AFP
Após
Paris, Nice e Berlim, a Suécia paga caro por sua generosa política migratória:
as declarações de Donald Trump surpreenderam os suecos, mas o que há de verdade
na relação entre imigração, delinquência e terrorismo no país escandinavo?
- O que Donald Trump disse?
"Vejam
o que está acontecendo na Alemanha, o que aconteceu ontem à noite na Suécia. A
Suécia, quem iria acreditar? Suécia. Eles receberam muitos refugiados e agora
estão tendo muitos problemas que jamais imaginaram", afirmou o presidente
americano em um discurso em Malbourne (Flórida).
Nada
aconteceu de grave na sexta-feira à noite na Suécia, e Trump afirmou que se
referia a uma reportagem veículada na Fox News passando a imagem de um país
inflamado.
Ele
publicou nesta segunda-feira um tuíte acusando, sem nomear, alguns meios de
comunicação de minimizar a situação: "Os meios de comunicação FAKES querem
nos fazer acreditar que a imigração em larga escala funciona bem na Suécia.
NÃO!"
- Já houve atos de terrorismo na
Suécia?
Sim, mas
não desde a onda migratória histórica de 2014-2015, que viu a Suécia acomodar
244.000 requerentes de asilo (34% de sírios e 10% de iraquianos), a maior
proporção per capita na Europa.
Em 11 de
dezembro de 2010, um sueco de origem iraquiana, Taymour Abdel Wahab, morreu ao
se explodir numa rua de pedestres no centro de Estocolmo, causando dois feridos
leves.
Mais
recentemente, a Casa Branca incluiu numa lista de 78 ataques terroristas sobre
os quais os meios de comunicação falaram muito pouco um ataque com coquetel
Molotov em outubro contra um local de oração muçulmano (xiita) em Malmö (sul).
Um sírio foi preso no caso, que não deixou feridos.
A ameaça
terrorista é considerada elevada na Suécia, com o retorno gradual de dezenas de
pessoas que se juntaram às fileiras do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Um
jihadista sueco preso na Bélgica, Osama Krayem, é considerado um elo entre os
grupos que atacaram Paris, em novembro de 2015, e Bruxelas, em março de 2016.
- A criminalidade aumentou?
De
acordo com estatísticas oficiais, o ano em que o número de ataques per capita
foi o mais alto em 2011, antes da recente onda de imigração.
O
polícia sueca não estabelece estatísticas étnicas. No entanto, atribuiu em 2016
um código aos delitos envolvendo imigrantes muito recentes.
De
acordo com um oficial da polícia citado pelo jornal Dagens Nyheter no início de
2016, este código foi aplicado a 1% das investigações, mais ou menos a
participação dos imigrantes na população.
Em
janeiro de 2016, o assassinato de uma assistente social por um refugiado etíope
chocou o país. Os requerentes de asilo foram vítimas de crimes: no ano passado,
92 abrigos foram incendiados.
- A criminalidade é maior entre os
estrangeiros?
Sim, O
Conselho Prevenção do Crime (BRÅ) sueco realizou estudos apontando que os
migrantes são em média duas vezes mais representados nas estatísticas da
delinquência que as pessoas nascidas de dois pais suecos.
Mas os
mesmos estudos mostram que, em condições sociais comparáveis, o risco é quase
equivalente.
Na
Suécia, o desemprego de pessoas estrangeiras é quatro vezes superior que entre
as pessoas nascidas na Suécia.
- Existem zonas sem lei na Suécia?
Não, mas
a segregação é real nas grandes cidades. E os serviços de Estado (polícia,
bombeiros, Samu) são regularmente alvos de vandalismo em alguns bairros ditos
sensíveis.
A Suécia
continua a ser um dos países com os menores índices de criminalidade no mundo,
com uma taxa de homicídio de 1,1 por 100.000 habitantes em 2015 (fonte: BRÅ),
4,5 vezes menos que nos Estados Unidos (4,9 segundo FBI).
Agence
France-Presse
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