Rodrigo da Silva
Flávio Augusto. Você provavelmente já ouviu falar nesse nome ou
encarou alguma de suas postagens em alguma rede social nos últimos anos.
Flávio é aquele cara do Geração de Valor que vive falando sobre
empreendedorismo, arrebatando uma multidão de seguidores. Passou longe dele?
Sem problema. Há uma boa chance de você o ter encontrado em alguma página
de esportes durante esse tempo. Flávio é dono do Orlando City, aquele time
do Kaká que disputa a Major League Soccer – o Brasileirão dos EUA.
Por que ele “poderia ser eleito presidente do Brasil”? Por
inúmeras razões. Mas antes que você tome sequência dos próximos
parágrafos, um aviso: esse não é um artigo de opinião. A ideia desse texto não é provar que Flávio Augusto é o melhor
candidato à disposição para ocupar o cargo máximo do país. O
propósito aqui é diferente: discutir suas perspectivas políticas; seu
potencial como candidato num cenário muito específico da nossa história
republicana.
Além disso, há um outro detalhe significativo aqui. Nunca vi
Flávio Augusto citar, ainda que indiretamente, qualquer projeto político.
Flávio não é ligado a nenhum partido e talvez sequer sonhe com uma
responsabilidade dessas em suas costas. Esse texto não considera suas
motivações pessoais, mas analisa seu potencial como virtual candidato.
Flávio não é apenas um grande homem dos negócios, alguém que
soube fazer dinheiro e ser admirado por isso – é alguém também capaz de
ensinar relações públicas a qualquer estadista bom de voto nesse país (e
eles são cada vez mais escassos). O empresário carioca construiu sua
trajetória até aqui de forma tão minuciosa a respeito de sua imagem que espanta
não ver seu nome corriqueiramente citado nas rodas em Brasília – e nas
notas de jornal – como potencial candidato a qualquer cargo com o mínimo de
visibilidade.
Mesmo distante do establishment político, Flávio atende a todos os
requisitos para ser um candidato respeitado – inclusive ao nosso posto máximo.
E se você ainda tem alguma dúvida disso, precisa dar uma lida nesse texto.
1. FLÁVIO É UM SELF MADE MAN NO PAÍS COM A MAIOR QUANTIDADE DE
EMPREENDEDORES (E BUROCRATAS) POR METRO QUADRADO NO PLANETA.
Flávio não vem de família tradicional e teve sua formação distante
de qualquer traço de elite. É um da Silva, como Lula. Veio de baixo, da
periferia carioca. Passou a maior parte da vida estudando em escola pública.
Não cursou em Harvard. Passou longe de Yale. Não tem qualquer título de nobreza
ou acadêmico.
Diferente de Lula, no entanto, fugiu da vida pública. Não
frequentou sindicatos. Passou longe dos partidos e dos cargos políticos.
Decidiu apostar todas as suas fichas num troço pouco comentado nas escolas por
onde passou, sem grandes referências para os outros caras da mesma idade que a
dele: o empreendedorismo. A ideia era insana: fundar uma escola de idiomas sem
falar uma única palavra em inglês, apostando toda grana que (não) tinha – R$20
mil do cheque especial, com juros de 12% ao mês. Uma loucura. O nome da
escola? Wise Up (pois é, você já deve ter entendido quão certo deu a
jogada). Em 18 anos, sua escola tornou-se uma holding avaliada em cerca de R$ 1
bilhão. Flávio virou bilionário, contrariando todas as estatísticas que tinha
pela frente. E sem qualquer vínculo com o governo.
Eis um self made man clássico. Flávio
definitivamente não precisa da política para ser alguém na vida. Caso arrisque
um dia a empreitada de lutar pelo cargo mais alto do país e obtenha
sucesso, poderá até se dar ao luxo de realizar o sonho de qualquer
marqueteiro do ramo: abrir mão do próprio salário. Deu certo com Macri.
Num país com tamanha desconfiança em seus homens públicos, essa certamente será
outra grande cartada na sua carreira.
2.
FLÁVIO É UM OUTSIDER DA POLÍTICA.
Flávio não tem conexão com qualquer partido político. É um outsider. Mas se engana quem pensa que isso é um
problema. Pelo contrário. Num tempo em que as instituições políticas caem
em descrédito ao redor do mundo e que o público se cansa dos discursos
políticos profissionais, não ser um velho cacique com uma longa trajetória na
área é quase como estar abençoado por um véu sagrado – o
da inimputabilidade. O que isso traz de fato? Não ser condenado pela mais arrebatadora
das maldições eleitorais: a rejeição. Sem passado político, Flávio não comunga
de qualquer equívoco em gestão pública.
