quinta-feira, 22 de junho de 2017

Macron reestrutura governo após demissão de quatro ministros em três dias

AFP – France Presse
(*)

Demissões foram desencadeadas por renúncia da ministra da Defesa, Sylvie Goulard, envolvida em um caso de supostos empregos fantasmas no Parlamento Europeu. Substitutos não são políticos tradicionais.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou nesta quarta-feira (21) um novo governo após a demissão de quatro ministros em três dias, entre eles o ministro da Justiça, François Bayrou, um aliado-chave, por conta de investigações judiciais.

Desde sua vitória, no domingo, nas eleições legislativas, que lhe deram uma clara maioria, Macron preparava o novo Executivo, que conformou sem apelar praticamente para nenhum peso-pesado da política francesa.

Comandado pelo primeiro-ministro Edouard Philippe, que se mantém no cargo, o gabinete ministerial é integrado por Nicole Belloubet como nova ministra da Justiça.

Os socialistas Jean-Yves Le Drian e Gerard Collomb se mantêm, respectivamente, nas pastas das Relações Exteriores e do Interior.

O conservador Bruno Le Maire permanece como ministro da Economia.

A inesperada renúncia na terça-feira da ministra da Defesa, Sylvie Goulard, envolvida em um caso de supostos empregos fantasmas no Parlamento Europeu, desencadeou as demais demissões, consideraram os meios de comunicação.

Goulard foi substituída nesta quarta-feira por Florence Parly, ex-funcionária de alto escalão, e Nathalie Loiseau, diretora da escola da elite burocrática francesa, a ENA, assumiu o cargo de Assuntos Europeus no lugar de Marielle de Sarnez, que também se demitiu.

Caso incômodo
A investigação judicial aberta em 9 de junho tenta determinar se o partido centrista MoDem, aliado de Macron, deu trabalho a colaboradores na França, pagando com dinheiro do Parlamento Europeu.

O caso é especialmente incômodo para Bayrou, encarregado de elaborar uma lei para a moralização da vida pública, um dos principais objetivos do novo presidente.

A saída de Bayrou é "uma escolha pessoal" que "simplifica a situação", considerou o porta-voz do governo, Christophe Castaner, que explicou que o ministro da Justiça desejava "se defender" no caso dos assistentes parlamentares do MoDem.

Bayrou assegurou que continuará apoiando a administração de Macron, que tem uma ampla maioria no Parlamento.

O político disse em coletiva que embora não seja diretamente mencionado na investigação judicial, era "o verdadeiro objetivo, para desacreditar o [seu] trabalho de ministro".

Marielle de Sarnez, sua colega de partido e agora ex-ministra, irá presidir o grupo MoDem na Assembleia Nacional.

Tanto Bayrou como Marielle de Sarnez poderiam comparecer diante da Justiça pela investigação sobre os supostos empregos fantasmas.

Outro ministro, Richard Ferrand, um ex-socialista eleito deputado pelo movimento presidencial A República Em Marcha, também se demitiu depois de resistir durante semanas.

Ferrand, que acompanhou Macron em sua conquista do poder, é alvo de uma investigação preliminar por suspeitas de favorecimento a sua esposa em uma operação imobiliária.

Para substituir Ferrand, que era ministro de Coesão Territorial, Macron nomeou Jacques Mézard, que exercia a função de ministro da Agricultura, que foi substituído pelo ex-deputado socialista Stéphane Travert.

(*) Comentário do editor do blog-MBF:  lendo sobre os motivos que os levaram à renúncia, chega parecer ridículo que alguém renuncie apenas por isto, como por exemplo, indicação de parentes para cargos públicos.
Aqui na nossa política tupiniquim, nomear a grande família (cabos eleitorais, parentes, amantes, amigos) é regra e não exceção, e nem um político se sente pelo menos envergonhado. Também, é justamente por isto que estamos no fundo do poço. Esta é a causa primeira, pois empreguismo é roubo.
Quando o 6º João chegou – 1808 - com sua comitiva, eram 10.000 pessoas - “nobres”, cortesãos, domésticos, outros - para quem tiveram que criar empregos no setor público, com pouco ou nenhum trabalho.
Duzentos e nove anos depois – 2017, temos 11 milhões de pessoas nessas condições, com pouco ou nenhum trabalho, mas regiamente pagos e mais regiamente ainda, aposentados.
O Brasil não agüenta mais pagar esta conta. E nem deve. Chega !!!

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