Martim Berto Fuchs
Nos meus
passeios pela internet, noto que afora constar nas páginas policiais e de
corrupção, não figuramos em outros quesitos no mundo globalizado. O pessoal que
manipula as estatísticas à nível de governo federal, afiança que somos a 7ª
economia do planeta.
Então me
pergunto: - Porque não somos tratados como tal ?
Podemos
começar com as explicações de Nelson Rodrigues, criador da expressão “complexo
de vira-latas”. Ele usou-a para se referir ao trauma sofrido pelos brasileiros
na derrota para o Uruguai no campeonato mundial de 1950 na inauguração do
Maracanã.
Mas
também se referiu à um complexo natural nosso, por não encontrarmos pretextos
pessoais ou históricos para a auto-estima.
Por que líderes
mundiais como foram Ronald Reagan, um artista de cinema de 2ª linha, que nos
confundia com a Bolívia, ou Charles de Gaulle que afirmou não sermos um país
sério, ou outros que achavam que falávamos espanhol, ou outros que afirmavam que
nossa capital era Buenos Aires ?
- Por
que não nos impomos e fizemos respeitar por este mundo afora ?
Os EUA para
se afirmar, tiveram que guerrear com seus colonizadores. A França, Inglaterra,
Alemanha, passaram a maior parte da vida guerreando com os outros e entre si,
para afirmar sua hegemonia.
Nós,
guerreamos diversas vezes para manter a unidade da colônia, mas não conseguimos
passar de colônia.
Até 1808
sustentamos Portugal, inclusive a recuperação de Lisboa destruída pelo
terremoto em 1755 e pelo incêndio que se seguiu.
Depois
da nossa independência política, 1822, passamos à dependência financeira,
aceitando pagar a dívida contraída pela família imperial e seus “nobres” quando
da fuga para a colônia, escapando das tropas de Napoleão e mais um valor para
cobrir os gastos das lutas internas pela nossa “independência”.
Nossos “negociadores”,
como conta Gustavo Barroso em sua História
Secreta do Brasil, aceitaram condições leoninas por parte do banco credor,
dos Rothschild. Só faltou assinarem logo o segundo empréstimo para saldar o
primeiro, pois do primeiro o povo mesmo não viu a cor.
Essas
tibiezas das nossas ditas elites, essa acomodação às exigências dos outros,
desde que sobre “algum” para elas, moldaram nosso povo, que passou a aceitar
isso caninamente, como fato normal.
Tão docilmente
caninos, que aceitamos há 14 anos o bolivarianismo como forma de governo, e que
continua desmoralizando este país, como antes o fizeram os “aristocratas”, hoje
transformados na elite do funcionalismo público, marajás do Collor, e os ex-escravagistas,
que com o capital conseguido no tráfico humano, tornaram-se nossos burgueses
financistas. Empresários, brasileiros, desde Irineu Evangelista de Souza, nossas
elites se comprazem os afogando num mar de lama, corrupção e incompetência. Não
sobrevivem.
Realmente,
não temos muito do que nos vangloriar. Somos a 7ª economia (?) do planeta por
inércia, porque o peso deste continente chamado Brasil é tragado em sua produção
muitas vezes por pequenos países destituídos de riquezas naturais, mas que
lutam, além dos interesses comerciais/financeiros que movimentam à todos, pelo
povo que habita seus limites.
Nossos “governantes”
preferem sentar no colo de quem lhes oferece pirulitos, desde que garantam os
doces para a festa contínua em seus salões nos três podres poderes, do que
enfrentar esse mundo hoje globalizado, onde quem menos corre voa.
Não
somos nós que temos complexo de vira-latas e sim nossas elites, incluso as mais
recentes, oriundas do sindicalismo pelego, que são vira-latas desfilando com coleiras
de ouro, mas de freio curto e direcionado.
E não
mudaremos isto sem mudar o Contrato Social que nos prende à essa “raça”, que se
vira para si e nos joga as latas, vazias.
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