AC Portinari Greggio
Dizem alguns que Jair Bolsonaro é
radical e descontrolado nas suas palavras e atitudes. Essas características são
apontadas como impedimento à sua cogitada candidatura à Presidência da
República.
Cada defeito tem a sua virtude oposta.
Ruim é o contrário de bom; feio, de bonito; tolo, de sábio; e assim por diante.
Qual o oposto de "radical"? Devia ser "moderado", ou
"equilibrado". Mas em Brasília, graças aos tucanos e outros da sua
espécie, a virtude oposta a "radical" é "político".
"Político" quer dizer hábil, jeitoso, esperto. É o cara que soma
apoios, votos e simpatias.
Ora, idéias e princípios somam e
separam. Mas o bom político só soma. Por isso, o bom político evita idéias e
princípios. E por isso mesmo, Bolsonaro é classificado como radical. Se fosse
mais "político", faria como os tucanos: esconderia suas idéias
ou simplesmente faria de conta que nunca as teve. Ou então procederia como os
do baixo clero, que estão ali para negócios e, como negociantes, só pensam em
agradar os fregueses e não perder os mandatos.
O "radicalismo" de
Bolsonaro consiste apenas na sua fidelidade a idéias e princípios que
nunca renegou, jamais escondeu e defende com veemência, ainda que ao custo
de ser marginalizado, odiado e difamado. Princípios e idéias - prestem atenção
- que aprendeu no Exército Brasileiro. Portanto, seu radicalismo não é tão
radical como dizem.
Num país onde a gangorra da política
só tem gente do lado esquerdo, qualquer um que se ponha mais à direita vira
automaticamente "radical". Se quisesse desmentir essa fama,
Bolsonaro deveria entrar para o rebanho, apagar-se, e limitar suas intervenções
a temas amenos. Mas não o faz.
A outra restrição dos críticos a
Bolsonaro é que seria descontrolado, imprudente e até irresponsável nas
atitudes e discursos. Se for, a virtude oposta seria a moderação. Bolsonaro,
portanto, deveria ser mais moderado. Deveria, sim, se estivesse
noutro ambiente, noutro contexto. Mas lembrem-se, ele está no Congresso
Nacional.
Durante anos, foi a única, ou quase
única, voz dissidente naquela Casa. E, todos sabem, aquela Casa é o foro onde
se engendram e se aprovam os mais infames e absurdos projetos, defendem-se
as mais depravadas idéias, atenta-se contra o senso comum, traem-se os
interesses nacionais, aceita-se a mentira como norma, enlameiam-se os bons e
exalta-se a escória, e, nos hiatos, ocupa-se o tempo com chicanas, vigarices e
miudezas.
Pergunta: dá para ser moderado,
cortês ou tolerante num ambiente desses?
Imaginem, por exemplo, como seria num
debate sobre o "kit gay" destinado a ensinar pederastia a crianças
nas escolas primárias. Ou aquele outro projeto, que obriga o Estado a
proporcionar cirurgia de mudança de sexo a menores de idade, sem sequer
consultar os pais. Apenas dois exemplos entre centenas.
Como reagir diante de insultos à
inteligência, à decência e ao senso comum? Moderadamente? Com tolerância? Por
favor me ensinem como se faz para ser moderado, tolerante ou cortês nesses
casos. Mormente quando se está rodeado de gente que, por estupidez, medo ou
interesse, permite que esses projetos passem, sem perceber que estão preparando
a destruição do País.
Caros amigos, essa defesa do
Bolsonaro é desinteressada, porque sequer o conheço pessoalmente; e pragmática,
porque o objetivo não é, como diziam nos meus tempos de botequim, colocar
azeitona na empada dele, ou coisa parecida.
O objetivo é outro: atacar a
constituição de 1988 dentro da mesma constituição de 1988. Porque, novamente
repetindo refrões: ou o Brasil termina com ela, ou ela liquidará o Brasil.
E Bolsonaro, meus amigos, pode ter os
defeitos que tiver. Mas é carismático, bom de voto e tem ilimitadas
perspectivas de crescimento junto ao eleitorado - inclusive o eleitorado do
petê - nos próximos dois anos de crise cada vez pior.
Todo esse longo preâmbulo é para
enviar-lhes - se ainda tiverem paciência - o artigo deste mês, publicado no
jornal Inconfidência.
AC Portinari Greggio
Especialista em Assuntos
Estratégicos.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
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