Também não tem qualquer histórico de envolvimento em casos de
corrupção. E isso diz muita coisa hoje em dia.
Ao redor do mundo, não por acaso, a aposta na figura do outsiderse tornou um artifício tentador para as
equipes de campanha. Trump, Sanders (senador de Vermont, o segundo
estado menos populoso dos EUA e irrelevante no cenário nacional),
Romário, Pablo Iglesias… A lista de figuras que obtiveram (ou estão a
caminho de obter) grande apoio eleitoral sem passar por qualquer histórico
relevante na política cresce a cada ano – na disputa à prefeitura de São Paulo
desse ano, por exemplo, o apresentador José Luiz Datena e o empresário João Doria
Jr surgem como nomes de peso sem qualquer passado eleitoral.
Ser um outsider é preencher necessariamente o
papel de bom candidato? A resposta, a julgar os nomes
citados acima, você já deve imaginar. Mas essa é uma outra discussão. Há
bons e maus candidatos com ou sem qualquer nível de experiência. Num cenário,
porém, em que ninguém mais acredita em quem está em campo, ter ficado
tanto tempo fora do jogo pode ser uma grande jogada.
3. FLÁVIO ATENDE AO REQUISITO
NÚMERO UM DO VOTO: É POPULAR.
É possível afirmar, sem medo de errar, que fazer dinheiro não é o
maior talento de Flávio Augusto. Sua grande aptidão – em grande parte
responsável pelo acréscimo de zeros à sua conta bancária nas últimas duas
décadas – reside em outro setor: saber se comunicar. Foi pensando nisso que ele
criou o Geração de Valor, página que ele mesmo edita
diariamente, com a ideia de “promover o empreendedorismo através da construção
de uma mentalidade vitoriosa, o “pensar fora da caixinha”, a fim de contrariar
as estatísticas e o fluxo natural seguido pela sociedade”.
A página possui quase 3 milhões de seguidores. E se você não faz
ideia do que isso representa imagine que o número é maior do que a
presidente Dilma possui no Facebook e mais do que o PT e o PSDB têm
somados. Tudo isso para falar sobre empreendedorismo.
Com o projeto, Flávio escreveu o livro Geração de Valor, que graças a essas duas
características – sua popularidade e seu talento nato para a comunicação –
alcançou o topo dos livros mais vendidos do país, com mais de 100 mil
exemplares comercializados em apenas um ano de publicação (100%
da renda obtida com o livro é destinada a projetos sociais). A empreitada obteve
tamanho retorno que umsegundo livro foi
lançado no final do ano. E a essa altura do texto você já não deve ter mais
qualquer dúvida do potencial de sucesso da obra.
4.
FLÁVIO ATENDE AO REQUISITO NÚMERO DOIS DO VOTO: É ADMIRADO.
Flávio, que é um dos 10 bilionários mais jovens do país, segundo a Forbes,
se tornou uma espécie de porta voz para parte da sua geração, identificada com
o ideal do empreendedorismo. Não por acaso, o empresário carioca é o
líder brasileiro mais admirado pelos mais jovens, segundo uma pesquisa recente realizada
pela Cia de Talentos em parceria com a Nextview People, à frente de lideranças
como Jorge Paulo Lemann (um dos controladores da AmBev e o homem mais rico do
país), Silvio Santos e Abílio Diniz. No ranking que considera também
grandes lideranças de outros países – e traz Barack Obama em primeiro lugar – o
dono do Orlando City também ganha destaque, na segunda posição, à frente
de nomes como Bill Gates e Mark Zuckerberg. A pesquisa contou com a
resposta de 67.896 jovens brasileiros com idade entre 17 e 26 anos.
Para 35% dos entrevistados, o líder admirado é aquele que inspira
e é visionário, 23% admiram a liderança intelectual (que “estabelece novas
formas de pensar as coisas”), 16% a liderança moral (“é um exemplo de como
agir”), 15% admiram a chamada liderança colaborativa (“sabe agir junto,
constrói grandes equipes”) e 9% a “liderança corajosa” (“aberta a arriscar
muito para ganhar muito mais”).
Flávio não possui apenas popularidade. É um líder admirado – e de
forma especial por parte do eleitorado mais engajado e formador de opinião.
Alcançar tamanha posição, com apenas 44 anos, é atingir algo pouco acessível à
esmagadora maioria dos candidatos a qualquer cargo público no Brasil. E
isso definitivamente não pode ser ignorado.
5. FLÁVIO É UM GRANDE GESTOR (E
NÃO PRECISA DO JOÃO SANTANA PRA FAZER A GENTE ACREDITAR NISSO).
