Carlos Alberto Pinto
Silva
A Violência das Atividades de Guerra
Híbrida na Luta Pelo Poder
1. GUERRA HIBRIDA
Guerra
Hibrida é um conceito recente do estudo da guerra que une forças regulares e
não regulares, desinformação, contrainformação, redes sociais, manifestações
pacificas ou violentas, e, muitas vezes, um pomposo poder de combate em uma
investida limitada.
Suas
estratégias são tão antigas quanto a própria guerra, no entanto, graças ao
aparato tecnológico atual, televisão vista praticamente em todos confins do
planeta e internet disseminada por todos os cantos; ao envolvimento crescente
de atores nacionais ou transnacionais não governamentais na política
internacional; e associações políticas e, até mesmo, religiosas com
organizações criminosas, ganharam nova dimensão, sendo consideradas um novo
estágio da evolução das guerras.
Ela não
se encaixa na, até então, definições de guerras: a convencional (entre dois ou
mais estados) e a assimétrica (entre oponentes com forças extremamente
desiguais). Abrange, a um só tempo, as duas acepções, organizações particulares
com estrutura militar, técnicas terroristas, ciberataques, conexão com
criminosos, insurgência urbana, armas improvisadas (pedras, coquetel molotov,
porretes e etc) e armas de guerra.
Enfim,
trata-se, hoje, da guerra que pode ser empregada por quem tem poder de combate,
mas não possui liberdade de manobra para utilizá-lo, ou por quem enfrenta um
oponente com um poder muito superior ao seu e pretende debitá-lo a ponto de
vencê-lo.
Suas
práticas são desenvolvidas por países e por atores sem vínculos com países,
inclusive nacionais, para desestabilização e a degradação da máquina do Estado,
visando à conquista do poder.
2. ESTARIAM ACONTECENDO ATIVIDADES
DE GUERRA HÍBRIDA NO BRASIL?
A
resposta é sim.[1] Justificando
esse entendimento, é recomendada a leitura dos artigos A Guerra Híbrida Chegou ao Planalto
Central Link eCastrochavismo pleiteia na OEA que
Dilma retorne à Presidência Link.
Fundamenta,
ainda, essa percepção algumas noticias divulgadas pela imprensa:
a. “Há
nessas crises um ingrediente a mais, explosivo, capaz de romper o já frágil
equilíbrio entre os Poderes e de criar um cenário social que termine por
propiciar o florescimento da anarquia” [2].
b.
Cláudio Humberto - 15 de dezembro de 2016
- “Não é
a PEC, é apenas Lula ameaçado de prisão. Em agosto de 2015, no Planalto, o
presidente da CUT ameaçou “pegar em armas” contra o impeachment. Não por acaso,
a CUT patrocinou os protestos violentos desta terça (13 dez), inclusive em
Brasília. ”
-
“Força-tarefa do pânico. Lula fez sua própria força-tarefa, com partidos
aliados e radicais do MST, CUT etc, para tentar garantir sua impunidade pela
intimidação. Luta pela impunidade. Lula foi convencido de que não escapará de
condenação da Lava Jato pela via da Justiça, mas pela “luta nas ruas”.
Acreditou na sandice. ”
-
“Vanguarda do atraso tocou o terror em Brasília. O “Mini - Manual do
Guerrilheiro Urbano”, de Carlos Marighela, é uma prova de que a “esquerda”
brasileira é mesmo a vanguarda do atraso...”
-
“Terror vai se alastrar. A escalada de violência foi inaugurada em Brasília, há
duas semanas, como “projeto piloto”, e se repetiu em outras cidades com
violência semelhante, como no ataque à sede da FIESP. É só o começo.[3]
3. POR QUE CAOS E VIOLÊNCIA?
“Especialistas
ligados às ciências humanas identificam o “dedo do caos” em
revoluções políticas, em transformações econômicas e na modificação de costumes
e regras morais. [4]"
Como
escreveu Engels, citando Marx: “Que a violência, porém, ainda desempenha outro
papel na história” (além de ser agente do mal), “um papel revolucionário, que
ela, nas palavras de Marx, é a parteira de toda a velha sociedade que anda
grávida de uma nova”. (Anti-Dühring)[5]
Em “O
Estado e a Revolução”, diz Lenine: “ É na insurreição armada que se deve
repousar o movimento no impulso revolucionário do povo. Mas é preciso antes,
proceder à educação sistemática do povo. O primeiro objetivo consiste na formação
de um partido operário “capaz de tomar o poder, de dirigir e organizar um
regime novo, de ser o educador, o guia de todos os trabalhadores para a
organização de sua vida social”. A substituição do Estado burguês pelo
proletário é impossível sem revolução violenta. (Obras Completas. Tomo 33)
Em
outras palavras, a tarefa dos revolucionários não é, de maneira nenhuma,
adaptar-se ou conciliar com os setores atrasados ou subordinar-se a ideologia
burguesa, mas sim, elevar a consciência das massas para compreender a
necessidade não só de uma revolução, mas de que ela só é possível se tiver uma
vanguarda organizada, se sua parcela mais consciente se organizar
partidariamente e revolucionariamente.[6]
Para a
revolução ser vitoriosa não bastam a indignação e a revolta popular. É preciso,
antes de tudo, que o movimento de massas seja guiado por uma teoria
revolucionária e dirigido por uma vanguarda organizada. Tal lição foi
sintetizada por V.I. Lênin, grande líder da Revolução Socialista Soviética, de
1917, na frase “sem teoria revolucionária não há movimento
revolucionário”.
