sábado, 1 de outubro de 2016

Crime Organizado não ameaça: comanda o Brasil

Jorge Serrão

“A última coisa que nós podemos desejar é a presença do crime organizado no sistema político”. Esta frase dita pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, pode ser interpretada como uma imperdoável ingenuidade ou como uma tentativa inútil de mascarar a realidade objetiva sobre a hegemonia da criminalidade institucionalizada no Brasil. É assim que nosso regime (pretensamente) democrático vai tropeçando...

Prova de que o crime comanda o Brasil é dada pelo TSE presidido pelo supremo ministro Gilmar. Em parceria com “Tribunal” de Contas da União, a “Justiça Eleitoral” detectou doações eleitorais superiores a R$ 300 milhões feitas por 46,6 mil desempregados, 22,3 mil “pobres” beneficiários da Bolsa Família e, para piorar a morbidez da corrupção tupiniquim, por 143 doadores falecidos.

Ultimamente, a política no Brasil tem se transformado em caso de Polícia. A judicialização da politicagem virou um perigoso lugar comum porque a organização criminosa institucionalizada, com má gestão e roubalheira, se tornou visível perante a população. Jovens na Polícia Federal, na Receita Federal e no Ministério Público, junto com alguns magistrados que agiram com mais rigor legal, deram mais transparência ao combate à corrupção.

A publicidade sobre esse trabalho (dever de ofício dos servidores da área de Polícia e Judiciária) alimentou as grandes manifestações públicas que foram decisivas para a queda de uma Presidente da República. Só é lamentável e importante lembrar que a estrutura corrupta e corrompida continua em vigor, apesar do impedimento da Dilma Rousseff. É a verdade que nos dói.

As instituições brasileiras foram rompidas pela ação politicamente calculada do desgoverno do crime organizado. Facções criminosas tornaram o sistema político refém de esquemas que contrariam o interesse público. A danosa hegemonia do crime institucionalizado, contaminando e controlando a máquina de todos os poderes, cumpre o papel canalha de manter o Brasil, artificialmente, na miséria e no subdesenvolvimento. Por isto, a única solução é mudar a estrutura do sistema estatal brasileiro, através de um Pacto Democrático Instituinte: uma Intervenção Cívica Constitucional.

O Brasil tem de ser reinventado com uma Constituição mais enxuta, autoregulável, com plena fiscalização do cidadão através de auditorias, corregedorias e conselhos formados por eleitores. O enxugamento legal é imprescindível. O atual regramento excessivo só facilita a ação criminosa. Punições acontecem eventualmente. Ou, então, ocorrem na base do rigor seletivo, que é a negação democrática do processo judicial, punindo apenas quem for considerado “inimigo de ocasião”, enquanto a essência da estrutura criminosa permanece intocável.

Não se combate efetivamente o crime organizado sem antes mexer na estrutura que permite sua implantação, consolidação e “prosperidade”. Por enquanto, com o empenho de servidores do judiciário até transformados em “heróis nacionais”, estamos melhor que no passado. No entanto, o que ocorre na prática se assemelha a um “enxugamento de gelo”. Alguns começam a ser punidos, mas todos sabem que nosso sistema jurídico, no final das contas, poderá salvá-los com a ajuda de infindáveis recursos (judiciais e financeiros).

O juiz Sérgio Moro tem razão quando argumenta que a prisão cautelar e métodos especiais de investigação são necessários para quebrar o círculo vicioso da corrupção – que é sistêmica e institucionalizada, afetando os poderes executivo, legislativo, judiciário e até o militar. Não há mal nenhum em defender remédios excepcionais contra a corrupção. O perigo é quando a exceção começa a virar regra. No Brasil isto acontece comumente. Este é o perigo... Precisamos de Judiciário e não de Judasciário, por mais bem intencionado que seus membros possam parecer...

Por isso, a cada instante, ganha mais força e importância a ampliação do debate político e jurídico. Não podemos ficar reféns de falsas soluções autoritárias que apelem para a mera “judicialização da política” com medidas “falsomoralistas” ou simplesmente inquisitoriais, no pior estilo de injustas caças às bruxas. Sem exaustivo e incansável debate, focado em soluções e não nos inúmeros problemas, vamos continuar no ritmo de “mais do mesmo”.

Mudar o Brasil é urgente urgentíssimo. O Crime Institucionalizado não deseja mudanças. No máximo, aceita negociar reformas, para deixar tudo como sempre esteve. Na prática, o crime atua com a barbárie e a sabotagem. Neutralizar a ação criminosa, de imediato, é a prioridade máxima. Só os segmentos esclarecidos da sociedade têm condições de exigir e realizar as mudanças. Sempre foi assim ao longo da História da humanidade. A Revolução Brasileira está em andamento, mesmo que de forma não completamente percebida pela maioria das pessoas. Os criminosos profissionais reagem.

Por isso, não dá mais para aceitar conversas fiadas nem omissões de quem tem responsabilidade pública. O Crime Institucionalizado não apenas ameaça, mas domina o Brasil, em todas as expressões do poder nacional, agindo a partir do processo político. Se não acabarmos com o Crime, ele acabará com os brasileiros, inclusive comprometendo a integridade do patrimônio nacional brasileiro.

Promovamos a Política contra o Crime, para que o crime deixe de liderar a politicagem.   

Alerta Total – www.alertatotal.net



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