Flávio Augusto é essencialmente tudo aquilo que João Santana, o
marqueteiro do Partido dos Trabalhadores, tentou nos vender nos últimos seis
anos a respeito de Dilma Rousseff: é um outsiderpolítico com um grande passado como gestor.
Diferente da cria de Santana, no entanto, sua fama se justifica (e o empresário
carioca não possui qualquer histórico de falência com lojinhas de
1,99).
Já em 1995, logo nos primórdios da sua escola de idiomas, com a
primeira unidade da Wise Up em um andar de um prédio no centro do Rio de
Janeiro, Flávio conseguiu mil alunos. Oito meses depois, abriu uma segunda
escola em São Paulo, na Avenida Paulista, onde conquistou outros 2,5 mil alunos
– foi graças a essa unidade, com um faturamento de meio milhão de
reais por mês, que ele financiaria o crescimento do seu negócio (e
ele só começou a estudar inglês, de fato, quando a centésima unidade foi
inaugurada). Em pouco tempo, Flávio daria corda a um poderoso sistema de
franquias, capaz de render 500 unidades a Wise Up em países
como Brasil, Argentina, México, Colômbia, Estados Unidos e China, e gerar
um crescimento de 50% ao ano.
Em 2013, no auge, Flávio decidiu vender sua cria para um
dos maiores grupos de educação do país pela bagatela de R$ 877 milhões.
Com o dinheiro, comprou o Orlando City (que segundo ele deverá valer US$ 1
bilhão até 2019).
Achou que depois disso tudo ele desistiria de apostar no setor de educação?
Apostou errado. Há poucos meses, Flávio recomprousua
escola de idiomas. O valor: R$ 398 milhões – menos da metade do que ele
havia vendido dois anos antes.
6. FLÁVIO TEM, AFINAL,
BOAS IDEIAS.
lávio não é apenas um cara que tem dinheiro ensinando milhões de
pessoas a como ganhar dinheiro – e sendo admirado por isso. Ele atende ao
requisito mais importante (ou, ao menos, que deveria ser o mais importante) no
caminho que alguém precisa trilhar para alcançar o cargo mais alto do país: ter
boas ideias.
O empresário carioca é um questionador e usa constantemente
seu espaço para discutir política – de forma especial, a respeito do
excessivo papel desempenhado pelo governo na vida das pessoas. Graças a isso, é
frequentemente questionado sobre sua posição ideológica. Ele diz não
ter rótulos, mas dá uma dica preciosa daquele que é o seu grande ideal.
“Muita gente às vezes me pergunta na página: Flávio, você é
liberal? Eu não respondo. Eu não tenho rótulo. Eu quero que as pessoas se
apaixonem pelas ideias. Quero que as pessoas se apaixonem pelas ideias da
liberdade. Quando a gente tiver um país com pessoas apaixonadas pela liberdade,
a gente não precisa de rótulo. A coisa vai acontecer e qualquer proposta
diferente da liberdade já será rechaçada.”
O dono do Orlando City acredita que o país precisa
urgentemente realizar reformas que devolvam segurança às pessoas,
incentivem o empreendedorismo e diminuam o inchaço estatal – com cortes na
burocracia e nos impostos, e responsabilidade na gestão pública. Seu discurso,
apesar de cada vez mais conquistar viabilidade eleitoral graças aos
constantes descasos em Brasília, é pouco citado pelos grandes partidos
nacionais – que, não por acaso, amargam em rejeição. Mas isso é inevitável a
curto prazo no jogo partidário. A discussão aqui é outra.
Flávio é jovem, conquistou seu primeiro bilhão sem qualquer
atalho, é popular, um líder admirado pelos mais jovens e umoutsider político com boas ideias. Qual partido terá o feeling de enxergar sua trajetória, sua reputação e
seu potencial renovador como condições para ocupar o Planalto? Quem terá
coragem de assumir seu nome como um projeto viável para o país? Só o tempo
dirá.
Flávio Augusto caminha a passos largos para se tornar um nome que
não mais poderá ser ignorado.
SPOTNIKS
Comentário do blog. Não conheço este senhor, Flávio Augusto, mas
tenho certeza absoluta que como ele existem MUITOS no Brasil, que se o sistema político
não fosse comandado por organizações criminosas, pomposamente chamadas de
partidos políticos, teriam oportunidade de se oferecer como candidatos, e
fariam toda diferença.
Por
isso considero como condição sine qua non
para a mudança do nosso Contrato Social, a extinção dos partidos políticos.
A
democracia para ser exercida em sua plenitude, não pode ter como intermediários
essas quadrilhas facilmente manipuladas, corrompidas, compradas.
Os
candidatos tem que ser escolhidos pelos eleitores e não impostos pelos
bandidos.(MBF).
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