Em
sua “teoria do murro no paralítico” Lenine prescreve a
desagregação da máquina do Estado, antes do golpe de força. Trata-se de
aumentar a indecisão governamental e de “apodrecer” as instituições e os
grandes órgãos do Estado. “Todos os meios são bons, se conduzem ao fim”[7]
4. A APOSTA LANÇADA
“Os
partidos de oposição acreditam que vão incendiar as ruas em 2017. Petistas
avaliam que venceram a batalha política da PEC do teto, mesmo com sua
aprovação. Consideram que, com a reforma da Previdência, que não é “assunto
abstrato” (teto), será muito mais fácil mobilizar a população.”[8]
A
Deputada Benedita da Silva declara: ...”sem derramamento de sangue não há
redenção, com a luta e vamos à luta comqualquer que sejam as armas.”
Violência
preparada para exercer um fim fundamentalmente político, ou qualquer tipo de
agressão organizada que procura causar dano, visando interesse político, leva a
atividades de Guerra Híbrida, nova via violenta para a tomada do poder.
5. GUERRA HÍBRIDA NO BRASIL
Estão
acontecendo atividades de guerra híbrida no Brasil, portanto, já nao se trata
de uma pergunta, mas, sim de uma afirmacão.
Internamente,
no país, ultrapassamos a primeira fase de preparação, considerando que a
campanha teve por finalidade a desestabilização e a degradação da máquina do
Estado, e obteve sucesso, nela:
- a
oposição procurou influenciar, através de atividades de uma pseuda elite
cultural[9], por ter a
percepção da influência de uma extensa “classe média não engajada” e que é
capital para chegar ao sucesso, de forma que esses não engajados tornem-se,
mais cedo ou mais tarde, contrários a seus líderes políticos e partidos;
- o
processo da campanha de preparação incluiu tudo, de “apoio à insurgência” a
“aumento da insatisfação por meio de propaganda e esforços políticos e
psicológicos para desabonar o governo”. E conforme cresceu a insurreição,
cresceu também a “intensificação da propaganda, manifestações de protesto
extremamente violentas; e a preparação psicológica da população para a revolta
armada”, através de atividades de Guerra Híbrida[10];
e
-
procurou-se, também, a criação de grupos reativos, ideológicos, classistas e
oportunistas ampliando a massa de manifestantes, e aumentando em muito a
violência.
Enquanto
no campo externo buscou-se legitimação e apoio:
- foram
apresentadas denúncias nos órgãos multilaterais (ONU, OEA, e etc.), e foram
feitas palestras em vários países denegrindo autoridades, instituições, e
normas legais brasileiras;
-
atuou-se junto a Nações ideologicamente amigas, como Equador; Venezuela,
Nicarágua;
-
ofereceu-se denúncias as instituições ligadas aos Direitos Humanos; e
-
usou-se das redes sociais para denegrir o país na área internacional.
Com os
protestos que aconteceram em Brasília em 24 de maio de 2017, passamos às
atividades de Guerra Híbrida: início da fase violenta para a conquista do
poder.
No Campo
Externo[11],
na fase que nos encontramos, prossegue-se na busca:
- do
apoio internacional nas Instituições Multilaterais, nas Nações simpáticas
ideologicamente[12],
e nas denúncias às instituições ligadas aos Direitos Humanos;
- do
apoio material das Nações simpáticas ideologicamente, em especialistas em
Guerra Irregular, Guerra em Rede[13] e
Guerra Psicológica[14];
e
- do
apoio material das Nações simpáticas ideologicamente em recursos militares
(Armamento e munição).
Por
outro lado, no Campo Interno efetiva-se ou incrementa-se:
- o uso
da experiência de conflitos semelhantes em outros países[15];
- a
utilização violenta de paramilitares, táticas terroristas, conexões com
traficantes de drogas e criminosos[16],
insurgência urbana, com a intenção de desestabilizar o governo, de desmoralizar
as autoridades constituídas, os órgãos de segurança pública, e atemorizar a
população;
- a
busca da criação de mártir (manifestante morto ou ferido gravemente) para poder
radicalizar o movimento;
- a
maximização do uso, como massa de manobra, das organizações sociais, dos
sindicatos, e dos estudantes universitários e secundaristas; e··.
- a
Guerra em Rede, a Guerra Psicológica Midiática[17],
e o Letal Terrorismo Urbano.
6. CONCLUSÃO
O Brasil
vive uma inovação, com o emprego de atividades de Guerra Híbrida, para a tomada
do Poder de forma violenta.
Não é um
problema de governo, oposição, parlamento ou judiciário; é um problema de a
Sociedade Brasileira decidir se quer no Brasil uma ditadura do proletariado ou
uma democracia sem corrupção.
Pessoas
que não empregam a violência podem vencer. O uso da violência não transforma
sociedade, escraviza.
Que
todos se preparem, pois negros horizontes se apresentam. Se não houver
participação da sociedade na defesa do estado democrático de direito, eles
voltarão.
Carlos Alberto Pinto
Silva, General de
Exército da reserva, Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando
Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Membro da Academia de
Defesa e do CEBRES.
Alerta Total
Nenhum comentário:
Postar um comentário