Claudia Safatle
(*)
A
política macroeconômica está "desbalanceada", com uma gestão fiscal
expansionista e um peso "monumental" sobre a política monetária. É
preciso mudar esse "mix", encorpando o ajuste fiscal de imediato.
Para isso talvez seja necessário
aumentar impostos e/ou reduzir as desonerações.
O fato é
que "teríamos um programa muito mais robusto de enfrentamento da crise, se
o governo não estivesse deixando parte importante do ajuste para o
futuro".
Essas
ponderações foram feitas por Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e
sócio da Gávea Investimentos. Ele não esconde a preocupação com a situação da
economia, em recessão e com imensa dificuldade de esboçar reação; com a
instabilidade política e o desmonte do núcleo mais próximo do presidente da República
(na sexta feira o então ministro Geddel Vieira demitiu-se). Salienta, também, o
risco da aprovação do projeto que anistia a prática de caixa 2. O presidente
poderia até aumentar seu controle sobre o Congresso, mas perderia a sustentação
que tem na sociedade.
Para
ele, um fator que pesou na eleição de Donald Trump nos EUA foi o país ter sido
jogado em uma das maiores crises da história, em 2008/2009, sem que ninguém
fosse preso. Certo ou errado, essa foi uma conta atribuída aos Clinton, já que
o presidente Bill Clinton patrocinou a desregulamentação financeira que estaria
na origem daquela crise.
No
momento em que se esperava que a atividade econômica mostrasse alguma
recuperação, o que está ocorrendo é uma piora dos indicadores antecedentes, com
queda nos índices de confiança, na margem. Arminio não está convencido que a
piora recente da confiança do consumidor, do comércio e da construção indique
um aprofundamento da recessão. Mas também não vê indicações óbvias de retomada.
"Em
um momento de tanta incerteza, o compromisso com um ajuste fiscal para daqui
dois ou cinco anos não tem peso algum no presente. O futuro é descontado de
forma quase absoluta, a uma taxa muito alta. E, como vínhamos dizendo há
tempos, a nova matriz econômica acabou com a economia brasileira. Essas são
coisas que criam uma tensão tremenda", observa. O resultado é que a
atividade não se moveu.
Arminio
aponta, também, outro sinal inquietante. "O que vejo é uma dinâmica da
dívida avassaladora, porque não estão contando com os custos da crise dos
Estados, que só vão crescer. Está cheio de coisas que não aparecem." Cita,
ainda, a elevação substancial dos juros para as pessoas físicas ao longo deste
ano que, além de endividadas, têm que arcar com o crescimento dos serviços da
dívida.
Da
redução da taxa de juros pode vir um importante estímulo à recuperação. O Banco
Central começou a cortar a taxa Selic em outubro, mas também está amarrado em
uma meta de inflação "muito dura", de 4,5% para 2017. Há, nos juros,
uma ampla margem de redução, mas não se sabe se o Comitê de Política Monetária
(Copom), que reune-se esta semana, terá que esperar um pouco mais para acelerar
o passo ou não.
Aflige o
ex-presidente do BC a "paralisia" do governo, que optou por se
concentrar demais em uma ou duas medidas, enquanto a discussão poderia estar
avançando em questões paralelas. Ou seja, o governo está mergulhado na
aprovação da PEC do teto do gasto, e na conclusão da proposta de reforma da
Previdência. Poderia, contudo, estar trabalhando também em uma agenda de
reformas microeconômicas, assim como no aperfeiçoamento do arcabouço legal, por
exemplo, do controle fiscal.
Mesmo
com a vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o país chegou à uma
situação de degradação das contas públicas. É muito provável que a LRF tenha
que passar por reforma para evitar que se repita nova falência do Estado.
Não
estariam os mercados com alta ansiedade à espera de consertos rápidos de
problemas que demandam um tempo político maior? Não estão querendo tudo para
já? A essa pergunta, o ex-presidente do BC responde: "É lógico que todo
mundo quer isso. A tragédia da história é que o governo não tem condições
políticas para entregar soluções imediatas. Essa é uma equação que não
fecha", diz.
"O
Brasil não está condenado e, em algum momento, as coisas vão começar a
mudar." Nisso, Arminio está confiante. "O que incomoda é que, quando
se faz uma análise sobre quem teria a capacidade de liderar a recuperação, as
coisas ficam esquisitas". As empresas estão com grande capacidade ociosa,
"as famílias estão endividadas, e como somos uma economia fechada,
exportadora de commodities, as exportações não respondem tanto ao câmbio",
avalia.
"Do
jeito que a coisa está é difícil crescer mesmo. Mas não é um problema
permanente. Não estamos na situação em que o jogador do time de futebol perdeu
a perna. Ele está meio gordo, com problema de alcoolismo e deprimido. Mas tem
cura." As privatizações e concessões não geram a cura, mas ajudam um pouco
a reduzir a dívida.
Valor Econômico
(*)Comentário do editor do
blog-MBF: este é o economista que seria
Ministro da Fazendo caso o netinho do Tancredo, mais conhecido por Aécio, ou aecim,
vencesse as eleições em 2014.
“Para isso talvez seja necessário aumentar impostos
e/ou reduzir as desonerações.”
É só o que eles sabem fazer. Mexer
no bolso da iniciativa privada e de lá arrancar até a última moeda. Acabar de
vez com os gastos criminosos da máquina pública, nem pensar. Creio que desta
vez vão conseguir falir toda empresa nacional de médio porte para cima. Quem
não conseguir vender a empresa, terá que fechar as portas, ou trabalhar para os
bancos por muitos anos.
A diferença entre os economistas de
esquerda e os de direita, ambos empregados e muito bem remunerados pelos governos
que se sucedem, é que os de esquerda são cretinos irresponsáveis, e os de
direita são cretinos “responsáveis”, ou seja, para continuar mamando
eternamente, os de direita procuram fazer que as contas não fechem no vermelho.
Se empresas fecham, é problema dos empresários. Eles cuidam apenas desta
entidade à parte chamada governo, que tem o poder de extorquir dinheiro dos
cidadãos, amparada no direito da força e não na força do direito.
As Leis eles fazem à revelia da
sociedade, na calada da noite, para dar um verniz de democracia.
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