domingo, 30 de setembro de 2018

Acorda companheiro. Antes que seja tarde

Guilherme Fiuza

Depois de três décadas de crise de identidade, o Partido dos Trabalhadores enfim chegou à perfeição: deu ao Brasil o primeiro candidato a presidente escolhido na cadeia. Agora o PCC sabe quem é que manda.
Representante do maior assalto já perpetrado no mundo democrático ocidental, Fernando Haddad disse que recebeu uma missão “do Lula”: olhar nos olhos do povo e construir um país diferente. A melhor maneira de construir alguma coisa aqui, responderia o povo, começa com a devolução do dinheiro que vocês nos roubaram.

Nada feito. Não tem devolução, só gastança. Dilma Rousseff, por exemplo, notória regente da segunda metade do assalto, não só está solta (é a maior vergonha da Lava Jato, sem dúvida), como lidera a campanha mais cara para o Senado – superando inclusive vários presidenciáveis.
Contando ninguém acredita.
O Brasil não quer falar disso. Talvez você se lembre, caro leitor, no auge da explosão da Lava Jato, com tubarões petistas sendo presos em série até a deposição da companheira presidenta, o que projetavam os que projetam: o PT nem terá candidato em 2018; talvez sequer exista mais.
Pois bem, aí está: os que projetam estão projetando o PT no segundo turno.

O Brasil virou isso: um lugar onde todo mundo fica tentando adivinhar o que vai acontecer e se dispensa de pensar.
Foi assim que chegamos à primeira eleição presidencial após o assalto petista… sem discutir o assalto petista. A campanha simplesmente não trata disso – e o respeitável porém distraído público resolveu comprar esse lunático dilema esquerda x direita.

Eis o furo de reportagem: é isso que se discute na campanha sucessória de 2018 – essa falsa pantomima ideológica. Agora tirem as crianças da sala: até aqui, o debate eleitoral falou mais de ditadura militar (meio século atrás) do que de petrolão.

O que fazer com o Brasil? Botar em cana por vadiagem? Já que Lula canta de galo e protagoniza o debate de dentro da cadeia, melhor soltá-lo e botar o Brasil no seu lugar. Chega de intermediários.

Se o Brasil não sofresse de amnésia profunda e falta de juízo, Fernando Haddad não teria coragem nem de se candidatar a vereador pelo PT. Mas ele está por aí dizendo que “é Lula” – dizendo que “é” um condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que responde a mais meia-dúzia de processos de onde provavelmente virá uma boa ampliação de sua temporada no xadrez.

Seria uma vergonha, mesmo para quem não tem um pingo dela. E sabe por que não é, Brasil? Porque você está aí muito ocupado em adivinhar o que vai acontecer, enquanto se entretém lendo essas pesquisas que colecionam erros clamorosos às vésperas de todas as eleições.

Você não se importa: será que o Lula vai ser preso? Não acredito. Será que o Lula vai ser candidato? Talvez. A ONU mandou liberar…

Pare com esse jogo fútil, Brasil. Se olhe no espelho. A quadrilha que te humilhou e te jogou na maior recessão da sua história está aí, sambando na sua cara. Tome juízo. Deplore esse escárnio.
Não posso, responde você. Eles me disseram para parar com a onda de ódio…

Deixa de ser tolo, Brasil. O PT plantou o ódio na população como truque propagandístico – Lula está há duas décadas ensinando o povo a não acreditar na Justiça, na imprensa livre e nas instituições de seu país. É a incitação contra o inimigo imaginário para semear o “nós contra eles”: há uma elite demoníaca pronta para devorar tudo e eu vou salvar vocês dela, etc, etc.

Foi por trás desse véu que o PT, ele mesmo, devorou tudo – e continua aí, vendendo a salvação.
O fenômeno Bolsonaro é parte da reação, às vezes cega, às vezes furiosa, a essa impostura. E a tentativa de assassinato do candidato é o desfecho óbvio desse “nós contra eles” que Lula e o PT plantaram muito bem plantado.

O autor do atentado foi filiado por sete anos ao PSOL, o partido pacifista que incendeia museu, barbariza o patrimônio público e privado e protege blackbloc assassino. Apontar e repudiar esses picaretas que te sugam o sangue é disseminar o ódio, Brasil?
Acorda, companheiro. Antes que seja tarde."

Gazeta do Povo


Acusações de fraude podem derrubar Elon Musk do comando da Tesla

BBC News - Brasil

Elon Musk, o todo-poderoso diretor da Tesla, tem um problema para enfrentar no futuro próximo. O tamanho desse problema dependerá do resultado de um processo aberto nesta quinta-feira pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos.

Ele é acusado de fraude por anunciar, pelo Twitter, que tinha "financiamento garantido" para fechar o capital da montadora elétrica, supostamente enganando os investidores.

A comissão acredita que Musk mentiu sobre ter esses recursos. As informações eram "falsas e enganosas", disse o órgão. Por outro lado, o empresário afirmou que o processo é injustificado.

O pior cenário para Musk, caso condenado, é que ele seja obrigado a pagar uma multa enorme, além de proibido de assumir a direção de qualquer companhia nos Estados Unidos. Isso significa que seus dias de executivo-chefe da Tesla podem estar perto do fim - uma perspectiva quase improvável para uma companhia tão intimamente ligada à personalidade e a sua visão de futuro sobre a mobilidade limpa.

Como a Tesla pode manobrar a situação?
"Penso que uma questão importante para a Tesla será administrar uma solução que simultaneamente discipline Musk, mas que não destrua o valor de mercado para os acionistas da empresa", dis Joseph Grundfest, professor da Stanford Law School e ex-membro da Comissão de Valores Mobiliários.
"Há um espectro de possíveis soluções", diz Grundfest à BBC.

"Você pode imaginar, em um dos extremos, que ele pode se tornar diretor de projetos e outra pessoa assume o cargo de CEO", diz. "Ou ele pode receber o que chamo de 'babá de Twitter'", ou seja, passaria a ter seu perfil na rede social tutelado por outras pessoas.

Oficialmente, a Tesla não comentou sobre o futuro de Musk.
O professor comparou a situação de Musk com a da empresária americana Martha Stewart, que em 2004 foi considerada culpada por operar no mercado de ações usando informações privilegiadas.

Além de cumprir pena de prisão, ela foi proibida de atuar como diretora em sua própria empresa por cinco anos. Em vez disso, ela assumiu o papel de diretora criativa naquele período.

Prisão descartada
No caso de Musk, a comissão não pede a prisão do empresário. Outra dúvida que surgiu será como a reputação de Musk pode ser afetada pelo processo.

Os devotos da Tesla reagiram à notícia do processo com frustração, raiva e preocupação com o futuro da empresa.

Além do Processo da Comissão de Valores, o Departamento de Justiça também iniciou uma investigação. Além disso, Musk enfrenta um processo por difamação depois que ele acusou um mergulhador britânico de ser pedófilo.

Uma comunidade de fãs da Tesla tem demonstrado preocupação com a distrações criados pelas reações de Musk. "Elon Musk poderia deixar de usar a boca como um estúpido narcisista", escreveu um fã da empresa em uma comunidade online.

Outro usuário acrescentou: "Isso foi estúpido, uma ferida provocada pelo próprio Elon".


sábado, 29 de setembro de 2018

A higienização petista

Editorial

O ex-presidente Lula da Silva disse diversas vezes que “sempre” aceitou o resultado das várias eleições que perdeu. “Quando perdi, nunca fui para rua reclamar. Voltava para casa e discutia com minha mulher e com meu partido. Depois, me preparei para disputar uma nova eleição”, declarou em 2016 o demiurgo petista, repetindo pela enésima vez essa fábula na expectativa de enganar os inocentes. Pois Lula e o PT nunca aceitaram o resultado das eleições presidenciais que perderam e jamais enxergaram legitimidade nos presidentes aos quais faziam oposição - basta lembrar que o partido pediu o impeachment de Fernando Collor, de Itamar Franco e de Fernando Henrique, além de liderar uma campanha pela destituição do presidente Michel Temer.

