terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O que os presidenciáveis pensam sobre a reforma da Previdência?

Evandro  Éboli

Rombo da Previdência será um dos assuntos obrigatórios nas eleições deste ano. Saiba quem é a favor, contra ou fica em cima do muro na hora de falar sobre mudanças nas regras de aposentadoria

A necessidade de uma reforma da Previdência está longe de ser consenso mesmo entre os pré-candidatos à Presidência da República. Os postulantes a comandar o país a partir de 2019 se dividem em três grupos: um a favor; outro, contrário; e um terceiro, em cima do muro. 

Nesse terceiro agrupamento há uma subdivisão: tem aqueles que defendem, mas desde que não seja feita por esse governo; e tem os que preferem primeiro ver o texto final para depois emitir juízo. Nestes casos se encaixam, por exemplo, a ex-ministra Marina Silva, da Rede, o senador Alvaro Dias (Podemos) e o ex-governador Ciro Gomes, do PDT. 

Marina reage às críticas de adversários que não tem posição sobre temas polêmicos e de divagar quando não quer se comprometer. 

"Essa é uma percepção autoritária de certos segmentos quando você não repete o discurso que fazem. Os partidos tradicionais de esquerda e de direita nunca defenderam a Lava Jato. E eu defendo. Em relação às reformas, elas são necessárias, mas não a que Temer está fazendo. É ilegítima, não tem popularidade e nem credibilidade. Sou a favor de reformas, desde que não prejudiquem os mais frágeis", disse ela no último sábado (3).

Alvaro Dias já afirmou ser a favor de uma reforma "modernizadora", mas prefere esperar o texto da Câmara chegar ao Senado. Se chegar. Se for aprovado pelos deputados. Ciro Gomes vai na linha de que o governo Temer não tem legitimidade para mudanças tão profundas. 
"Não sou contra, temos problemas para resolver. Mas não conheço legitimidade nesse governo. Sou um engravatado, trabalho no ar condicionado e tenho expectativa de vida de 80 anos. E o meu patriota trabalhador rural e o pedreiro?", ironizou Ciro, em entrevista a uma emissora. 

Os dois presidenciáveis do centro, que disputam o apoio do governo, são os maiores entusiastas. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), diz ser necessária a aprovação da reforma para a melhora das finanças do país. Por conta da não aprovação, a agência Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito do Brasil. O ministro reconhece a dificuldade de se aprovar essa matéria em ano eleitoral. 

Já o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) foi enfático ao assegurar que aprova a reforma em fevereiro. Marcou até data: 19 de fevereiro. Mas já não está tão seguro assim. Seus argumentos vão da necessidade de se cortar privilégios no Brasil e de que, se não for aprovada, corre-se o risco de virar uma Grécia ou um Portugal, países que se viram obrigados a cortar valores das aposentadorias. 

"Defendo reforma da Previdência com uma palavra: igualdade. Não é justo que quem ganha mais se aposente com 50 anos e quem ganha menos, um salário mínimo, se aposente com 65. Se o governo tivesse mais simplicidade na comunicação nossa missão hoje seria mais simples”, disse Maia em Goiânia, semana passada. 

Os favoritos na disputa presidencial são contrários à reforma. "Essa reforma que está aí não será aprovada. Não tem meu apoio. Vai levar à desgraça os aposentados. Dificultará a aposentadoria no país" , argumenta o deputado Jair Bolsonaro (futuro PSL). 

O ex-presidente Lula (PT) faz o discurso mais inflamado contra a reforma da Previdência de Temer. Mas diz que essa é a necessidade "número um, dois e três" do próximo governante. Já chegou a dizer que a Previdência é o maior programa de transferência de renda do país, e não o Bolsa Família.

Gazeta do Povo


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