James Jeffrey
As
limonadas de Mikaila Ulmer estão em mais de 500 lojas dos Estados Unidos, mas
na escola ela não foi tão bem assim: ela obteve um "C" em matemática.
Ela
conta ter pouco tempo para estudar, pois se dedica a tocar um negócio
bem-sucedido, do qual é fundadora e chefe.
Aos 13
anos, se um dia ela está na escola, no outro está dando palestra sobre
empreendedorismo. "Não é moleza, isso é certo", diz ela.
"Às
vezes, tenho que faltar aula para dar uma entrevista, viajar ou participar de
um programa de televisão. Outras vezes perco alguma coisa porque tinha uma
prova ou algum projeto da escola."
Vendendo
360 mil garrafas de sua limonada por ano em lojas caras, como a rede de
supermercados Whole Foods, Mikaila é uma das empresárias mais jovens dos EUA.
Ela
virou adolescente faz pouco tempo, mas já toca seu negócio, baseado em Austin,
no Estado do Texas, desde os quatro anos de idade.
Com a
ajuda dos pais, Mikaila começou a vender sua limonada em 2009.
Naquele
ano, instalou uma mesinha em frente à casa onde morava, e começou a vender a
bebida - uma receita da década de 1940, de sua bisavó.
A
receita leva mel, e nessa mesma época, Mikaila foi picada duas vezes por
abelhas em duas semanas.
Seus
pais disseram a ela que, em vez de entrar em pânico toda vez que visse uma abelha,
ela deveria pesquisar melhor para entendê-las e o papel essencial que os
insetos desempenham na polinização e no ecossistema.
Isso
inspirou Mikaila a doar parte do dinheiro que ganha com a venda de limonadas
para organizações que protegem abelhas que produzem mel.
Em pouco
tempo, começou a vender sua limonada para uma pizzaria local. Pouco depois, o
negócio começou a crescer - mas 10% do lucro ainda vão para grupos de
conservação ambiental.
Mas com
a mãe de Mikaila, D'Andra, e o pai, Theo, tão envolvidos no negócio, surge a
pergunta: quem de fato manda no empreendimento?
"No
início era só eu, espremendo limonada na minha barraca, mas aí meus pais
desenharam uns adesivos legais para os copos", diz Mikaila.
"À
medida que o negócio foi crescendo, tive que dizer 'não consigo fazer isso
sozinha', e foi aí que tive que começar a pedir 'mãe, pai, como eu faço uma
logomarca? E como acho uma fábrica? E onde tem mais lojas?'"
O fato
de os pais terem estudado administração com certeza ajudou. D'Andra tem
formação em marketing e vendas e Theo, em administração de negócios.
Mas
D'Andra diz que ela e Theo tinham "zero" experiência na área de
comidas e bebidas.
Mikaila
diz que o diferencial foi o trabalho em equipe.
"Somos
co-CEOs porque eu tomo as decisões que meus pais não tomam e eles tomam as que
eu não tomo", diz ela.
"Além
disso, sou jovem, não sei tudo, então vou sempre levar a opinião deles em
conta."
O grande
momento foi em 2015, quando Mikaila tinha nove anos e a empresa assinou
contrato com a rede de supermercados Whole Foods.
"A
Mikaila e a empresa chamaram nossa atenção por vários aspectos", diz Jenna
Gelgand, do Whole Foods.
"A
empresa tinha um produto único, gostoso, e uma fundadora entusiasmada e uma missão
social. Ficamos impressionados na mesma hora com a Mikaila, uma jovem
empreendedora com visão para conscientizar sobre a importância da
polinização."
No mesmo
ano Mikaila foi apresentada a telespectadores de todo o país quando participou
do programa Shark Tank, no qual empreendedores vendem suas ideias para
possíveis investidores.
A
apresentação dela foi boa o bastanta para convencer um deles, Daymond John,
chefe da loja de roupas Fubu, a investir U$ 60 mil (cerca de R$ 227 mil).
Dois
anos depois, um consórcio de jogadores de futebol americano investiu U$800 mil
(pouco mais de R$ 3 milhões).
Mikaila
segue ganhando prêmios para jovens empreendedores negros, e foi elogiada pelo
ex-presidente Barack Obama.
Quando
ele ainda estava na presidência do país, a chamou para a Casa Branca, em 2015,
e um ano depois, ela dez a introdução dele em um evento de mulheres.
Geoffrey
Soares, dono da Summit Beverage Group, que começou a engarrafar a limonada da
Me & The Bees no ano passado, diz que Mikaila é uma ótima embaixadora da
marca.
"Você
pode até ter um bom produto, mas se não tem uma boa história, como vai se
destacar? É um mercado difícil", diz ele.
"Sem
Mikalia, não sei como teriam feito tanto sucesso. Ela é muito importante, mas
ao mesmo tempo, todo o mundo precisa de ajuda. São uma boa família, têm o
compromisso de construir algo legal."
Mikalia
diz que quer abrir mais negócios, mas também pensa nos estudos.
"Quero
abrir novas empresas. Para mim, ter só uma é meio chato", diz.
"Eu
gosto de ficar pensando em nomes e logos, essa é a parte mais divertida. Também
estou ansiosa com começar o colegial, mas estou animada para fazer novos amigos
e não ter que usar uniforme."
BBC
- De Austin, Texas
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