Essa reiterada demonstração do espírito antidemocrático do PT e de Lula precisa ser relembrada no momento em que está em curso uma tentativa de higienizar a trajetória flagrantemente autoritária do partido e de seu líder para, com isso, marcar diferença em relação ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). Segundo essa versão imaginosa, somente o truculento ex-capitão representaria uma ameaça real à democracia, enquanto o PT, malgrado seus eventuais arroubos, sempre se pautou pelas “regras do jogo”.

Provas disso, segue a lenda, seriam não somente a alegada disposição de Lula da Silva de aceitar os resultados das eleições que perdeu, como também o suposto comportamento exemplar do partido quando esteve no poder. Segundo se diz, o PT passou 14 anos no poder sem ameaçar a ordem institucional e a Constituição, razão pela qual não haveria nenhum motivo para temer uma ruptura se o lulopetismo voltar ao governo.

Já com Bolsonaro, sustenta essa narrativa, a história é bem outra. O ex-capitão já elogiou o regime militar e os torturadores de presos políticos, além de ter em sua chapa, como vice, um general que admite publicamente a hipótese de que o presidente da República dê um “autogolpe” se houver “anarquia”. Isso bastaria para demonstrar que o País estaria à beira de uma ditadura militar caso Bolsonaro venha a ganhar a eleição, enquanto com o PT esse risco não existiria.

Ora, não é preciso grande esforço para atestar a falácia de tal versão. Ameaças à democracia não se dão somente sob a forma de golpes militares clássicos, como o que Bolsonaro é acusado de estar tramando. É possível arruinar a democracia por meio de sua desmoralização paulatina e constante, como faz o PT sistematicamente há mais de três décadas.

O PT nunca admitiu contestação à sua ideologia. Impôs-se pela arrogância, patrulhando o pensamento e instaurando aquilo que John Stuart Mill, em seu clássico Sobre a Liberdade, chamou de “tirania da opinião e dos sentimentos dominantes”. Para isso, estendeu seus tentáculos sindicais e militantes às universidades e ao mundo artístico, atrelando o debate acadêmico e cultural à doutrina lulopetista. Quando esteve a ponto de ser destruído em razão dos muitos esquemas de corrupção que capitaneou - esquemas que, aliás, são também uma forma de minar a democracia -, o PT renasceu capturando a causa dos chamados movimentos identitários - de luta por reconhecimento de diversas minorias - e a transformou em arma partidária para dividir ainda mais o País. O PT viceja na discórdia radical e insuperável, inviabilizando o debate democrático.

Ademais, o partido não titubeou em fazer campanha sórdida, inclusive internacional, contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa, classificando magistrados, parlamentares e veículos de comunicação como “golpistas” - todos, é claro, mancomunados para perseguir o PT. Não bastasse corroer a democracia por dentro, envenenando as relações entre os cidadãos e atacando as instituições, o PT ainda foi capaz de emprestar entusiasmado apoio a ditaduras como a de Cuba e a da Venezuela, sinalizando perigoso apreço por regimes de força tão ou mais violentos que a ditadura militar brasileira, a qual os petistas vivem denunciando.

A ameaça de Bolsonaro se restringe, por ora, a palavras toscas - e isso é muito ruim. Tão ruim quanto o PT, que já pôde demonstrar, na prática e extensivamente, seu espírito antidemocrático.

O Estado de São Paulo


sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Acordo da Argentina com o FMI traz duro ajuste recessivo

Editorial

O primeiro acordo da Argentina com o Fundo Monetário Internacional não durou um par de meses. O segundo, anunciado ontem, pode durar mais, à custa de uma recessão severa e de uma drástica redução da margem de manobra da equipe econômica do governo de Mauricio Macri. Em 2019 haverá eleições presidenciais e o duro plano acertado com o FMI, se não produzir resultados rapidamente - o que não é certo - pode significar o beijo da morte nas pretensões de Macri de permanecer na Casa Rosada.

A Argentina se enredou em tal encrenca, por herança da política econômica dos Kirchner e por novos erros genuínos da gestão de Macri, que o Fundo recomendou que sua política monetária viajasse pelo túnel do tempo: volta-se à era do controle dos agregados monetários, abandonada por muitos países em prol das metas de inflação.

O eixo do acordo é o controle monetário. A base monetária (dinheiro em poder do público mais depósitos dos bancos no Banco Central) não poderá crescer nada, nas médias mensais, de 1 de outubro até junho do ano que vem. A grosso modo, isso significa que o governo não poderá mais emitir pesos, nem monetizar déficits fiscais, como fez até junho, e terá de controlar a oferta manejando compulsórios bancários. O BCA calibrará a taxa de juros com Letras de Liquidez, de curto prazo, com as quais os bancos tomam dinheiro entre si e ajustam suas posições.

Para se ter ideia da magnitude da tarefa, a base monetária cresceu 36,6% em 2017 e neste ano, até agosto, 21,9%. A inflação disparou, com estimativas para o ano na casa dos 40%. Pelo acordo com o FMI, a taxa de juros de curto prazo terá de ser mantida em 60%, de longe a mais alta do mundo, até que a expectativa de inflação em doze meses recue por pelo menos dois meses consecutivos.

Como o Tesouro não poderá mais se financiar em pesos, terá de reduzir a zero seu déficit fiscal - outro dos pontos do acordo. O governo argentino se comprometeu a antecipar sua meta de déficit primário zero para 2019 (ele ronda hoje 3% do PIB) e também a de superávit nas contas para 2020. Não se conhecem os detalhes das novas metas, mas obviamente serão mais duras que as já acordadas. Os subsídios à energia terão de cair bastante, da mesma forma que o enxugamento da máquina pública e o corte de 50% nos investimentos públicos terão de ser ampliados.

Outro ponto fundamental do acordo é a nova política para intervenções cambiais. Durante as negociações com o Fundo ela fez a primeira vítima, o então presidente do BC, Luis Caputo, que defendia direção contrária à que prevaleceu. Caputo pregava intervenções diretas, uma posição curiosa diante de reservas insuficientes. O FMI, por outro lado, amarrou as mãos do BC argentino, ao colocar como princípio a livre flutuação e aceitar um sistema de banda, cujo piso (34 pesos) e teto (44 pesos) serão corrigidos 3% a cada mês. O teto hoje é 10% superior à cotação do dia, de 40,6 pesos, e o piso, 15% inferior. Caso o teto seja atingido, o BC poderá usar US$ 150 milhões diários para tentar trazer a moeda de volta aos limites. Os pesos obtidos com as vendas de dólar terão de ser retirados de circulação.

O pressuposto, porém, é o de que intervenções massivas não serão necessárias. As necessidades de financiamento externo foram equacionadas com o grande adiantamento dos desembolsos do FMI em relação ao estipulado no natimorto acordo anterior. A Argentina receberá, além dos US$ 15 bilhões já usados, mais US$ 13,4 bilhões, e em 2019, US$ 22,8 bilhões, de um total, até 2021, de US$ 57,1 bilhões. Ou, visto de outra forma, US$ 51 bilhões ingressarão no país até que Macri enfrente as urnas, em outubro do ano que vem.

O FMI garantiu, assim, que a Argentina não entrará em default pelo menos até 2020. Com juros abissais, tenta-se atrair de volta os pesos que migraram para o dólar, a maior parte de investidores domésticos. A rigor, porém, a Argentina não tem moeda, sendo o dólar meio de poupança e refúgio popular aos primeiros vestígios de descontrole da inflação.

