segunda-feira, 12 de junho de 2017

Negros Horizontes para o Brasil

Carlos Alberto Pinto Silva

A Violência das Atividades de Guerra Híbrida na Luta Pelo Poder

1. GUERRA HIBRIDA
Guerra Hibrida é um conceito recente do estudo da guerra que une forças regulares e não regulares, desinformação, contrainformação, redes sociais, manifestações pacificas ou violentas, e, muitas vezes, um pomposo poder de combate em uma investida limitada.

Suas estratégias são tão antigas quanto a própria guerra, no entanto, graças ao aparato tecnológico atual, televisão vista praticamente em todos confins do planeta e internet disseminada por todos os cantos; ao envolvimento crescente de atores nacionais ou transnacionais não governamentais na política internacional; e associações políticas e, até mesmo, religiosas com organizações criminosas, ganharam nova dimensão, sendo consideradas um novo estágio da evolução das guerras.

Ela não se encaixa na, até então, definições de guerras: a convencional (entre dois ou mais estados) e a assimétrica (entre oponentes com forças extremamente desiguais). Abrange, a um só tempo, as duas acepções, organizações particulares com estrutura militar, técnicas terroristas, ciberataques, conexão com criminosos, insurgência urbana, armas improvisadas (pedras, coquetel molotov, porretes e etc) e armas de guerra.

Enfim, trata-se, hoje, da guerra que pode ser empregada por quem tem poder de combate, mas não possui liberdade de manobra para utilizá-lo, ou por quem enfrenta um oponente com um poder muito superior ao seu e pretende debitá-lo a ponto de vencê-lo.

Suas práticas são desenvolvidas por países e por atores sem vínculos com países, inclusive nacionais, para desestabilização e a degradação da máquina do Estado, visando à conquista do poder.

2. ESTARIAM ACONTECENDO ATIVIDADES DE GUERRA HÍBRIDA NO BRASIL?
A resposta é sim.[1] Justificando esse entendimento, é recomendada a leitura dos artigos A Guerra Híbrida Chegou ao Planalto Central Link eCastrochavismo pleiteia na OEA que Dilma retorne à Presidência Link.

Fundamenta, ainda, essa percepção algumas noticias divulgadas pela imprensa:

a. “Há nessas crises um ingrediente a mais, explosivo, capaz de romper o já frágil equilíbrio entre os Poderes e de criar um cenário social que termine por propiciar o florescimento da anarquia” [2].

b. Cláudio Humberto - 15 de dezembro de 2016
- “Não é a PEC, é apenas Lula ameaçado de prisão. Em agosto de 2015, no Planalto, o presidente da CUT ameaçou “pegar em armas” contra o impeachment. Não por acaso, a CUT patrocinou os protestos violentos desta terça (13 dez), inclusive em Brasília. ”

- “Força-tarefa do pânico. Lula fez sua própria força-tarefa, com partidos aliados e radicais do MST, CUT etc, para tentar garantir sua impunidade pela intimidação. Luta pela impunidade. Lula foi convencido de que não escapará de condenação da Lava Jato pela via da Justiça, mas pela “luta nas ruas”. Acreditou na sandice. ”

- “Vanguarda do atraso tocou o terror em Brasília. O “Mini - Manual do Guerrilheiro Urbano”, de Carlos Marighela, é uma prova de que a “esquerda” brasileira é mesmo a vanguarda do atraso...”

- “Terror vai se alastrar. A escalada de violência foi inaugurada em Brasília, há duas semanas, como “projeto piloto”, e se repetiu em outras cidades com violência semelhante, como no ataque à sede da FIESP. É só o começo.[3]

3. POR QUE CAOS E VIOLÊNCIA?
“Especialistas ligados às ciências humanas identificam o “dedo do caos” em revoluções políticas, em transformações econômicas e na modificação de costumes e regras morais. [4]"

Como escreveu Engels, citando Marx: “Que a violência, porém, ainda desempenha outro papel na história” (além de ser agente do mal), “um papel revolucionário, que ela, nas palavras de Marx, é a parteira de toda a velha sociedade que anda grávida de uma nova”. (Anti-Dühring)[5]

Em “O Estado e a Revolução”, diz Lenine: “ É na insurreição armada que se deve repousar o movimento no impulso revolucionário do povo. Mas é preciso antes, proceder à educação sistemática do povo. O primeiro objetivo consiste na formação de um partido operário “capaz de tomar o poder, de dirigir e organizar um regime novo, de ser o educador, o guia de todos os trabalhadores para a organização de sua vida social”. A substituição do Estado burguês pelo proletário é impossível sem revolução violenta. (Obras Completas. Tomo 33)

Em outras palavras, a tarefa dos revolucionários não é, de maneira nenhuma, adaptar-se ou conciliar com os setores atrasados ou subordinar-se a ideologia burguesa, mas sim, elevar a consciência das massas para compreender a necessidade não só de uma revolução, mas de que ela só é possível se tiver uma vanguarda organizada, se sua parcela mais consciente se organizar partidariamente e revolucionariamente.[6]

Para a revolução ser vitoriosa não bastam a indignação e a revolta popular. É preciso, antes de tudo, que o movimento de massas seja guiado por uma teoria revolucionária e dirigido por uma vanguarda organizada. Tal lição foi sintetizada por V.I. Lênin, grande líder da Revolução Socialista Soviética, de 1917, na frase “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”.

