Martim
Berto Fuchs
Neste
artigo, faço algumas considerações sobre o que considero o melhor caminho para
o desenvolvimento sustentado das empresas sociais brasileiras, condição sine qua non para sua longevidade.
Os bancos em geral tinham como opções operacionais
o financiamento da produção, do consumo e da infra-estrutura. Insatisfeitos com
os resultados, ou temerosos de perder terreno para outros tipos de organizações
congêneres, partiram ousadamente para a especulação; criaram toda sorte de
papéis negociáveis que nada tinham a ver com a situação que se passava na
empresa a que esses papéis se referiam, ou, com seu valor intrínseco.
A especulação como fim em si mesmo, apenas se
utilizou de ações, imóveis, commodities ou moedas e transformou o ato saudável de
ganhar dinheiro investindo no desenvolvimento, em um jogo de azar para muitos e
sorte para poucos, transformando seus escritórios on-line em cassinos, nada
diferente aos jogos de pocker, roleta ou bacará, onde quem ganha sempre é a
banca, e onde quem perde sempre é a maioria que se deixa levar pelo canto da
sereia, ou, que participa do jogo por falta de opção.
Hoje, 70% do lucro dos grandes conglomerados
financeiros vem da especulação e não do investimento. Risco para eles também
há, pois sempre tem malandro mais astuto e inescrupuloso disputando uma fatia
maior do bolo. Mas é um jogo de cartas marcadas. A única coisa líquida e certa
é que nós perdemos sempre. Se não for hoje, será amanhã. O que eles chamam de
livre mercado, não passa de uma mesa de carteado com baralho "mágico".
Onde pois nos ampararmos com probabilidades de não
sermos varridos dos negócios pelas empresas transnacionais, todas com o
controle acionário nas mãos dos grandes conglomerados financeiros ?
Em Capitalismo Social as empresas brasileiras com
necessidade de mais capital poderão contar com a participação acionária do FIPS-Fundo de Investimento e Previdência Social, fundo capitalizado e
pertencente aos trabalhadores brasileiros, aqueles que trabalham registrados.
Isto não quer dizer que as pessoas registradas e
empregadas em empresas de capital
majoritariamente estrangeiro sediadas no Brasil, não sejam cadastradas no FIPS. Também serão; menos
seus executivos e técnicos vindos do exterior e que passarão apenas um período
de tempo no Brasil. Estes não precisarão contribuir para o FIPS; apenas pagar
os impostos para o Governo.
Nota.
1.Empresas de capital majoritariamente estrangeiro,
não terão acesso ao capital do FIPS.
2.Também não terão mais acesso aos empréstimos do
BNDES. Terão que trazer capital dos seus países de origem, o que aliás, não
será para elas nenhum problema.
Caberá
a Secretaria Nacional da Indústria, Comércio Interno e Externo e Serviços, a
incumbência, juntamente com a Central Sindical Nacional, de prover os técnicos
e a diretoria do FIPS com dados permanentes e confiáveis sobre o
desenvolvimento do setor produtivo brasileiro. Precisam ter sempre em mente que
é imperioso gerar equilíbrio entre mercado interno e externo; estar atento as
flutuações que ocorrem à nível global. Não podem se descuidar de nenhum deles.
Nas
três parte envolvidas, Secretaria, Central Sindical e FIPS, esta responsabilidade
só pode ser levada a cabo por pessoas qualificadas e bem intencionadas. Não é
trabalho para aspirantes à bandido.
Deverão
determinar os setores - não empresas
em particular -, que dada as circunstância do momento estarão mais necessitadas
de aporte de capital, seja para o mercado interno ou externo, participação esta
que não deve ser permanente. Participação esta que precisa maturar, render frutos
para o FIPS, e estar novamente disponível para outros setores, então mais
necessitados.
O
FIPS deverá ter ingressos de capital, livres
para aplicação, oriundo das contribuições de todos trabalhadores
registrados, da ordem de R$ 300 bilhões/ano.
Isto
fará toda diferença para o futuro das empresas, dos trabalhadores e do país,
pois é capital acionário, que não pagará juros, juros que são no Brasil de hoje
completamente absurdos, impraticáveis, proibitivos.
Desnecessário
dizer que isto só funcionará se for afastada toda ingerência política do FIPS e
das Centrais Sindicais, seja à nível de município, estado ou nacional, e, pior,
ingerência ideológica e retrógada, clientelista e populista. Isto é assunto
para profissionais qualificados e não para lacaios analfabetizados ou para
aspones.
No
próximo artigo vou abordar a fundamental importância do Governo no bem estar
das empresas sociais e seus trabalhadores.
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