Jose Mauricio de
Barcellos
Tenhamos coragem de pensar, com independência. São especiais e verdadeiramente mirabolantes as teorias construídas por festejados especialistas, acerca do que ocorreu com o Brasil, digamos nos últimos cinquenta anos. Registre-se. As teses destes Autores partem do pressuposto que se deve preservar o “establishment” e o Estado grande e intervencionista, como concebido. Discorrem sobre tudo, com rara proficiência, mas desdenham, com soberba e facciosismo, um fato importante, qual seja, há mais de meio século que este País é liderado e administrado por uma minoria corrupta e incompetente, nominada como “a classe política”. É tudo tão simples quanto isto. Não adianta bordar em cima do tema. Inobstante as conjunturas, favoráveis ou adversas que ocorreram ao longo do tempo, a conclusão é óbvia e há que se ter peito para proclamá-la: - a única responsável por essa atual “massa falida” (por assim dizer) é a classe política, deste País.
Essa gente se divide em dois grandes grupos: “os canalhas e os covardes”. É evidente que um imbecil ou outro, todos fundamentalistas de esquerda, incultos e mal intencionados como sempre, objetarão gritando que existem exceções e que, de minha parte, se trata de uma visão nada técnica, míope ou simplória. Aí, caso não escrevam exceção com quatro “esses”, responderei que hoje, já entrado nos anos, conheço apenas duas. A primeira referente a um velho político de uma grande cidade do interior do Rio de Janeiro e, a segunda, relativa a um senador, pelo Amazonas que, entojado resolveu abandonar a política, mas morreu antes disso, acrescentando que, por óbvio, as outras seriam meros “desvios para confirmar a regra”. São poucas andorinhas, não fazem verão.
Os canalhas são conhecidos de todo mundo, visíveis a “olho desarmado”, e os covardes seriam aqueles que sempre conviveram bem com os canalhas, usufruindo e se locupletando, sem rebuço, de todas as regalias, vantagens, privilégios e preferências que para os próprios eles criaram, oficial e extraoficialmente, sem nunca ter movido uma palha para afastar do seu convívio os patifes que os cercam diariamente. Ambos os grupos são igualmente inconfiáveis.
Não quero me perder em filigranas históricas e sociológicas. Generalizo. Temos que desde a “velha república” até o final da década de noventa, o véu que encobria a reputação da classe política enuviava a real situação. De 2000 para esta parte, entretanto, esses grupos de ignóbeis se revelaram sem pudor, somente não os vê quem não quer ou aqueles que desejam encontrar as soluções para os problemas do País, sem molestar a nefasta classe política, mesmo diante dos escândalos escancarados diariamente. Ainda que se resolva o problema econômico do Brasil, ainda que o País entre nos trilhos, não se tornará uma Nação prospera, civilizada e justa com essa gente que aí está, e muito menos enquanto o povo estiver pagando caro por isso.
Para melhor encaminhar o assunto vou passar a me referir aos políticos que atuam na esfera federal. Contudo, bem se sabe que nos Estados e nos Municípios as classes atuantes são tão reles quanto à primeira.
O Congresso é pior do que o Planalto, e o é pela singela razão de que lá se registra um número maior de canalhas ou de covardes e pondere-se, um só político vil e corrupto, no Executivo ou no Legislativo, dentre os muitos acusados de crimes infames contra o Brasil, já seria suficientemente vergonhoso e, irremediavelmente, comprometedor.
A classe política é tão ruim, neste País, que conseguiu apodrecer as mais importantes e legítimas instituições, corrompendo-as e cooptando seus membros.
Vejam a que ponto chegou. Comparem os conceitos de ilibada reputação (que deve ser desnudado e investigado desde a tenra infância) e o de notabilíssimo conhecimento técnico-jurídico, que são exigidos dos Membros das mais Altas Cortes dos Países desenvolvidos e civilizados, com os que se constatam no Brasil. É por isso – e não mais – que aqui têm integrantes daqueles Órgãos do Judiciário suspeitos de parcialidade, de desonestidade, de corrupção, de nepotismo, de ignorância, de despreparo ou de vínculo pessoal com bandidos militantes de agremiações político-partidárias, e etc. Relembrem o que disse acerca dos “bandidos de toga”, uma destemida Ex-ministra eCorregedora-Geral da Justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Antes fosse somente isso, mas não é só assim. A chamada máquina pública - que o político aparelha e que dela se locupleta – integrada por instituições, órgãos e repartições do executivo, do legislativo e do judiciário, cujo custo, direto e indireto, consomem quase tudo que o Brasil produz, está repleta e dominada por corruptos e incompetentes, estes últimos que reputo mais nocivos do que os primeiros, por isso que, acolitados pelo político safado, passam décadas a fio dando prejuízos à Nação, por conta de sua burrice e prepotência. Foram e são bilhões e bilhões de “dinheiros” jogados fora, por conta de obras e projetos, absolutamente impróprios e desnecessários.
O Brasil amarga e chora esta realidade. O homem comum, desempregado ou não, tem que retornar para casa e para a família, todo santo dia, humilhado, envergonhado, triste e impotente diante de tanta ignomínia e sordidez, isto quando não volta porque ainda perdeu a vida nas mãos dos facínoras que a esquerda no Brasil prestigia e ampara ou abandonados nas filas e nas portas dos hospitais, dos quais se roubou a verba alocada. Até quando se vai suportar isso? A meu ver, para este estado de coisas não existe solução, sem que ocorra uma fantástica ruptura. É uma “boutade” se falar de democracia, quando não há sinceridade de propósito dos principais atores do regime, que são incompetentes e desonestos.
Convenha o ilustre leitor. Não há um só político de carreira que abrirá mão de suas vantagens e prerrogativas, em prol do Brasil.
Não esperem os homens do bem, deste País, que oráculos do socialismo moreno e da esquerda tupiniquim, bem como salvadores da pátria, líderes de plantão com pose de sábios, heróis, ídolos ou formadores de opinião, fabricados pela esperta mídia, façam alguma coisa por nossa sociedade. Não fizeram até aqui nada de espetacular ou suficiente, e não o farão até que morram encastelados nas suas privilegiadas posições e cercados de suas riquezas, quando, então, serão substituídos por outros iguais a eles.
Consultem suas consciências e respondam para seus botões: - vocês acham que alguns daqueles canalhas, covardes ou seus substitutos e comparsas deixarão de serem reeleitos no próximo pleito?
Já ouvimos, por exemplo, de repugnantes caciques da política que, tendo eles feito muito pelo Brasil (?), têm o direito de, no mínimo, desfrutar dos helicópteros e aviões da FAB para atender interesses pessoais, e também de outras odiosas benesses semelhantes. Não queremos nos iludir mais. Nenhum daqueles infames deixará, por conta própria, a política. A exemplar, destemida e fantástica “Operação Lava-Jato” só secará uma gota, deste oceano de lama. Pouquíssimos serão os punidos e todos aqueles que assim pretenderem seguir nos seus mandatos nojentos voltarão para a vida pública, “absolvidos nas urnas” e, com o dedo em riste dirão: “- me acovardei, traí e roubei, mas voltei absolvido para tornar a delinquir”. Pobre Brasil.
Jose Mauricio de Barcellos
ex
Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado
Diário do Poder
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