Macri fez uma dura aposta contra o tempo, até quebrando paradigmas liberais - por exemplo, no que segue a tradição argentina, acabando com a relativa autonomia que o BC deveria ter. A oposição elevou o tom dos protestos e está a vista forte recessão que, aos olhos populares, vem sob a chancela do malsinado FMI. O governo espera que a inflação mostre quedas significativas e sustentáveis no início de 2019, o que lhe permitiria livrar-se aos poucos do aperto até as eleições. Se não der certo, porém, Macri não só não se reelegerá, como poderá sequer terminar seu governo.

Valor Econômico


LIÇÕES DA ELEIÇÃO AOS POLÍTICOS E SEUS PARTIDOS

Percival Puggina

 Verdadeiras ou não, frequentemente suspeitíssimas, as pesquisas seguem balizando a cena eleitoral. A análise que farei aqui pressupõe que elas não devam ser lidas de cabeça para baixo, ou seja, imagino que acertem ao menos quando apontam para a existência de um bloco dianteiro crescendo, um bloco intermediário dessorando e uma turma do rodapé variando entre o pouco significativo e o insignificante.

No grupo intermediário se situa o candidato Geraldo Alckmin, com o expressivo apoio de uma legião de partidos cujas bancadas de deputados federais arregimentam mais da metade da Câmara dos Deputados. Mais da metade! Mesmo assim, as manifestações de desânimo de alguns líderes tucanos e a falta de eco aos apelos de um patético Fernando Henrique, evidenciam que a carta desse centrão saiu do baralho.

A explicação do fenômeno é identificável a olho nu. O quadro partidário nacional se converteu num aglomerado quase indiscernível de siglas partidárias cujos programas ninguém conhece e cujas condutas, salvo alguma excepcionalidade, nada revelam sobre si mesmas. Mais grave ainda: detentores de mandato legislativo, que são a parte mais numerosa e representativa da elite partidária, como regra, resumem sua atividade dita “política” em zelar pela própria reeleição e em atender demandas de interesse pessoal, coletivo ou regional. Uns tantos, ainda, ocupam-se com proteger a retaguarda e apagar suas digitais onde as mãos tenham andado. Isso é o bastante para uma atividade política com expressão em pleito nacional? São essas as lideranças que têm a apresentar à nação?

Quando observamos os dois dianteiros da eleição presidencial, o que se torna nítido é o trabalho de convencimento. O PT sempre fez o seu. Ele é enganoso, despido de qualquer relação com a realidade e com a verdade. O partido constrói versão para tudo que o compromete e é perito em jogar sobre os demais as culpas e as consequências de seus piores atos.

Lideranças e militantes fazem política full time e repetem incessantemente, por todos os cotovelos, aquilo que lhes interessa.

Nos últimos dois anos, Bolsonaro foi um solitário e operoso comunicador de suas convicções. Faltaram-lhe orientação técnica e cuidados de forma e conteúdo, mas não lhe faltaram entusiasmo nem identificação com importantes anseios nacionais. A sociedade quer proteger a infância e a instituição familiar; quer que professores ensinem e estudantes estudem; quer que a criminalidade, a violência e a corrupção sejam combatidas; quer a Lava Jato preservada, polícias valorizadas, bandidos presos e penas cumpridas. Candidato do minúsculo PSL, sem dinheiro nem tempo de TV, arregimentou multidões e lidera a disputa sucessória a despeito da carga cerrada que lhe fazem a Globo, a Folha, o Estadão e a maior parte do mundo cultural e estatal sob influência petista.

Nada é mais insosso do que um projeto de poder pelo poder. O país seria bem menos sujeito a grandes instabilidades se os partidos esgrimissem ideias, se operassem no sentido de formar opinião e criar bons consensos. Se eles não servem para o diálogo com a nação sobre seus problemas, se não recrutam lideranças qualificadas, se seus líderes marcam o próprio território e cuidam de si mesmos, se não se importam com as pautas das ruas, se não resistem à propagação das teses mais absurdas, se não as confrontam com outras superiores, tornam-se entes inservíveis e desprezáveis.

blog do puggina


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Nada mudou em nossa política cambial, diz presidente do BC

Fernando Nakagawa e Fabrício de Castro

Ilan Goldfajn se recusou a falar sobre uma eventual permanência no comando da instituição, como já sinalizado pelo candidato Jair Bolsonaro, do PSL

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendeu nesta quinta-feira, 27, que "nada mudou" na política cambial do adotada pela instituição para o País. Durante entrevista coletiva para apresentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), e em um momento em que a cotação do dólar à vista frente o real operava abaixo de R$ 4, Ilan disse que a instituição continua focada "em permitir que o câmbio exerça seu papel". "Continuamos monitorando o mercado, o excesso de volatilidade, as dinâmicas perversas. Tudo isso continua igual", disse. "É importante enfatizar isso", completou.

Durante a entrevista, o presidente do BC também foi questionado sobre os riscos da alta no câmbio para a inflação e se seria possível atribuir pesos distintos à preocupação citada do Comitê de Política Monetária (Copom) com o impacto da normalização monetária internacional sobre emergentes e, também, o eventual risco relacionado à agenda de reformas no Brasil.
"Acho que há tanto as questões externas quanto as internas sobre as reformas e os ajustes. Todas essas questões são levantadas ao mesmo tempo. Aqui, falamos da combinação das duas (questões)", disse. "Não temos nenhum peso maior ou menor para as questões e as duas acabam impactando, não ao mesmo tempo, mas ao longo do tempo", explicou.

Futuro incerto
O presidente do BC não comentou nem se comprometeu sobre seu futuro à frente da instituição em meio à corrida presidencial.

"Vocês que têm me acompanhado aqui sabem que, em geral, a minha posição tem sido neutra em questões políticas", disse Ilan, ao ser questionado sobre a sinalização da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) de que o candidato gostaria de mantê-lo no cargo em um eventual governo do deputado.

Durante a entrevista, o tema foi levantado por vários repórteres e Ilan repetiu que não se posicionaria sobre o tema.

"Meu papel é não entrar nessas provocações (dos jornalistas). Isso não ajuda. O Brasil precisa de atores neutros, instituições que vão fazer o que tem de ser feito independente do que há pela frente e de sermos apartidários", disse.

Ao ser questionado se eventual posicionamento neste momento não poderia reduzir as incertezas, o presidente do BC respondeu que "obviamente gostaria de oferecer o máximo de tranquilidade para todo mundo". Essa tranquilidade, porém, não será dada com uma resposta sobre seu futuro na instituição, explicou.


Ilan defendeu que ele pode contribuir com a tranquilidade "fazendo o que a gente está fazendo agora (no BC): sendo neutro e apartidário é a melhor forma".

"Tenho justificado (a posição) pela natureza do nosso trabalho. O BC é uma instituição apartidária, estável, que quer ser neutra, uma instituição para o Brasil", argumentou.

"Isso não me permite entrar nessas considerações em questões de campanha. Vou continuar na mesma linha de não comentar questões relacionadas a política", reforçou.


Estadão


Petróleo tem maior cotação em 4 anos e fôlego para subir mais

Editorial

As cotações do petróleo voltaram a subir e atingiram os maiores valores desde 2014, em uma escalada que vários analistas acreditam que o tipo Brent vá chegar a US$ 100 o barril até o fim do ano, durante o inverno no Hemisfério Norte. O aumento dos preços e a valorização do dólar configuram, caso persistam, uma combinação perversa para países como o Brasil, onde a gasolina já subiu a dois dígitos e, ao lado de energia, tem pressionado um ainda confortável índice de preços.

