Evandro
Éboli
Rombo da
Previdência será um dos assuntos obrigatórios nas eleições deste ano. Saiba
quem é a favor, contra ou fica em cima do muro na hora de falar sobre mudanças
nas regras de aposentadoria
A necessidade de uma reforma da Previdência está longe de ser consenso
mesmo entre os pré-candidatos à Presidência da República. Os postulantes a
comandar o país a partir de 2019 se dividem em três grupos: um a favor; outro,
contrário; e um terceiro, em cima do muro.
Nesse terceiro agrupamento há uma subdivisão: tem aqueles que
defendem, mas desde que não seja feita por esse governo; e tem os que preferem
primeiro ver o texto final para depois emitir juízo. Nestes casos se encaixam,
por exemplo, a ex-ministra Marina Silva, da Rede, o senador Alvaro Dias
(Podemos) e o ex-governador Ciro Gomes, do PDT.
Marina reage às críticas de adversários que não tem posição sobre
temas polêmicos e de divagar quando não quer se comprometer.
"Essa é uma percepção autoritária de certos segmentos quando você
não repete o discurso que fazem. Os partidos tradicionais de esquerda e de
direita nunca defenderam a Lava Jato. E eu defendo. Em relação às reformas,
elas são necessárias, mas não a que Temer está fazendo. É ilegítima, não tem
popularidade e nem credibilidade. Sou a favor de reformas, desde que não
prejudiquem os mais frágeis", disse ela no último sábado (3).
Alvaro Dias já afirmou ser a favor de uma reforma
"modernizadora", mas prefere esperar o texto da Câmara chegar ao
Senado. Se chegar. Se for aprovado pelos deputados. Ciro Gomes vai na linha de
que o governo Temer não tem legitimidade para mudanças tão profundas.
"Não sou contra, temos problemas para resolver. Mas não conheço
legitimidade nesse governo. Sou um engravatado, trabalho no ar condicionado e
tenho expectativa de vida de 80 anos. E o meu patriota trabalhador rural e o
pedreiro?", ironizou Ciro, em entrevista a uma emissora.
Os dois presidenciáveis do centro, que disputam o apoio do governo,
são os maiores entusiastas. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD),
diz ser necessária a aprovação da reforma para a melhora das finanças do país.
Por conta da não aprovação, a agência Standard & Poor's rebaixou a nota de
crédito do Brasil. O ministro reconhece a dificuldade de se aprovar essa
matéria em ano eleitoral.
Já o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) foi enfático ao assegurar
que aprova a reforma em fevereiro. Marcou até data: 19 de fevereiro. Mas já não
está tão seguro assim. Seus argumentos vão da necessidade de se cortar
privilégios no Brasil e de que, se não for aprovada, corre-se o risco de virar
uma Grécia ou um Portugal, países que se viram obrigados a cortar valores das
aposentadorias.
"Defendo reforma da Previdência com uma palavra: igualdade. Não é
justo que quem ganha mais se aposente com 50 anos e quem ganha menos, um
salário mínimo, se aposente com 65. Se o governo tivesse mais simplicidade na
comunicação nossa missão hoje seria mais simples”, disse Maia em Goiânia, semana
passada.
Os favoritos na disputa presidencial são contrários à reforma.
"Essa reforma que está aí não será aprovada. Não tem meu apoio. Vai levar
à desgraça os aposentados. Dificultará a aposentadoria no país" ,
argumenta o deputado Jair Bolsonaro (futuro PSL).
O ex-presidente Lula (PT) faz o discurso mais inflamado contra a
reforma da Previdência de Temer. Mas diz que essa é a necessidade "número
um, dois e três" do próximo governante. Já chegou a dizer que a
Previdência é o maior programa de transferência de renda do país, e não o Bolsa
Família.
Gazeta
do Povo
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