GIL ALESSI
Ex- ministro de Lula e Dilma foi
condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro
O
ex-ministro Antônio
Palocci, o chefe econômico dos governos do PT durante vários anos, foi
condenado nesta segunda-feira a mais de 12 anos de prisão pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Neste processo (o petista responde a
outros) ele era acusado de ter favorecido a empreiteira Odebrecht em contratos
envolvendo a Sete Brasil e um estaleiro para a construção de sondas de
perfuração marítima. Na sentença, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos
processos daOperação
Lava Jato em Curitiba, afirma que Palocci movimentou mais de 10
milhões de dólares em propinas com o auxílio de contas no exterior. Esta é a
primeira condenação do petista no âmbito do esquema de corrupção na Petrobras,
e agora cresce a expectativa para que se concretize seu acordo de colaboração
premiada, que vem sendo negociado com o Ministério Público Federal desde os
primeiros meses do ano.
Ex-ministro
de Lula e Dilma
Rousseff, Palocci está preso preventivamente em Curitiba desde
setembro de 2016, após a 35ª fase da Operação. No mundo político existe o
temor de que o petista arraste em sua delação não apenas os ex-presidentes
petistas e outros caciques partidários, mas também bancos e fundos de
previdência, abrindo uma nova frente da Lava Jato, tendo em vista o bom
trânsito de Palocci com o mercado financeiro. A reportagem não conseguiu entrar
em contato com os advogados do petista.
Com a
condenação do ex-chefe da Casa Civil e ex-titular da pasta da Economia, aumenta
a expectativa para a sentença
de Lula, que pode ocorrer ainda nesta semana. O ex-presidente é réu em
várias ações penais, sendo que em uma delas o petista apenas aguarda o parecer
de Moro - é o caso envolvendo o tríplex no Guarujá. Lula é favorito em todos os
cenários na última pesquisa Datafolha para as eleições de 2018 divulgada nesta
segunda-feira.
Palocci
deve continuar preso até que os termos de seu eventual acordo sejam
confirmados, ou então caso o tribunal se segunda instância reveja a sentença de
Moro. Os pedidos de habeas corpus feitos pela defesa de Palocci ao Supremo
Tribunal Federal foram negados, ao contrário do que a Corte decidiu
nos casos de José Dirceu e Carlos Bumlai, colocados em liberdade no início
de maio. O ministro relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, remeteu o pedido
do petista para o plenário, que ainda não se manifestou sobre o assunto.
Na
sentença, Moro escreveu que "a responsabilidade de um ministro de Estado é
enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica
crimes". De acordo com o juiz, o dinheiro serviu "para remunerar, sem
registro, serviços prestados em campanhas eleitorais, o que representa fraude
equivalente em prestações de contas eleitorais". Na massiva delação
premiada feita pelos executivos e diretores da Odebrecht foi confirmado que
Palocci era o "Italiano" que aparecia nas planilhas de propina da
construtora, sendo ele, de acordo com os colaboradores, o responsável pelos acertos
entre o grupo e o PT.
Moro fez
questão de destacar que os crimes imputados a Palocci "inserem-se em um
contexto mais amplo, revelado nestes mesmos autos, de uma conta corrente geral
de propinas com acertos de até 200 milhões de reais". Neste mesmo processo
Moro também condenou o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que
participaram de inúmeras campanhas eleitorais petistas e já assinaram acordo de
colaboração em abril, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O último não
firmou acordo de delação até o momento, mas acredita-se que a decisão de
Palocci de colaborar com a Justiça possa influenciar Vaccari.
EL PAÍS
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