Vittorio Medioli
Ora, a
primeira resposta seria “sim”, mas, pensando um pouco, chega-se à conclusão de
que isso devastaria o mundo e poderia levar ao caos. Não haveria mais segredos
a velar a intimidade de quem quer que seja. Desmoronariam a fachada das pessoas
e as relações entre elas. Tudo seria visível ao conhecimento nítido e abrangente
de quem tivesse acesso a essa “coisa” inacreditável.
Justamente
pensando nisso, o papa Pio XII, em 1953, quando um grupo de cientistas lhe
apresentou o invento, chamado de “Cronovisore”, decidiu sequestrá-lo,
desmontá-lo e guardá-lo nas profundezas das criptas do Vaticano, em Roma,
impondo sigilo absoluto aos descobridores.
Esses
eram dois padres cientistas, Agostino Gemelli, franciscano, reitor da
Pontifícia Academia de Ciências, e Pellegrino Ernetti, beneditino, exorcista e
diretor da escola de estudos de música sagrada em Roma. Exigiu-se de ambos a
obediência sobre o segredo de todas as imagens filmadas em preto e branco. O
cronovisore é descrito como um conjunto de antenas de metais nobres e de
filtros que sintonizavam-se por coordenadas permitindo assistir cenas e sons
num tela de tevê.
O papa
pôde assistir as estrepitosas imagens de Cícero, Napoleão e Mussolini e à
crucificação de Jesus Cristo, no ano de 36 d.C. (e não 33 d.C.). Frei Agostino
Gemelli (1878 – 1959), reitor da Pontifícia Academia das Ciências, que contava
com 11 prêmios Nobel e ilustres colaboradores como Enrico Fermi e Wernher von
Braun, estava acima de qualquer charlatanismo. Era acompanhado do musicólogo
padre Pellegrino Ernetti (1925 – 1994) que em seguida ficou recolhido na abadia
da ilha de São Jorge, em Veneza – onde morou o resto da vida.
Na
Itália, das décadas de 20 até 60, cientistas de excepcional categoria, como
Marconi e Fermi, estimularam um filão de estudos sobre ondas gravitacionais,
que continua até hoje na localidade de Cascina, província de Pisa, e tem como
laboratório uma ilha do Mediterrâneo, mantida como “top secret”.
Tudo
ficaria obliterado e enterrado para sempre, como ordenou o papa Pio XII, se o
repórter italiano Vincenzo Maddaloni, despertado por comentários inusitados que
corriam em Milano e Roma não tivesse entrevistado frei Pellegrino Ernetti e se
convencido de que o Cronovisore existiu e sumiu.
Dessa
forma, a mais lida revista da Itália, “La Domenica del Corriere”, publicou, em
2 de maio de 1972, a chocante história do aparelho Cronovisore.
Cronos,
o mitológico deus de um tempo, que, nas telas dos primeiros aparelhos de
televisão da década de 50, era desvelado impiedosamente.
O “visor
do tempo” sintonizava-se que qualquer registro guardado no “akasha”, termo
indiano que indica o reservatório da memória universal, indelével e
indestrutível.
Padre
Gemelli e padre Ernetti são considerados, até hoje, cientistas consagrados –
esse último resgatou músicas de mais de 5.000 anos, egípcias, gregas e árabes.
O
repórter Maddaloni não conseguiu tirar nenhuma prova cabal de frei Ernetti,
apenas relatos, já que, atendendo a ordem pontifícia, o monge se desfez de
tudo.
Mas, na
ânsia de produzir o maior furo da história, queimou a fama de padre Ernetti,
estampando no jornal uma foto que nada tinha a ver com as imagens realizadas
por Ernetti com o Cronovisore. Fez, contudo, um favor ao monge, que passou por
charlatão espantando o interesse desenfreado dos serviços de inteligência do
mundo inteiro.
Padre
Ernetti silenciou-se e saiu do cerco que sofria na época passando por impostor
barato quando se descobri que a imagem publicada na revista era reprodução do
Cristo na cruz, realizado por Coullaut Valera sob orientação da visionária
estigmatizada irmã Esperança de Jesus, guardada na Igreja de Collevalenza, em
Todi, na Itália.
Hoje, a
internet, inexplicável pela velocidade de seu alcance, tem algo de milagroso e
permite deixar crível que desvendar o conjunto de ondas vibracionais do passado
poderia permitir penetrar na esfera que os padres italianos teriam acessado,
abrindo o túmulo da verdade que descansava em paz.
Jornal O Tempo
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