José Casado
(*)
Por
suspeita de corrupção, a Caixa Econômica Federal iniciou uma revisão dos atos
de seus executivos responsáveis pela gestão do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço nos últimos cinco anos. Abriu uma dezena e meia de inquéritos internos
para apurar “eventual prática de atos lesivos” em negócios do fundo FI-FGTS.
Treze deles foram iniciados nas últimas duas semanas.
Trata-se
de um fundo de investimentos de natureza privada, sob administração da Caixa —
um banco público —, que na última década empenhou R$ 30 bilhões em projetos
escolhidos como prioritários pelos governos Lula, Dilma e Temer. Essa montanha
de dinheiro pertence aos 41 milhões de trabalhadores cotistas do Fundo de
Garantia. Seu tamanho é suficiente, por exemplo, para cobrir duas vezes o buraco
aberto nas finanças do Estado do Rio.
Investigações
do Ministério Público e da Polícia Federal indicam perdas superiores a 10% do
valor dos ativos do FI-FGTS. Na origem estão financiamentos suspeitos a
empresas privadas, decididos em áreas da Caixa loteadas entre o PT e seus
antigos aliados do PMDB, entre eles Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima.
Esses
prejuízos tendem a ser multiplicados, porque é grande a vulnerabilidade dos
sistemas de controle da Caixa, agora desnudada nas milhares de páginas das ações
na Justiça Federal. Elas revelam padrões de caos administrativo em negócios
bilionários de grupos como JBS, J&F Investimentos, Marfrig, Bertin/Contern,
BR Vias, Oeste-Sul, OAS, Comporte, Big Frango, Inepar, Digibrás e Haztec, entre
outros. Nas confissões há relatos de contratos assinados em boates. O suborno
variava entre 10% e 30% — quando da “comissão” de um terço do valor do
contrato, o empresário levava “garantias” de que não seria importunado com a
cobrança do empréstimo. Os detalhes sobre tráfico de influência, improvisos e
métodos incompatíveis com a racionalidade caracterizam a festa com dinheiro dos
trabalhadores em negócios obscuros, sob ostensivo patrocínio do PT e do PMDB e
encobertos por uma estrutura sindical-corporativista.
É
inexplicável que a Caixa tenha demorado ano e meio para começar a investigar
suspeitas em negócios com dinheiro do Fundo de Garantia. Ministério Público,
Polícia Federal e Controladoria-Geral da União (CGU) estão no caso há 18 meses.
A CGU tentou obter uma série de documentos. Às vésperas do Natal de 2015,
recebeu alguns dos papéis solicitados. Quase todos censurados.
A Caixa
impôs tarjas pretas sobre 90% das páginas dos relatórios sobre as suas decisões
de investir recursos do Fundo de Garantia em negócios privados. Um deles, o
baiano OAS, recebeu R$ 500 milhões quando já estava à beira da falência.
A
decisão tardia sobre os inquéritos internos evidencia uma rede de cumplicidades
entre políticos, empresários e burocratas nesse banco público.
O Globo
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: Romênia, Brasil, França, ... a
corrupção corre solta. As corporações políticas, no caso os partidos, desde há
muito são dirigidos por bandidos. Partidos políticos não passam de quadrilhas
legalizadas, autorizadas a “operar”.
São eles, os partidos, que impõem os candidatos aos cargos
eletivos, e que aos eleitores cabe apenas referendar.
São eles, os donos dos partidos, que
indicam os “gestores” das empresas públicas, quase sempre os mais
inescrupulosos e venais.
A diferença entre os que adotam uma
política fiscal sob controle, as quadrilhas de direita, e os que adotam uma
política fiscal irresponsável, as quadrilhas de esquerda, é que no primeiro
caso, o barco segue flutuando e no segundo, afunda. No mais, ambos, pelo menos
no Brasil, são ladrões.
Este processo nada tem de
democrático.
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