Há muitas dúvidas sobre se as cotações podem ir além dos US$ 100 a partir de 2019. A demanda oscila hoje em torno de 100 milhões de barris por dia e deve crescer mais 1,4 milhão de barris diários este ano e 1,5 milhão no ano que vem, estima a Agência Internacional de Energia (AIE). Os estoques dos países da OCDE estão abaixo de sua média de 5 anos, o que têm impulsionado os preços. A oferta manteve-se em crescimento desigual, mas vinha dando conta do recado até o segundo trimestre do ano. O aumento da produção do "shale oil" americano, da ordem de 1,5 milhão de barris por dia nos doze meses encerrados em junho, contribuiu para amortecer preços.

O cartel da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) foi, no entanto, bem-sucedido em sua meta de defender os preços e em estabelecer para isso um acordo com outros grandes produtores de fora da organização, como a Rússia, para retirar, em 2016, 1,8 milhão de barris por dia do mercado. Estudo da consultoria Oxford aponta que o acordo foi integralmente cumprido por todos e que, sem ele, o preço do óleo estaria ao redor de U$ 56 o barril, e não dos US$ 70, no primeiro trimestre do ano. Reunidos na Argélia nesta semana, o grupo decidiu não elevar a oferta agora, dando a partir daí firmeza para que as cotações fizessem novo movimento altista.

Os EUA já eram o maior consumidor mundial de petróleo e agora são os maiores produtores também, com 15 milhões de barris/dia, seguidos pela Rússia, com mais de 11 milhões e Arábia Saudita, com 10 milhões. O ponto principal é que a quantidade de óleo que está sendo jogado no mercado tende a diminuir. A produção da Venezuela, que no auge chegou a 3 milhões de barris/dia, está hoje em 1,24 milhão. Esse não é o único abalo a atingir a oferta global.

O presidente Donald Trump decidiu unilateralmente romper o acordo para deter os projetos nucleares do Irã e restabeleceu sanções ao país. Algumas delas estão em vigor e o pacote completo se consuma em 4 de novembro. A produção iraniana, com o fim das proibições, atingiu 3,8 milhões de barris/dia, mas o cerco americano, com retaliações de toda espécie a seus compradores, podem já ter retirado do mercado, segundo analistas, algo como 500 mil barris/dia. Calculam que o corte de oferta possa chegar a 1,5 milhão de barris/dia, como ocorreu antes do acordo e na vigência de semelhantes sanções. A AIE estima que a Venezuela, além disso, produzirá apenas 1 milhão de barris por dia no fim do ano.

O acordo entre Opep e outros produtores serviu de barragem à enorme pressão baixista da enorme produção do petróleo americano. Mas a sustentação de preços elevou bastante os déficits fiscais da Arábia
Saudita e outros produtores árabes, que agora procuram recuperar o tempo e o dinheiro perdidos.

Trump, um dos responsáveis pelo desequilíbrio da oferta, afinal, parece ter descoberto que existe um cartel do petróleo e que ele é chefiado por seu maior aliado no Oriente Médio, a Arábia Saudita. Em um fórum não exatamente apropriado, a Assembleia Geral da ONU, ele acusou a Opep de estar "despedaçando o mundo". Ao seu estilo, queixou-se: "Não gosto disso e ninguém gosta. Defendemos de graça muitos desses países e eles tiram vantagem e aumentam preços". Concluiu: "Não vamos tolerar estes preços horríveis por mais tempo". Essa não é a única batalha de Trump e a China, atingida por tarifas nos EUA, assegurou aproximação com a Rússia para energia e deverá continuar comprando petróleo iraniano, enquanto colocou tarifas sobre o óleo americano.

Mas à aliança de produtores não interessa provocar um abalo na economia global com preços estratosféricos, que levariam a nova derrocada das cotações. O crescimento mais moderado da Europa e da China não sancionarão, por seu lado, aumentos extremos. Trump teme que a alta do petróleo arrancará mais dólares dos consumidores americanos quando eles forem votar em uma renhida eleição para Câmara e Senado. Uma nova guinada baixista não está no horizonte até lá.

Valor Econômico


quarta-feira, 26 de setembro de 2018

ELEIÇÕES DE 2018. DEMOCRACIA VERSUS SOCIALISMO MARXISTA.

Carlos Alberto Pinto Silva [1]

Como brasileiros comprometidos com o futuro do País, devemos nos manter atualizados no que diz respeito aos assuntos que delineiam a conjuntura nacional.

Neste documento, apresentaremos alguns trechos do livro “A Revolução Gramscista no Ocidente”[2] e para uma melhor compreensão do que vem ocorrendo no Brasil de hoje, recomendamos a leitura dessa excelente obra em sua totalidade.

“O Brasil, a partir de 1930, ganhou um projeto nacional que, apesar dos tropeços e de algumas descontinuidades, avançou consistentemente sob diferentes formas. Esta evolução abrangente, resultado de uma ‘revolução passiva’ na visão gramscista, chegou ao seu momento culminante nos anos 70, como resultado do programa de desenvolvimento econômico e social da Revolução de 1964.”

“Segundo os comentadores de Gramsci, o Brasil deixará de ser uma sociedade semicolonial do tipo ‘oriental’ e, definitivamente, se tornara uma sociedade do tipo ‘ocidental’. Conclusivamente, o modelo revolucionário bolchevista ou marxista-leninista de assalto ao poder (guerra de movimento)[3] já não se aplica adequadamente ao Brasil, mas preferentemente a nova e atualizada concepção da ´guerra de posição`[4]. E é isto, exatamente, o que se está desenrolando no Brasil.”

“A partir de 1964 o país viveu um período político autoritário que as esquerdas identificaram, por conveniência ideológica, como ´ditadura militar fascista`.”

“A sensibilidade política do PCB (ainda fiel ao marxismo-leninismo) e das oposições em geral os levou à formulação de um projeto comum que era muito coincidente com a concepção estratégica de Gramsci para esta fase. Possivelmente pesou a influência de intelectuais gramscistas que já apareciam no cenário das esquerdas. Os empreendimentos recomendados por Gramsci na fase econômico-corporativa foram seguidos pelo PCB, ou seja, luta pela:

-Abertura política;

-Eleições livres;

-Anistia;

-Redemocratização, e,

-Constituinte.”

“Em 1985, o país estava redemocratizado e, em 1988, uma nova Constituição que, se não chegou a antecipar uma república socialista, quase chegou a ela.”

“Com a crise do comunismo soviético e seus reflexos no movimento comunista do Brasil (a reformulação do PCB, transmudado em PPS, e a formação de outros partidos de inspiração gramscista) estava terminada a fase econômico-corporativa e tinha início a fase da luta pela hegemonia (1991).”

“A luta pela hegemonia é desenvolvida em uma ´frente popular` tácita, nem sempre muito coesa, mas que envolve praticamente todos os partidos de esquerda. Embora divergentes em determinados aspectos teóricos e práticos, têm pontos afins de atuação revolucionária.”

O Brasil vive, na atualidade, uma “Crise Orgânica”[5] que é o momento histórico em que o grupo dominante, representado pela sociedade política, perdeu a hegemonia, o consenso e a integração com a sociedade civil,  tornando o estado burguês vulnerável à conquista e à destruição pelas classes subalternas guiadas pelo Partido revolucionário.

É na “Crise Orgânica” que se abre o caminho para a ruptura, a tomada do poder, a implementação de uma nova ordem e a realização de novas transformações sociais.

O estabelecimento do socialismo marxista é o objetivo estratégico da revolução.

O socialismo marxista (ou socialismo científico, ou ainda socialismo revolucionário) é uma fase intermediária entre o capitalismo e o comunismo.

“O socialismo marxista, portanto, é uma nova ordem econômica, política e social que supera o capitalismo e que serve de berço para a transformação revolucionária que, num dado momento histórico, produz as condições para o advento do comunismo; para Gramsci, ‘sociedade regulada’”.

