Euronews
François
Fillon pediu desculpa aos franceses por ter dado emprego à mulher e aos filhos,
mas não se retira da corrida presidencial. A justiça continua a investigar o
caso que envolve o candidato da direita conservadora ao Eliseu.
O que pensam os eleitores?
“Julgo
que as pessoas ficaram desapontadas. Ele (Fillon) apostava tudo na questão da
integridade e da moralidade. Agora, acho que é tarde demais”.
“É
preciso que as coisas mudem. Todos trabalhamos, todos temos famílias para
sustentar. As nossas mulheres também trabalham mas não à custa de dinheiros
públicos”.
“Todos
estes casos engendrados por Nicolas Sarkozy e pela sua equipa e agora François
Fillon são preocupantes”.
“Não
estou contra ele. Porquê? Não terão os políticos que estão hoje no poder feito
o mesmo ou pior?”
Esta
última opinião é sintomática de um sentimento que lavra entre os franceses. Segundo uma sondagem, 54% da população considera que os
responsáveis
políticos são corruptos, principalmente os membros do governo e os deputados.
Mais de 80% deseja uma renovação da classe política e motivos não faltam:
O
ex-presidente Nicolas Sarkozy está para responder perante a justiça por alegado
financiamento ilegal da sua campanha eleitoral de 2012, em que perdeu para
François Hollande.
Outro
ex-presidente, Jacques Chirac foi condenado a dois anos de prisão com pena
suspensa por desvio de fundos públicos. Um crime semelhante valeu também
uma pena suspensa ao ex-primeiro-ministro Alain Juppé.
A França
tem um longo historial de escândalos financeiros envolvendo políticos e há
razões para preocupação.
No índice de perceção da corrupção da Transparency International,
a França é um dos maus alunos da Europa. Ocupa a 23.ª posição num ranking com 176 países. Está
melhor classificada do que Itália, Espanha, Roménia ou Portugal, mas bem longe
da Alemanha, Reino Unido ou da Dinamarca, que lidera a tabela.
Para
tentar mitigar o problema, em 2013, França adotou uma lei sobre a transparência dos titulares de cargos públicos e de
luta contra os crimes financeiros.
Na
legislação lê-se que “os membros do governo, os titulares de um mandato local e
as pessoas encarregues de uma missão de serviço público devem (…) prevenir ou
acabar imediatamente com qualquer conflito de interesses”.
A lei
foi redigida na sequência do caso de Jerôme Cahuzac, o antigo ministro de François
Hollande, responsável pelo Orçamento de Estado, que foi condenado a três anos
de prisão por ter contas na Suíça e em Singapura que não declarou ao Fisco.
Prisão também para o antigo ministro da Administração Interna de Nicolas
Sarkozy, Claude Guéant, por desvio de fundos públicos num dos muitos
escândalos em que está implicado.
Cada
novo caso dá força aos argumentos da “Frente Nacional, que há muito tempo fala
da corrupção dos políticos”, explica o analista Renaud Payre.
No
entanto, o partido populista de extrema-direita também não escapa às
suspeitas. O Parlamento Europeu exige que Marine Le Pen devolva 300 mil
euros pagos a uma secretária que estaria na verdade a trabalhar para a Frente
Nacional. As declarações de património e o financiamento das
campanhas dos Le Pen também estão a ser investigados pela justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário