Célio Pezza
Em 20 de maio de 325 DC, aconteceu na cidade de
Nicéia, perto de Constantinopla, o primeiro evento ecumênico que daria origem à
religião católica. Na época, o imperador de Roma, Constantino, que estava
com o império em crise, viu que uma aliança com os cristãos poderia aumentar
seu poder e decidiu fazer do cristianismo a religião oficial do império. Em 313
DC, ele promulgou o Édito de Milão ou Édito da Tolerância, onde acabou com a
perseguição religiosa aos cristãos. Foi o início da Igreja-Estado.
Na época existiam muitos textos religiosos e alguns
conflitantes, o que prejudicava a própria expansão da Igreja. Foi neste
ambiente confuso que ele convocou no ano de 325 DC o 1º. Concílio Ecumênico,
com o objetivo de criar regras únicas para a Igreja Romana, tomando os devidos
cuidados para que estas viessem ao encontro de seus interesses. Era necessário
criar uma versão única ou oficial e foi o que Constantino fez. Ele convocou
bispos e representantes religiosos de todas as províncias para o palácio de
Nicéia e proporcionou toda espécie de mordomias aos participantes.
O Concílio se iniciou em 20 de Maio com perto de
318 representantes da igreja e terminou em 19 de Junho, com menos
participantes. Questões doutrinárias foram discutidas como questões de Estado e
as controvérsias não eram aceitas. Ali foi definida a divindade de Cristo e da
Santíssima Trindade, e os bispos que se opuseram foram exilados. Foi
oficializado o domingo como o dia de descanso semanal, ao invés do sábado, como
era anteriormente, e mudaram a data de comemoração da Páscoa, que era
comemorada na mesma data da Páscoa dos judeus. Uma das mais importantes
mudanças foi oficializar um cânone novo, somente com os evangelhos aceitos como
verdadeiros. Aí nasceu o Novo Testamento, com somente quatro evangelhos, ou
seja, Marcos, Lucas, Mateus e João. Existem várias versões sobre a escolha
destes evangelhos e, a mais aceita, conta que, como os bispos não chegavam a um
acordo, Constantino ordenou que deixassem no chão todos os evangelhos, se
recolhessem aos seus aposentos e ficassem em orações até o dia seguinte,
pedindo pela interferência divina. A sala foi trancada e somente o imperador
ficou com a chave. No dia seguinte, os quatro evangelhos já mencionados
apareceram milagrosamente em cima do altar e ninguém podia questionar a vontade
divina ou a palavra do imperador. Os outros evangelhos foram considerados
apócrifos, hereges, queimados e banidos de todo reino. Quem fosse pego com um
exemplar, seria condenado à morte e seus bens confiscados para a nova
Igreja-Estado.
Em 1945, foram encontrados, nos Manuscritos do Mar
Morto, vários desses evangelhos apócrifos cristãos produzidos entre os anos 100
e 200 DC, que mostram outras versões interessantes sobre este período da
História, como o evangelho de Tiago, Tomé, Judas e outros. Neles, Jesus tem um
lado bem mais humano, Madalena é uma grande líder e Judas não é um traidor.
Um ano após o Concílio, o imperador mandou matar
seu filho, o marido e o filho de sua irmã e matou sua mulher Fausta. Ele
retardou o seu batismo até as vésperas de sua morte, pois diziam que o batismo
o livraria de todos os pecados cometidos. Após sua morte, em 337 DC, foi
enterrado com honras de quem se tornara o 13º. apóstolo. Ele foi representado,
na iconografia eclesiástica, recebendo a coroa diretamente das mãos de Deus,
tamanha sua bondade para com a Igreja.
Verdade Mundial
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