Congresso em Foco
A divulgação de um áudio nesta quarta-feira (25)
mostra o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), cogitando a
hipótese de fuga do ex-diretor do setor internacional da Petrobras, Nestor
Cerveró, para não comprometê-lo nas investigações da Operação Lava
Jato. Na manhã de hoje, o Supremo Tribunal Federal (STF)
usou a gravação, feita por um dos filhos de Cerveró, Bernardo Cerveró, para
justificar a prisão do senador, acusado de tentar obstruir as investigações
sobre seu envolvimento no petrolão. No voto referendado por unanimidade pelo
Plenário do STF, o ministro Teori Zavascki destacou que a tentativa de
atrapalhar as investigações caracteriza crime inafiançável e que o tipo pena de
organização criminosa permite flagrante a qualquer momento.
Em um dos trechos do áudio, Delcídio deixa claro
que o melhor seria a fuga de Cerveró – para tanto, o senador arquitetou a
saída pelo Paraguai do ex-diretor, um dos principais artífices do esquema de
corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras, além de uma mesada de
R$ 50 mil. Em outro ponto da conversa, Delcídio fala da influência que teria no
STF para conseguir a libertação de Cerveró.
Bernardo, que é ator e produtor cultural, gravou a
fala de Delcídio, não o contestou e encaminhou o conteúdo do áudio ao
Ministério Público. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também participa da
conversa.
Confira o ponto em que Delcídio, Bernardo e Edson
Ribeiro cogita a fuga de Cerveró pelo Paraguai:
Delcídio: Acho que o foco é o seguinte: tirar
[Cerveró do país]. Agora é a hora que ele tem que ir embora mesmo.
Bernardo Cerveró: É… Eu já até pensei: a gente tava
pensando em ir pela Venezuela, mas acho que… Sai com tornozeleira, tem que
tirar a tornozeleira e entrar; acho que o melhor jeito seria um barco. É,
porque aí chega à Espanha, pelo menos você não passa por imigração na Espanha.
De barco você deve ter como chegar.
Edson Ribeiro: Cara, é muito longe…
Delcídio: Pois é. Mas a ideia é sair de onde de lá?
Bernardo: Não, da Venezuela. Ou da…
Edson: É muito longe.
Delcídio: Não, não.
Bernardo: Mas o pessoal faz, cara. Eu tenho um
amigo que trouxe um veleiro, agora, de…
Edson: Não, tudo bem, vai matar o teu velho.
Bernardo: É. Mas não sei, acho que…
Edson: [risos gerais] Pô, ficar preso…
Bernardo: Pegar um veleiro bom…
Delcídio: Não, mas a saída pra ele melhor é a saída
pelo Paraguai.
Bernardo: Mercosul.
Edson: Mercosul, porque o pessoal tem convenções no
Mercosul. A informação é muito rápida.
Agora, o trecho em que Delcídio fala sobre a
influência no Supremo e cita ministros como Dias Toffoli, Edson Fachin e Gilmar
Mendes:
Delcídio: Agora, Edson e Bernardo, eu acho que nós
temos que centrar fogo no STF agora. Eu conversei com o Teori, conversei com o
Toffoli. Pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar [Mendes], o Michel [Temer]
conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o
[Jorge] Zelada E eu vou conversar com o Gilmar também.
Edson: Tá…
Delcídio: Porque o Gilmar, ele oscila muito. Uma
hora ele tá bem, outra hora ele tá ruim, e eu sou um dos poucos caras…
Edson: Quem seria a melhor pessoa pra falar com
ele? Renan [Calheiros], ou [José] Sarney?
Delcídio: Quem?
Edson: Falar com o Gilmar.
Delcídio: Com o Gilmar, não. Eu acho que o Renan
conversaria bem com ele.
Edson: Eu também acho, o Renan. É preocupante a
situação do Renan…
Delcídio: Eu acho que.. Mas por quê? Tem mais
coisas do Renan? Não tem…
Confira a íntegra do áudio site da
revista Época
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