quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Quando o Brasil de Pólvora vai explodir?

Jorge Serrão

Meras reforminhas legais não vão alterar muito o quadro de combate à corrupção sistêmica no Brasil. O motivo é simples: o Crime é Institucionalizado. A estrutura estatal corrompida, com uma máquina corrupta e corruptora, continuará em vigor, apenas se adaptando às sutis alterações nas leis. A bandidagem é camaleônica. O sistema permite que ela se reinvente mais rapidamente que o aparato repressivo. A judicialização da politicagem segue a pleno vapor.

O conjunto legal com regramento excessivo, cheio de entulhos autoritários, continuará facilitando a criminalidade. Só ingênuos ou idiotas podem supor que a mera legislação tem poder de superar a subcultura da impunidade, do desrespeito sistemático à Lei è à Ordem e dos recursos processuais infinitos. Só uma profunda mudança de consciência cultural conseguirá alterar o ambiente judiciário burocrático, muito formalista e lento demais, assombrado por rigores seletivos, punindo ou poupando quem, quando e como for conveniente aos esquemas hegemônicos.

Apesar desse quadro dantesco de injustiça, é preciso apostar no trabalho de quem tenta lutar contra a corrupção, mesmo que o esforço pareça um enxugamento de gelo. O grande perigo é que a classe política, mais acuada que nunca com o tsunami anti-corrupção, tem prontos os botes de jararaca para neutralizar ou detonar seus "inimigos". Mesmo com alta pressão popular, no final das contas, quem aprova as leis são os legisladores eleitos. Os corruptos têm plenos poderes e hegemonia para reformar as leis conforme seus interesses - quase nunca os mesmos anseios da sociedade ou dos segmentos organizados de pressão legítima. Eis o nosso drama.

É preciso lembrar o tempo todo do primeiro teorema do Capitão Nascimento, nos filmes "Tropa de Elite": "O verdadeiro Inimigo é o Sistema". A máfia dominante não quer mudanças estruturais. No entanto, malandramente, aceita "reformas". O perigo é que, durante o reformismo, os bandidos no Legislativo têm poder real, legal e institucional de amarrar as regras do jogo conforme seus interesses. Assim, é grande o risco de emendas saírem piores que o soneto. É preciso insistir e lembrar que tal fenômeno é recorrente no Brasil cheio de leis que não são obedecidas ou que se contradizem com outras em plena força e vigor. Tido viabiliza a judicialização da politicagem em proveito da banda criminosa encastelada nos poderes públicos.

Mesmo nessa estrutura de Crime Institucionalizado e Corrupção Sistêmica - uma justa e perfeita, porém ilegítima, Oclocracia (Governo dos Bandidos) -, surpresas podem acontecer. A segunda metade e final deste mês de novembro promete grandes emoções nos tribunais. A Lava Jato entra em uma fase crítica, com várias acareações decisivas para o indiciamento de tubarões e outros bichos do mar menos ou mais votados. A homologação das delações premiadas de dirigentes da Odebrecht tende a abrir o portal do inferno para a cúpula de políticos que lideram os esquemas de corrupção. Eduardo Cunha também tem muito a revelar... Antônio Palocci é outro arquivo-vivo... O destino de dois ex-governadores do Rio de Janeiro presos, no momento em que a violência sai do controle em tempos de falência real estatal, torna a conjuntura ainda mais tensa e surpreendente.

O Brasil segue no ritmo do mais do mesmo. O Presidente Michel Temer tem problemas insolúveis em seu desgoverno. Não será fácil provar que não é refém dos aliados corruptos que o cercam. Enquanto isso, a economia segue em compasso de espera. Os grandes investimentos continuam aguardando o momento de estabilidade política que parece, a cada dia, mais longe de chegar. Acuadas por bandidos e pela estrutura estatal criminosa/corrupta, enquanto assistem a uma guerra autofágica de todos contra todos os poderes, as pessoas comuns começam a ficar ainda mais de saco cheio e reativas, transformando o Brasil em um barril com pólvora acesa.

Quando ocorrerá a explosão social no Brasil de Pólvora, em clima concreto de guerra civil não-declarada?

Eis a resposta que os analistas militares nem querem dar, porque serão obrigados a se mexerem quando a situação sair do controle...

Alerta Total


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