no século XX”.
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