A “grande empresa” falida do PT se sintetiza no mito do país de classe média, que vem se desmoronando há tempos, e com maior agudeza desde o segundo governo de Dilma.[6]

O Partido dos Trabalhadores (PT), percebido como “Lula”, desenvolveuuma “fábula proficiente”[7] para justificar suas ações após a prisão do lider, e, também, a estratégia política para as eleições de 2018,  visando a conquista do poder pela via pacífica, sem abdicar das atividades de Guerra Híbrida com a forma violenta para a tomada do poder.A fábula repousa em uma “identidade de perseguido político”, além disso, em uma história forjada[8], apresenta o PT e Lula como responsáveis por tudo de bom que aconteceu no Brasil nos últimos trinta anos.

O “desatino petista”, operacionalizado pela presidente Gleisi Hhoffmann, serve de impulso e motivação para as atividades violentas da militância, a desestabilização do Governo Federal[9], o desrespeito e descrédito ao Poder Judiciário e suas determinações, o desrespeito às autoridades, ataques a imprensa, desdouro do Brasil no exterior, e de afronta a população brasileira.
Lula não deve ficar na cadeia pelo tempo que foi condenado, amparado na generosidade de nossa legislação com seus recursos intermináveis, fato que leva a uma excrescência: segundo a imprensa “se Haddad for eleito, é Lula quem vai governar”.

“Pode-se verificar que, pelo menos, três partidos políticos trazem em suas definições ideológicas e pragmáticas conceitos gramscianos ainda que não deixem claro a adoção plena da concepção revolucionária (Partido Popular Socialista, Partido dos Trabalhadores, e Partido Social Brasileiro). O Partido da Social Democracia Brasileira nasceu em 1988 da dissidência de um grupo de esquerda (os autênticos) do hoje MDB, se define como social democrata, mas não conseguiu filiação a Internacional Socialista. O Partido Democrático Trabalhista foi criado em 1979, é vinculado à Internacional Socialista (social democracia) mas o seu socialismo ganhou feição nacionalista-populista ("socialismo moreno"), antiamericanista, expondo uma prática política "nasserista" (socialismo autóctone não marxista)”.

Chamando a atenção que as atividades guerra híbrida[10], usadas para desestabilizar o governona luta pelo poder, opera nas sombras em tempos de eleições e é usada para desestruturar campanhas de adversários políticos, enquanto possui a capacidade de empurrar a violência para o final da campanha, visando, se possível, obter o poder pela via do voto.

O resultado é a capacidade das forças do socialismo marxista de escalar o modelo de guerra híbrida, caso não obtenham sucesso pela via pácifica, usando, primordialmente, a nova forma violenta para tomada do poder, tentando manter um rumo de luta para o futuro.

 “Nesta concepção, o objetivo estratégico da esquerda e seus aliados é o socialismo marxista, mas o objetivo político-ideológico é realizar a nova concepção do mundo, a nova civilização; a última síntese:o comunismo.”[11], principalmente nos países da América do Sul.

Fonte de Consulta: Extrato de partes do livro intitulado “A Revolução Gramscista no Ocidente. A Concepção Revolucionária de Antônio Gramsci em os Cadernos do Cárcere” - Autor: Sérgio Augusto de Avellar Coutinho. - Estandarte Editora E.C. Ltda, Rio de Janeiro-RJ, 2002, 128p.
 
DefesaNet

[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
[2] O Gen. Coutinho nos apresenta fatores que descortinam as razões de muitos fenômenos que caracterizam a vida nacional dos nossos dias.
[3] Luta armada.
[4] Via pacífica.
[5] Gramicista
[6] http://www.esquerdadiario.com.br/Brasil-crise-organica-5322
[7] História.
[8] História “revisada” que substitui a História Pátria “oficial”.
[9] Objetivo das atividades de Guerra Híbrida.
[10] Moderna forma de luta violenta para a tomada do poder
[11] “A Revolução Gramscista no Ocidente. A Concepção Revolucionária de Antônio Gramsci em os Cadernos do Cárcere” - Autor: Sérgio Augusto de Avellar Coutinho. Estandarte Editora E.C. Ltda, Rio de Janeiro-RJ, 2002, 128p.


"Vou Apertar, Mas Não Vou Acender Agora: o Fascismo do Tráfico, o Socialismo da Maconha e a Fascinação dos Intelectuais com o Abismo.

Roberto Motta

Acabo de ler mais um texto denunciando o "fascismo" que estaria tomando conta do Brasil. Poderia ter sido escrito pelo Freixo, que faz da denúncia do "fascismo" um meio de vida. É um texto fraco, incorreto e preconceituoso.
Na verdade, o fascismo já está instalado no Brasil. Ele é o regime que impera em mais de 100 territórios do Rio de Janeiro - chamados eufemisticamente de "comunidades" - onde a Constituição brasileira não vale nada. O Freixo e seus companheiros sabem também. Por que nunca denunciaram esse fascismo?

Ontem acordei com rojões no tráfico no morro do Pavão-Pavãozinho, anunciando a chegada de drogas. À tarde, o recreio na escola da minha filha foi suspenso porque começara um tiroteio na favela ao lado. Semana passada uma bala de fuzil entrou pela janela de um amigo em Laranjeiras. No quarto das crianças.

Eu denuncio o cinismo assassino dos políticos populistas, dos intelectuais, dos acadêmicos e artistas de esquerda e extrema-esquerda que ignoram esses enclaves fascistas ao lado de nossas casas.

Eu denuncio a campanha deliberada para atribuir esse narcofascismo à "pobreza", à falta de "ensino de qualidade" e à iluminação ruim, e para esconder a verdade: os regimes fascistas das "comunidades" surgiram de um pacto demoníaco.

De um lado desse pacto está uma pseudo elite que foi alimentada, desde o ensino fundamental, com uma ração de marxismo e ódio ao "sistema capitalista". Um dos lideres dessa elite é um "professor" universitário que anda pelo Rio vestido como um adolescente de 15 anos, distribuindo adesivos com o desenho de uma folha de maconha. Uma das líderes é "a favor do assalto".

Do outro lado desse pacto estão criminosos profissionais, com armas e poder pagos pelo faturamento fabuloso do tráfico de drogas - as mesmas drogas consumidas em escala industrial pela pseudo elite intelectual.

Essa elite não se importa se atrás do seu baseado ou da sua carreira de cocaína há uma trilha de sangue.

Está na hora de dizer em alto e bom som: EU ACUSO.
Boa parte dos hipócritas e cínicos que se preocupam com o suposto "fascismo" de um candidato à presidência - que é oficial do exército e parlamentar - JAMAIS levantou sua voz contra os ditadores fascistas do Chapadão, da Pedreira ou do Alemão.

Jamais falaram dos cemitérios clandestinos, das crianças transformadas em objetos de uso sexual, do horror e desesperança de viver sob tribunais sumários e "fornos de microondas", da visão rotineira da venda de drogas ou de soldados do tráfico circulando com armas pesadas.

Está na hora de perguntar: COMO ISSO É POSSÍVEL?
Ao mesmo tempo em que enrola um baseado - comprado do ditador fascista da favela mais próxima - o "professor" universitário denuncia o grave perigo fascista que ronda o país. Mas o verdadeiro extremismo e radicalismo do Brasil é promovido justamente pelo professor e seus colegas de baseado.

São pessoas incapazes de conviver com qualquer visão política diferente da visão hegemônica “de esquerda”.

São proto-ditadores que reivindicam o monopólio total da verdade e da virtude. Para eles, as bandeiras mais importantes do país são a liberação do baseado e a implantação do socialismo.