Em sua “teoria do murro no paralítico” Lenine prescreve a desagregação da máquina do Estado, antes do golpe de força. Trata-se de aumentar a indecisão governamental e de “apodrecer” as instituições e os grandes órgãos do Estado. “Todos os meios são bons, se conduzem ao fim”[7]

4. A APOSTA LANÇADA
“Os partidos de oposição acreditam que vão incendiar as ruas em 2017. Petistas avaliam que venceram a batalha política da PEC do teto, mesmo com sua aprovação. Consideram que, com a reforma da Previdência, que não é “assunto abstrato” (teto), será muito mais fácil mobilizar a população.”[8]

A Deputada Benedita da Silva declara: ...”sem derramamento de sangue não há redenção, com a luta e vamos à luta comqualquer que sejam as armas.”

Violência preparada para exercer um fim fundamentalmente político, ou qualquer tipo de agressão organizada que procura causar dano, visando interesse político, leva a atividades de Guerra Híbrida, nova via violenta para a tomada do poder.

5. GUERRA HÍBRIDA NO BRASIL
Estão acontecendo atividades de guerra híbrida no Brasil, portanto, já nao se trata de uma pergunta, mas, sim de uma afirmacão.

Internamente, no país, ultrapassamos a primeira fase de preparação, considerando que a campanha teve por finalidade a desestabilização e a degradação da máquina do Estado, e obteve sucesso, nela:

- a oposição procurou influenciar, através de atividades de uma pseuda elite cultural[9], por ter a percepção da influência de uma extensa “classe média não engajada” e que é capital para chegar ao sucesso, de forma que esses não engajados tornem-se, mais cedo ou mais tarde, contrários a seus líderes políticos e partidos;

- o processo da campanha de preparação incluiu tudo, de “apoio à insurgência” a “aumento da insatisfação por meio de propaganda e esforços políticos e psicológicos para desabonar o governo”. E conforme cresceu a insurreição, cresceu também a “intensificação da propaganda, manifestações de protesto extremamente violentas; e a preparação psicológica da população para a revolta armada”, através de atividades de Guerra Híbrida[10]; e

- procurou-se, também, a criação de grupos reativos, ideológicos, classistas e oportunistas ampliando a massa de manifestantes, e aumentando em muito a violência.

Enquanto no campo externo buscou-se legitimação e apoio:

- foram apresentadas denúncias nos órgãos multilaterais (ONU, OEA, e etc.), e foram feitas palestras em vários países denegrindo autoridades, instituições, e normas legais brasileiras;

- atuou-se junto a Nações ideologicamente amigas, como Equador; Venezuela, Nicarágua;

- ofereceu-se denúncias as instituições ligadas aos Direitos Humanos; e

- usou-se das redes sociais para denegrir o país na área internacional.

Com os protestos que aconteceram em Brasília em 24 de maio de 2017, passamos às atividades de Guerra Híbrida: início da fase violenta para a conquista do poder.

No Campo Externo[11], na fase que nos encontramos, prossegue-se na busca:

- do apoio internacional nas Instituições Multilaterais, nas Nações simpáticas ideologicamente[12], e nas denúncias às instituições ligadas aos Direitos Humanos;

- do apoio material das Nações simpáticas ideologicamente, em especialistas em Guerra Irregular, Guerra em Rede[13] e Guerra Psicológica[14]; e

- do apoio material das Nações simpáticas ideologicamente em recursos militares (Armamento e munição).

Por outro lado, no Campo Interno efetiva-se ou incrementa-se:

- o uso da experiência de conflitos semelhantes em outros países[15];

- a utilização violenta de paramilitares, táticas terroristas, conexões com traficantes de drogas e criminosos[16], insurgência urbana, com a intenção de desestabilizar o governo, de desmoralizar as autoridades constituídas, os órgãos de segurança pública, e atemorizar a população;

- a busca da criação de mártir (manifestante morto ou ferido gravemente) para poder radicalizar o movimento;

- a maximização do uso, como massa de manobra, das organizações sociais, dos sindicatos, e dos estudantes universitários e secundaristas; e··.

- a Guerra em Rede, a Guerra Psicológica Midiática[17], e o Letal Terrorismo Urbano.

6. CONCLUSÃO
O Brasil vive uma inovação, com o emprego de atividades de Guerra Híbrida, para a tomada do Poder de forma violenta.

Não é um problema de governo, oposição, parlamento ou judiciário; é um problema de a Sociedade Brasileira decidir se quer no Brasil uma ditadura do proletariado ou uma democracia sem corrupção.

Pessoas que não empregam a violência podem vencer. O uso da violência não transforma sociedade, escraviza.

Que todos se preparem, pois negros horizontes se apresentam. Se não houver participação da sociedade na defesa do estado democrático de direito, eles voltarão.

Carlos Alberto Pinto Silva, General de Exército da reserva, Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.

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