Jorge Serrão
Meras
reforminhas legais não vão alterar muito o quadro de combate à corrupção
sistêmica no Brasil. O motivo é simples: o Crime é Institucionalizado. A
estrutura estatal corrompida, com uma máquina corrupta e corruptora, continuará
em vigor, apenas se adaptando às sutis alterações nas leis. A bandidagem é
camaleônica. O sistema permite que ela se reinvente mais rapidamente que o
aparato repressivo. A judicialização da politicagem segue a pleno vapor.
O
conjunto legal com regramento excessivo, cheio de entulhos autoritários,
continuará facilitando a criminalidade. Só ingênuos ou idiotas podem supor que
a mera legislação tem poder de superar a subcultura da impunidade, do
desrespeito sistemático à Lei è à Ordem e dos recursos processuais infinitos.
Só uma profunda mudança de consciência cultural conseguirá alterar o ambiente
judiciário burocrático, muito formalista e lento demais, assombrado por rigores
seletivos, punindo ou poupando quem, quando e como for conveniente aos esquemas
hegemônicos.
Apesar
desse quadro dantesco de injustiça, é preciso apostar no trabalho de quem tenta
lutar contra a corrupção, mesmo que o esforço pareça um enxugamento de gelo. O
grande perigo é que a classe política, mais acuada que nunca com o tsunami
anti-corrupção, tem prontos os botes de jararaca para neutralizar ou detonar
seus "inimigos". Mesmo com alta pressão popular, no final das contas,
quem aprova as leis são os legisladores eleitos. Os corruptos têm plenos
poderes e hegemonia para reformar as leis conforme seus interesses - quase
nunca os mesmos anseios da sociedade ou dos segmentos organizados de pressão
legítima. Eis o nosso drama.
É
preciso lembrar o tempo todo do primeiro teorema do Capitão Nascimento, nos
filmes "Tropa de Elite": "O verdadeiro Inimigo é o
Sistema". A máfia dominante não quer mudanças estruturais. No entanto,
malandramente, aceita "reformas". O perigo é que, durante o
reformismo, os bandidos no Legislativo têm poder real, legal e institucional de
amarrar as regras do jogo conforme seus interesses. Assim, é grande o risco de
emendas saírem piores que o soneto. É preciso insistir e lembrar que tal
fenômeno é recorrente no Brasil cheio de leis que não são obedecidas ou que se
contradizem com outras em plena força e vigor. Tido viabiliza a judicialização
da politicagem em proveito da banda criminosa encastelada nos poderes públicos.
Mesmo
nessa estrutura de Crime Institucionalizado e Corrupção Sistêmica - uma justa e
perfeita, porém ilegítima, Oclocracia (Governo dos Bandidos) -, surpresas podem
acontecer. A segunda metade e final deste mês de novembro promete grandes
emoções nos tribunais. A Lava Jato entra em uma fase crítica, com várias
acareações decisivas para o indiciamento de tubarões e outros bichos do mar
menos ou mais votados. A homologação das delações premiadas de dirigentes da
Odebrecht tende a abrir o portal do inferno para a cúpula de políticos que
lideram os esquemas de corrupção. Eduardo Cunha também tem muito a revelar...
Antônio Palocci é outro arquivo-vivo... O destino de dois ex-governadores do
Rio de Janeiro presos, no momento em que a violência sai do controle em tempos
de falência real estatal, torna a conjuntura ainda mais tensa e surpreendente.
O Brasil
segue no ritmo do mais do mesmo. O Presidente Michel Temer tem problemas
insolúveis em seu desgoverno. Não será fácil provar que não é refém dos aliados
corruptos que o cercam. Enquanto isso, a economia segue em compasso de espera.
Os grandes investimentos continuam aguardando o momento de estabilidade
política que parece, a cada dia, mais longe de chegar. Acuadas por bandidos e
pela estrutura estatal criminosa/corrupta, enquanto assistem a uma guerra
autofágica de todos contra todos os poderes, as pessoas comuns começam a ficar
ainda mais de saco cheio e reativas, transformando o Brasil em um barril com
pólvora acesa.
Quando
ocorrerá a explosão social no Brasil de Pólvora, em clima concreto de guerra
civil não-declarada?
Eis a
resposta que os analistas militares nem querem dar, porque serão obrigados a se
mexerem quando a situação sair do controle...
Alerta Total
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