Para esses intelectuais da cannabis, "fascismo" é apenas uma acusação inconsequente cujo significado a maioria deles desconhece.
Ficou claro o cenário atual? A pobreza eternizada nas favelas, o crime sem qualquer barreira, as leis centradas na proteção dos direitos dos criminosos, as cadeias abarrotadas - não porque se prende demais, mas por que NÃO SE CONSTROEM NOVOS PRESÏDIOS - são os frutos da união dos interesses comuns de duas partes:

De um lado os ditadores intelectuais, movidos a cannabis e socialismo. Do outro, os ditadores fascistas do tráfico.

Os tempos mudaram e surgiram vozes para dizer: eu acuso, eu não aceito. Nossas vozes são cada vez mais numerosas, e se transformaram em uma força política irresistível. Porque somos a maioria. Porque, finalmente, quebramos a espiral do silêncio. Porque reivindicamos os direitos democráticos básicos: o direito à vida, o direito de ir e vir, o direito de viver em paz.

O jogo mudou. Os professores de ideologia e seus financiadores enfrentam agora a possibilidade real de perder os favores e benesses do Estado, e de responder penalmente por todos os seus crimes, como já responde o presidiário famoso de Curitiba.

Essa possibilidade está levando muitos ao desespero. A primeira reação é gritar: "fascismo". Mas já conhecemos esse truque.

Não ouvimos mais os gritos histéricos desses "intelectuais.

O ruído dos tiros de fuzil, ao lado de nossas casas e escolas, finalmente falou mais alto.

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terça-feira, 25 de setembro de 2018

3,5 Trilhões em Subsídios

Hélio Duque

Ao comparecer às Zonas Eleitorais, os brasileiros estarão definindo o Brasil que querem para o futuro. Ante o presidencialismo de coalisão, quem vier a ser eleito tem um desafio: vai governar para o povo ou vai se submeter ao fisiologismo do Congresso Nacional. Essa deformação na década de 2006-2016 foi responsável por um dos piores crescimentos históricos do PIB (Produto Interno Bruto) “per capita”, em décadas.

Facilmente comprovável, quando se equipara com o desempenho de outras nações emergentes. Agravados com descontrole da dívida pública bruta atual de 88% do PIB, que pode atingir 95% em 2023, de acordo com projeção do FMI. Nos países emergentes a média é de 40%.

No período algumas políticas sociais introduziram mecanismos que amenizaram, mas não resolveram a dramática pobreza brasileira. A questão social é grave pela concentração da renda, gerando privilégios indecorosos. Na outra ponta a renda do trabalhador, da classe média assalariada, em processo de redução expressivo. O desemprego estrutural agrava essa realidade injusta. São temas áridos da economia, que afetam a vida da maioria da população, mas ignorados nos programas e debates televisivos dos presidenciáveis.

Diante dessa realidade, a farra dos privilégios é invencível na vida econômica nacional. No período de 2003 a 2016 (governos Lula, Dilma e Temer) o grande capital foi o grande vitorioso, como demonstram os números. Os subsídios financeiros, desonerações e as renúncias tributárias, benefícios fiscais, custaram ao país R$ 3,5 trilhões (quase 1 trilhão de dólares). Isto em um governo que se dizia popular. Em verdade foi o beneficiário de grupos econômicos e bolsos de quem menos tem necessidade de favores oficiais, afetando diretamente o desenvolvimento, impactando a modernização produtiva e reduzindo a criação de um emprego. A rigor, a administração pública brasileira, em diferentes governos, vem sendo capturado e elevando ano após ano a renúncia fiscal como política econômica de Estado. A elevada carga tributária brasileira é, também, consequência desses privilégios.

No ano passado o déficit público nominal, diferença entre receitas e despesas, incluindo os juros da dívida pública, atingiu R$ 562 bilhões. Os brasileiros, pela ação do governo e visão parcial da mídia jornalística, omitem o “déficit nominal” e dão destaque somente ao "déficit primário” (excluindo os juros) que foi de R$ 155 bilhões. Em 2019, quando assumirá o novo presidente da República, as renúncias e benefícios tributários crescerão em 8%. Atingirão R$ 306 bilhões, agravando ainda mais a situação econômica no primeiro ano do novo governo. Os grupos de interesses, formalizado no Congresso nas suas corporativas frentes parlamentares, não abrem mão dos seus privilégios.

Resta indagar: esse viés de política econômica não é um dos responsáveis pela desigualdade da renda nacional? Um exemplo dessa deformação tem o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) como protagonista. Entre 2008 e 2015, o Tesouro Nacional captou a preços de mercado R$ 500 bilhões, emprestado a grandes empresas (a exemplo da JBS) a taxas de juros subsidiados, a TJLP, muito inferior à Selic. Quem paga o subsídio implícito é a sociedade. Acrescente que poderosas empresas, a exemplo da indústria automobilística, usam largamente de incentivos tributários e redutíveis ao longo das últimas décadas.

Trabalho do Instituto Fiscal Independente constatou que, somente com empréstimos e financiamentos, o governo federal tem a receber R$ 1.545 trilhão. Os dois principais devedores são o BNDES, com R$ 636,3 bilhões e os Estados e Municípios no total de R$ 577,0 bilhões. São questões dramáticas que serão enfrentadas por quem venha a ser eleito.

Se renascidos de volta ao mundo temporal, Jesus, Maomé ou Moisés, eleitos presidente da República, teriam desafios satânicos e diabólicos para colocar o Brasil em nível civilizatório na sua administração pública. Ajuste fiscal, equilíbrio das contas públicas, abertura comercial, desconcentração da renda e justiça social seriam frentes de combate permanente. Valendo dizer que nenhum governo terá êxito se não adotar essas reformas fundamentais para o futuro brasileiro. A situação fiscal do Brasil é insustentável.

catve.com

Assembleia apagada

Editorial
(*)

Legislativos estaduais costumam se dedicar a temas de escassa relevância para o eleitorado

Dentre as opções pelas quais os brasileiros terão que se decidir no pleito de 7 de outubro, as candidaturas para as Assembleias estaduais talvez sejam as que gozem de menor relevância aos olhos do eleitor. É difícil, de fato, perceber o real papel da atuação parlamentar na gestão das unidades federativas.

Essas Casas consomem recursos vultosos —cerca de R$ 11 bilhões no ano passado— e transmitem a impressão, em boa parte verdadeira, de que se dedicam a temas menores ou à homologação fisiológica de iniciativas do Executivo.

Trabalho realizado pelo pesquisador Leonardo Sales, da Universidade de Brasília, aponta que, do total de leis aprovadas pelas Assembleias estaduais, só 35% têm consequências para o cotidiano dos cidadãos, ao tratar de temas como tributos e atividades comerciais.

O restante do exercício legislativo se volta para a criação de datas comemorativas, mudança de nomes de logradouros e projetos para transformar organizações em entidades de utilidade pública, concedendo-lhes acesso a recursos e benefícios do erário.

Estudos acadêmicos acerca do funcionamento dos legislativos estaduais indicam que essas instâncias têm características que as diferem do Congresso Nacional.

A Constituição atribui prerrogativas próprias aos estados, e as leis locais tendem a reservar aos governadores papel preponderante nas decisões, chancelando o que Fernando Luiz Abrucio, da Fundação Getulio Vargas, classificou de “ultrapresidencialismo estadual”.

Nessa linha, o sistema político das unidades federativas seria caracterizado por uma espécie de hipertrofia do Executivo, a borrar a independência e as fronteiras dos Poderes, com sua forte influência sobre o Legislativo e o Judiciário.

Embora nem sempre a generalização desse perfil se sustente, não há dúvida de que em muitos casos as Assembleias se submetem com relativa facilidade aos desígnios dos governantes —em troca de indicações para a máquina pública e favorecimentos variados.

Não são raros, ademais, os casos em que esses órgãos abrigam quadrilhas envolvidas em atividades ilícitas para obter vantagens. Ainda que os escândalos envolvendo deputados da Alerj (a Assembleia do Rio) tenham se tornado conhecidos nacionalmente, exemplos de corrupção se multiplicam pelas unidades federativas.

