André Araújo
O
Orçamento Público tem dois lados: de um lado está a DESPESA, coluna onde se
encontram TODOS os servidores públicos dos Três Poderes, de outro lado está a
RECEITA onde se colocam todos os produtores de bens e serviços que pagam
impostos ao Estado e com eles proporcionam os recursos para pagar o lado da
DESPESA, incluindo salários, mordomias, férias, auxílios, licença prêmios,
cartões corporativos, viagens.
O
fazendeiro cuida de sua plantação com cuidado, porque é dela que tira o
sustento, é algo do terreno da lógica racional.
Não é
normal alguém matar sua fonte de receita, ao contrário, tem todo o cuidado para
preservá-la. É da lógica da vida.
Ou não?
Parece que para a República Policial Judiciária não funciona assim.
Tudo
fazem para matar as empresas que são as pagadoras de impostos com os quais se
sustentam todos os componentes das vistosas folhas do funcionalismo público,
milhares dos quais com supersalários que não se encontram hoje na iniciativa
privada nem para presidentes de empresa.
A GERDAU
é uma das melhores empresas brasileiras, tem mais de cem anos e suas ações são
cotadas na Bolsa de Nova York, tem operações em 14 países e produz aço
inclusive nos Estados Unidos, o que nem chinês consegue.
Ao se
ESCRACHAR uma empresa dessas, com HOLOFOTES gigantescos da Globo e Cia., está
se tentando destruir o valor da companhia. Esse tipo de companhia depende
vitalmente da cotação de suas ações, de sua reputação e credibilidade, para
poder obter financiamento, crédito com fornecedores de matérias-primas e equipamentos,
empréstimos bancários, celebrar contratos de longo prazo com clientes, a Gerdau
é grande exportadora e produz divisas para o Brasil.
A GLOBO au
grand complet, Sardenberg, Lo Prete, Camarotti e Cia., assim como os demais
veículos de comunicação, ou não sabem ou de propósito confundem seus ouvintes e
espectadores ao tratar da questão hoje:
1) A
GERDAU não fez sonegação porque tem processos no CARF [Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais]. Sonegação é omitir, esconder ou enganar a Receita com
omissão de faturamento, notas frias, notas por baixo, aí trata-se de CRIME, a
Receita é obrigada ex officio a comunicar o fato ao Ministério
Público Federal (no caso de ICMS ao MPE) para que este ofereça denúncia e abra
processo CRIMINAL.
Sonegação
não é resolvida no CARF, portanto, a Globonews-CBN e todas as demais ou não
sabem ou fazem questão de desinformar seus ouvintes e espectadores. O que vai
ao CARF são Autos de Infração onde a Receita tem um entendimento e o
contribuinte tem outro, divergente, a transação glosada está CONTABILIZADA, mas
a Receita entende que deve imposto X e o contribuinte entende que deve imposto
Y.
A Lei
faculta ao contribuinte CONTESTAR o Auto de Infração, se for companhia de
capital aberto o contribuinte tem o DEVER de contestar se tiver interpretação
diferente da Receita, ele não pode pagar para ter tranquilidade.
TODA A
MÍDIA apresentou a Gerdau como sonegadora e não como contribuinte que contesta
o Auto de Infração.
A
legislação fiscal brasileira é ultraconfusa, burocrática, dúbia, dá margem a
infinitas interpretações e é por isso que existem Delegacias de Julgamento na
própria Receita, sendo o CARF o tribunal de segunda instância dessas
Delegacias.
É
raríssima, se é que existe, empresa brasileira de médio porte para cima que não
tenha processo fiscal resultante de interpretação da lei quando foi autuada
pela Receita, todas têm ou tiveram discussões com a Receita.
2) Na
mesma linha de confusão, a mídia diz que no CARF “roubaram-se” R$ 19 bilhões.
Essa cifra é o total de processos em julgamento que transitam nas turmas
suspeitas. Não quer dizer que “roubou-se” esse total de Autos de Infração e
muito menos que esse volume de multas é devido, a maioria desses processos
sequer entrou na pauta de julgamento. Exatamente porque são discutíveis é que
estão no CARF, a MÍDIA NÃO INFORMA ISSO, propina, se houve, tem que ser provada
caso a caso, não cabe jogar suspeição sobre todas as empresas recorrentes ao
CARF.
3) O
objetivo da mídia em apoio à República Policial Judiciária é DEMONIZAR as empresas
em geral, especialmente, as que têm processos no CARF, como se todas fossem
bandidas e seus diretores facínoras e estelionatários sonegadores.
Essa
visão não é de esquerda, ela é filha da INQUISIÇÃO, que em tudo via pecado e
tinha horror a quem não fosse funcionário público, única classe acima de
qualquer suspeita; após séculos, o vírus da Inquisição continua vivo.
Uma
EMPRESA é patrimônio de seus acionistas, mas também é um ATIVO do País, faz
parte do conjunto da riqueza nacional, desvalorizá-la é dar um tiro no pé, na
mão, no braço, é prejudicar o País e sua população.
Qualquer
investigação pode ser feita em SIGILO, com a proteção da reputação da empresa,
apliquem-se as multas e penalidades, se for o caso, mas a República Policial
Judiciária não quer saber disso, prefere
A GUERRA
CONTRA AS EMPRESAS, para acabar com elas da pior forma possível, pelo escândalo
e achincalhe. Se amanhã a empresa for isentada de culpa, de pouco adianta, o
dano já foi feito. Muitas corporações multinacionais NÃO irão mais transacionar
com quem está sob investigação, seus departamentos de compliance mandam
cortar qualquer negócio com empresa investigada, os bancos são os primeiros a
suspender linhas de crédito, as ações são derrubadas (só hoje caíram 3,59% em
Nova York, ver link).
A GERDAU
se soma a mais de 50 empresas perseguidas para o fim de fechar de deixar de
existir, é um plano de terra arrasada, de não deixar pedra sobre pedra, com
total apoio da mídia canibal que devora seus próprios anunciantes e onde o
exército antiempresarial é imenso nas redações e nos recalques de jornalistas
radicais antitudo que brilha.
Artigo originalmente publicado
no Jornal GGN.
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