Gen Gilberto Rodrigues
Pimentel
Às
pessoas que seguidamente me questionam sobre a possibilidade de uma intervenção
das Forças Armadas na política nacional, diante do que consideram, e com toda a
razão, um Brasil sem rumo, sem comando e sem perspectivas, procuro dar a minha
modesta opinião, estabelecendo um paralelo do momento atual com 1964.
Essa
visão que tenho vem da convicção sincera que adquiri e que me acompanhou por
toda a vida, quando testemunhei e participei, como jovem oficial, das inúmeras
ações de garantia da lei e da ordem que antecederam o 31 de Março, sempre com o
objetivo de manter e até mesmo, em determinadas ocasiões, restabelecer a paz
social. O Brasil havia parado.
Chegara-se
a um impasse. Naquela ocasião, embora o final conhecido, aprendi que a
instituição a que com orgulho pertenço, jamais poderá ser taxada de
intervencionista. O País foi atirado em seus braços, isso sim!
Falar do
tempo que ela permaneceu no Poder, depois de a ele ser levada pelas forças
vivas da Nação, perde sentido quando se conhecem as motivações para que tal
ocorresse e os danos definitivos que foram evitados nos vinte anos de
reconstrução que se seguiram. Devemos ser racionais e não esquecer o que é
real. E aprender.
Tudo
teve como pano de fundo a sobrevivência do próprio regime democrático ameaçado.
Ameaçado por inúmeros fatores, e o mais grave deles extrapolando os limites do
País, produto da guerra ideológica que se travava no mundo, aqui estimulado por
maus brasileiros, incluído o próprio governo.
Claro
que as FFAA acompanhavam tudo de perto, pois tratava-se não apenas de disputa
política, mas de assunto da plena esfera da segurança nacional. O momento era
de tal gravidade que a própria instituição armada foi atingida na sua alma por
seguidos atos de insubordinação de uma minoria ativa de seus integrantes,
também seduzidos pela expansão comunista no mundo e, em particular na América
Latina.
Mas não
se trata aqui de analisar causas e consequências de episódio já tão conhecido e
que deveria servir somente às lições da História. Meu propósito é expor minha
convicção declarada acima de que a instituição armada brasileira não é
intervencionista. Procurem lembrar como e por quem conduzido saiu às ruas o
Exército.
Pouco
antes de março de 64 chegamos a um impasse no País. O medo tomara conta de
todos. Da sociedade em geral, da mídia (sim, da mídia, que era quem mais nos
provocava a deixar a caserna), da Igreja, dos políticos, de todos. E o MEDO
numa sociedade é insuportável, insuperável, conduz ao desespero, faz com que
ela clame pela sua “última ratio” que significa, literalmente, apelar ao
recurso extremo do Estado para resolver seus problemas.
Não
adianta ecoarem raivosos, como o fazem, em geral, os mesmos que nos incitaram,
nos provocaram, nos arrastaram em 64 a deixar os quartéis, que “aquilo” “nunca
mais” se repetirá. Devem é ter juízo, aprender a lição, cumprir suas obrigações
com patriotismo e honestidade. É o que se espera, também, dos homens públicos.
Do primeiro mandatário da Nação ao último dos seus servidores.
O
impasse numa sociedade conduz ao medo, repito, o medo à perda da racionalidade
e do controle. Espero que o caminho tortuoso que uma vez mais percorremos ainda
tenha volta.
Clube Militar
Presidente do Clube Militar
Presidente do Clube Militar
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