Não há, certamente, solução mágica para o problema. Trata-se de um aspecto da equação maior que é o sistema político brasileiro, cujo aperfeiçoamento tem sido objeto de amplo e longo debate. O principal, agora, é que o eleitor se informe para votar de maneira criteriosa, contribuindo para evitar a reprodução de práticas condenáveis.

Folha de São Paulo

(*) Comentário do editor do blog-MBF:  não se trata de “solução mágica”, mas sim, de pelo menos apresentar uma proposta, que não seja apenas “O principal, agora, é que o eleitor se informe para votar de maneira criteriosa, contribuindo para evitar a reprodução de práticas condenáveis.”
É esta toda contribuição que ocorre ao editor da FSP para o aprimoramento do sistema eleitoral ?

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

DIRETO DO INFERNO

Olavo de Carvalho

O clamor obsessivo dos intelectuais, dos políticos e da mídia pela “supressão das desigualdades” e por uma “sociedade mais justa” pode não produzir, mesmo no longo prazo, nenhum desses dois resultados ou qualquer coisa que se pareça com eles. Mas, de imediato, produz ao menos um resultado infalível: faz as pessoas acreditarem que o predomínio da justiça e do bem depende da sociedade, do Estado, das leis, e não delas próprias. Quanto mais nos indignamos com a “sociedade injusta”, mais os nossos pecados pessoais parecem se dissolver na geral iniquidade e perder toda importância própria.

Que é uma mentira isolada, uma traição casual, uma deslealdade singular no quadro de universal safadeza que os jornais nos descrevem e a cólera dos demagogos verbera em palavras de fogo do alto dos palanques? É uma gota d’água no oceano, um grão de areia no deserto, uma partícula errante entre as galáxias, um infinitesimal ante o infinito. Ninguém vai ver.

Pequemos, pois, com a consciência tranquila, e discursemos contra o mal do mundo.

Eliminemos do nosso coração todo sentimento de culpa, expelindo-o sobre as instituições, as leis, a injusta distribuição da renda, a alta taxa de juros e as hediondas privatizações.

Só há um problema: se todo mundo pensa assim, o mal se multiplica pelo número de palavras que o condenam. E, quanto mais maldoso cada um se torna, mais se inflama no coração de todos a indignação contra o mal genérico e sem autor do qual todos se sentem vítimas.

É preciso ser um cego, um idiota ou completo alienado da realidade para não notar que, na história dos últimos séculos, e sobretudo das últimas décadas, a expansão dos ideais sociais e da revolta contra a “sociedade injusta” vem junto com o rebaixamento do padrão moral dos indivíduos e com a conseqüente multiplicação do número de seus crimes. E é preciso ter uma mentalidade monstruosamente preconceituosa para recusar-se a ver o nexo causal que liga a demissão moral dos indivíduos a uma ética que os convida a aliviar-se de suas culpas lançando-as sobre as costas de um universal abstrato, “a sociedade”.

Se uma conexão tão óbvia escapa aos examinadores e estes se perdem na conjeturação evasiva de mil e uma outras causas possíveis, é por um motivo muito simples: a classe que promove a ética da irresponsabilidade pessoal e da inculpação de generalidades é a mesma classe incumbida de examinar a sociedade e dizer o que se passa. O inquérito está a cargo do criminoso. São os intelectuais que, primeiro, dissolvem o senso dos valores morais, jogam os filhos contra os pais, lisonjeiam a maldade individual e fazem de cada delinquente uma vítima habilitada a receber indenizações da sociedade má, e, depois, contemplando o panorama da delinquência geral resultante da assimilação dos novos valores, se recusam a assumir a responsabilidade pelos efeitos de suas palavras. Então têm de recorrer a subterfúgios cada vez mais artificiosos para conservar uma pose de autoridades isentas e cientificamente confiáveis.

Os cientistas sociais, os psicólogos, os jornalistas, os escritores, as “classes falantes”, como as chama Pierre Bourdieu, não são as testemunhas neutras e distantes que gostam de parecer em público (mesmo quando em família se confessam reformadores sociais ou revolucionários). São forças agentes da transformação social, as mais poderosas e eficazes, as únicas que têm uma ação direta sobre a imaginação, os sentimentos e a conduta das massas. O que quer que se degrade e apodreça na vida social pode ter centenas de outras causas concorrentes, predisponentes, associadas, remotas e indiretas; mas sua causa imediata e decisiva é a influência avassaladora e onipresente das classes falantes.

Debilitar a consciência moral dos indivíduos a pretexto de reformar a sociedade é tornar-se autor intelectual de todos os crimes – e depois, com redobrado cinismo, apagar todas as pistas. A culpa dos intelectuais ativistas na degradação da vida social, na desumanização das relações pessoais, na produção da criminalidade desenfreada é, no seu efeito conjunto, ilimitada e incalculável. É talvez por eles terem se sujado tanto que suas palavras de acusação contra a sociedade têm aquela ressonância profunda e atemorizante que ante a plateia ingênua lhes confere uma aparência de credibilidade. Ninguém fala com mais força e propriedade contra o pecador do que o demônio que o induziu ao pecado. O discurso dos intelectuais ativistas contra a sociedade vem direto do último círculo do inferno.

Publicado originalmente no Jornal da Tarde, 13 de abril de 2000


Diabocracia

Carlos Henrique Abrão e Laércio Laurelli

Vivemos a demonização da política, um horror dos partidos e a mesquinhez de campanhas perversas cujo horário eleitoral em nada ajuda, apesar de obrigatório, igualmente o voto. Teremos cerca de 40% de votos  nulos, brancos e abstenções, um quadro preocupante que exige reflexão.

A democracia fracassou no Brasil? Preferimos os ídolos de pés de barro, os verdadeiros arautos do welfare state, que personificam a desgraça e ganham sensações de esperança perante a miséria humana de milhões de desempregados. Os programas sociais adotados pelo desgoverno levaram o País à ruína, as cotas, e tantas ideologias que representam a diabocracia, um estilo capetão que não assuste nem de longe o ardor das massas pró capitão.

Essa popalização nefasta começa a ocupar espaço e demonstrar que não estamos maduros epouco responsáveis pelo dia seguinte. Não formamos sociedade, povo, Nação, Estado, mero ajuntamento, ou amontoado de pessoas cada qual perseguindo seus próprios interesses e vontades egoístas. Quem poderá salvar o Brasil das mãos sujas da corrupção, da farsa, do voto inócuo e do preço alto de uma democracia que não funciona?

Explico desde a redemocratização do País tivemos impedimentos presidenciais, quedas de governos, crises das mais variadas possíveis, prisão do chefe do parlamento, e mais de uma centena de processos contra o lixo privado público que infesta o Brasil de ligações espúrias e promíscuas. Infelizmente não se conversam os políticos para fazerem alianças que visem ao interesse do País.  Quando se juntam é para tomar o poder. Precisam e necessitam saber que o poder na democracia é alternância e não militância.

O desgoverno criou o pior cenário,trouxe milhares de famintos e analfabetos e tentou popularizar o ensino, ofertou financiamento,inclusive para compra de casa, o resultado final nem poderia deixar de ser outro, calote nos bancos, desperdícios de dinheiro público e não somos fantoches desses mentirosos sagazes que não assumem a própria culpa e querem transformar o Brasil numa República bolivariana.

Um País continente que tem tudo para dar certo somente colhe frutos amargos de instituições quebradas moral e eticamente, Não há caminho á frente exceto o desfiladeiro, enquanto não se conscientizarem que poder é serviço e não roubalheira, não espertalhões,não medidas provisórias compradas, não benefícios fiscais, não planejamentos tributários delituosos, e assim caminha a
nossa pobre humanidade, na terra da Jabuticaba.

