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Ignorando
apelos de ambientalistas, aliados e empresas tradicionais americanas,
presidente retira país de tratado climático histórico, assinado por quase 200
países, e enfraquece esforços para frear aquecimento global.
O
presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (01/06) que
decidiu retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. Assinado em 2015 por
quase 200 países, o tratado prevê a redução das emissões de gases do efeito
estufa, numa tentativa de frear o aquecimento global.
"A
partir de hoje, os EUA interromperão todas as implementações do Acordo de
Paris e os encargos financeiros e econômicos draconianos que o pacto
impõe ao nosso país", declarou Trump em pronunciamento à imprensa na
Casa Branca.
O
presidente justificou que o tratado, assinado por seu antecessor, Barack Obama,
oferece a outros países uma vantagem injusta sobre a indústria americana e
destrói empregos em seu país. "O acordo pune os EUA", disse.
"Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não de
Paris."
Trump adiantou que
tentará renegociar um acordo sobre mudanças climáticas que seja
"melhor" e mais vantajoso aos Estados Unidos. "Estamos saindo,
mas começaremos a negociar e veremos se podemos fazer um acordo justo. Se
pudermos, será ótimo. Se não, tudo bem também."
Promessa
de campanha, a decisão já havia sido antecipada
pela imprensa americana na quarta-feira, citando fontes oficiais com
conhecimento direto sobre o assunto.
A saída
definitiva do acordo, no entanto, ficará nas mãos dos eleitores americanos.
Isso porque o tratado prevê um processo de retirada que pode levar até quatro
anos, justamente para evitar que a decisão seja tomada por apenas um
presidente. Se Trump não for reeleito, o próximo chefe de governo pode voltar
atrás na decisão do republicano.
Ainda
assim, o anúncio é um golpe notável para líderes estrangeiros, ativistas do
clima, executivos e mesmo membros da equipe do presidente que tentaram
aconselhá-lo a seguir em outra direção.
Aliados,
ambientalistas, empresas tradicionais americanas e setores da
população se
posicionaram veementemente contra a saída do pacto.
Segundo
pesquisas, dois terços dos americanos são a favor de que os EUA honrem os
compromissos assumidos no Acordo de Paris. Companhias como Coca Cola, Apple,
Tesla, e Chevron também defenderam a implementação das medidas de proteção
ambiental.
No
último fim de semana, enquanto participava da cúpula de líderes do G7 na
Sicília, o presidente afirmou em mensagem no Twitter que tomaria a
"decisão final" sobre o assunto nesta semana. Segundo a Casa Branca,
Trump queria escutar os parceiros do G7, o grupo das sete democracias mais
industrializadas do mundo, antes de tomar uma decisão a respeito.
Durante
sua campanha eleitoral, Trump criticou duramente o Acordo de Paris e questionou
as mudanças climáticas, fenômeno que chegou a qualificar de
"invenção" dos chineses. Já como presidente, ele decidiu iniciar um
processo para revisar se interessaria aos EUA continuar fazendo parte do pacto.
O
tratado assinado na capital francesa estabelece metas para reduzir as emissões
globais de gases causadores do efeito estufa, bem como diminuir o uso de
combustíveis fósseis, limitando o aquecimento global ao máximo de 2 ºC acima
dos níveis pré-industriais.
Em
março, em mais um episódio de sua guerra contra o clima, Trump
assinou um decreto dando fim ao chamado Clean Power Plan, projeto central
da política ambiental de seu antecessor, Barack Obama. Implementado em 2015, o
plano fixava limites para as emissões de CO2 por usinas elétricas, obrigando-as
a reduzir suas emissões em um terço em comparação com os valores de 2005.
"Meu
governo está colocando um fim à guerra contra o carvão. Com esta ordem
executiva, tomo um passo histórico para acabar com as restrições à energia
americana, reverter a intrusão do governo e cancelar regulamentações que acabam
com empregos", disse o presidente na ocasião.
Deutsche Welle
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