Entre o leito hospitalar e o prisão especial os candidatos jogam todas as suas fichas. Os debates são meras promessas de campanha. Todos sabemos que os anos seguintes serão mais dificultosos e sem as mudanças fortes e sólidas a quebradeira será generalizada. Mais de 500 mil empresas sumiram do mapa na última década,lojas e estabelecimentos fechados, crise espalhada, não há dinheiro na mão do povo que sobrevive.

Eis o receituário do desgoverno tornar todos,indistintamente,subservientes à linha ideológica para que vivam na linha máxima de pobreza e da miséria, enquanto eles, na linha de Maduro, um corrupto inveterado, saboreiam em restaurantes de luxo pratos de mais 350 dólares.

O dia seguinte será decidido por você eleitor os tucanos já mostram que o bico
é sujo, os esquerdistas a incompetência aliada à corrupção,e cerca de 35 partidos com candidatos que amedrontam.

O melhor é existir uma prova de habilitação com cem questões para todos que se candidatem - aplicada pelos TRE S. Os que acertarem 80 questões poderão ser representantes do povo. Do contrário, precisam saber o que é ser político honesto e comprometido com o bem estar da sociedade civil.

ALERTA TOTAL


domingo, 23 de setembro de 2018

Como se Preparar Para Ser Presidente da República? Parte 2

Stephen Kanitz

Nunca tivemos um Presidente da República realmente preparado para o cargo.
Faz parte da nossa cultura que qualquer um pode administrar uma quitanda, uma pequena e média empresa, uma estatal, um banco, um país.

Incrível!

Quatro Presidentes dos Estados Unidos não somente trabalharam no setor privado, mas foram Analistas de Crédito, sabiam avaliar e acompanhar projetos, avaliar risco, fluxo de caixa.

Outros quatro presidentes americanos eram bem próximos da Harvard Business School, Eisenhower contratou seu Dean, quase todos contrataram seus professores, desde 1912.

Qual a função de um Presidente? O que diz a nossa Constituição?
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I – nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II – exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior daadministração federal;
V – vetar projetos de lei;
VI – dispor, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

Resumindo:
1. Escolher os Ministros
2. Administrá-los
3. Não extinguir órgãos públicos e Ministérios.

Vejam que propor leis, fazer reformas legislativas, prometer benesses populistas não fazem parte de suas atribuições.
Percebam que a rigor o Presidente do Brasil não tem tanto poder assim para um regime Presidencialista.

A própria escolha de Ministros é problemática.
Fernando Henrique Cardoso recusava dar o Ministério do Planejamento para seu amigo José Serra, porque “aí quem mandaria seria o Serra e não eu”.
Por mais que ninguém goste do Serra, ele foi o único que se preparou mentalmente por 30 anos para ser Ministro da Fazenda ou Ministro do Planejamento.

Fernando Henrique Cardoso fez pior, escalou o Serra para ser Ministro da Saúde, cargo para o qual ele jamais se preparou.
Por isso temos Presidentes fracos e administrativamente inseguros e por isso tendem a concentrar o poder.

Se colocarem pessoas muito competentes, acham que perderiam poder.
Como de fato ocorreu no Regime Militar.

Quem mandava na época era Delfim Netto e seus Delfim Boys, que fizeram gato e sapato do Brasil.
Dizer que houve uma Ditadura Militar é não perceber quem realmente mandou por boa parte do tempo.
Delfim era um socialista fabiano enrustido, e seus Delfim Boys eram “yes men” que o obedeciam cegamente.
Delfim foi denominado Czar da Economia, e até hoje não desfizemos os absurdos de sua gestão.
Uma das lições da era Delfim foi nunca mais ter um Ministro da Fazenda forte, e sim um Ministro fraco que obedeça.

João Goulart, um dos Presidentes mais inseguros e vacilantes que o Brasil já teve, trocou de Ministro da Fazenda 12 vezes em menos de 24 meses, deixando nossa economia em frangalhos.

A verdadeira razão de sua deposição, como no caso da Dilma.
Presidentes que nada entendem de Administração acabam centralizando porque não sabem delegar e o que delegar.

Não sabem criar metas de desempenho, não sabem avaliar resultados e não sabem criar indicadores de revisão de estratégia.

A única forma de se sentirem seguros são via reuniões diárias com todo o Ministério, que ocupa tempo e nada contribui, a não ser para o ego do Presidente.

blog do kanitz


O discreto milagre da esquerda uruguaia: 15 anos de crescimento ininterrupto

CARLOS E. CUÉ e MAGDALENA MARTÍNEZ

Com Brasil e Argentina em queda, esse pequeno país traçou terceira via e manteve sua estabilidade

Até o ministro da Economia uruguaio, o veterano Danilo Astori, de 77 anos, tem dificuldade em acreditar. Seu país, uma pequena ilha de paz política, social e econômica entre dois gigantes convulsionados como Brasil e Argentina, protagoniza o que chamam de desacople(desacoplamento). Enquanto os dois colossos sofrem – em 2016 ambas as economias encolheram – e outras experiências, como a venezuelana, afundam, o Uruguai, dirigido desde 2005 pela esquerda tranquila da Frente Ampla, está prestes a completar 15 anos de crescimento ininterrupto, um recorde histórico para essa pequena nação de 3,3 milhões de habitantes. O país não tem petróleo ou cobre, mas soube explorar outros recursos: soja, gado, turismo e um intangível: uma grande estabilidade política sem grandes escândalos de corrupção.

O Uruguai nem sempre foi um remanso de paz. Vivia pendente do Brasil e da Argentina. Em Montevidéu se dizia que quando eles tossiam, o Uruguai pegava um resfriado. A última vez foi entre 1999 e 2002. A crise do corralito argentino acabou afundando o país: fuga de capitais, 40% da população em situação de pobreza, colapso do sistema financeiro, bancos resgatados. Foi difícil sair, mas a lição foi aprendida: tanta dependência nunca mais. “Quando assumimos o Governo, em 2005, o Uruguai era o segundo maior devedor do mundo em termos relativos. Um dos nossos primeiros problemas foi renegociar a dívida com o FMI, que não podíamos pagar. Naquele momento tínhamos uma exposição muito alta ao dinheiro argentino”, explica Astori em seu discreto e clássico escritório no centro de Montevidéu.

Até os mais críticos ao Governo da Frente Ampla, que depois de 12 anos no poder sofre um desgaste importante, admitem que foi muito sério com a gestão econômica, dirigida por Astori em dois períodos: 2005-2010 e de 2015 até agora. Com José Mujica (2010-2015) foi vice-presidente e está sempre entre os potenciais presidenciáveis para 2020.

O Uruguai viveu como protagonista a década de ouro da esquerda latino-americana, teve um presidente como Mujica que havia sido guerrilheiro, mas nunca abandonou certa ortodoxia econômica. Tanto assim que, dentro da Frente Ampla alguns grupos afirmam que, na verdade, a atual política econômica não é de esquerda.

“O tom de esquerda foi dado pelas transformações estruturais que implementamos”, justifica Astori, “mas com uma consciência fundamental: a ordem macroeconômica é imprescindível. Sem ela não há transformação alguma. Não conheço nenhuma experiência no mundo em que se tenha transformado a sociedade em meio à desordem. Deve haver consistência entre as políticas monetária, cambial, fiscal e de renda”, acrescenta Astori. “Desde antes de assumirmos [em 2005] já nos reuníamos com o FMI para negociar novas condições, mas advertimos que não renunciaríamos a um plano de emergência para combater a pobreza”, lembra. “Estamos agora com 9% de pobreza e a miséria não é estatisticamente mensurável”.

Carlos Alberto Lecueder, um dos empresários mais influentes do Uruguai, administrador de vários centros comerciais e do World Trade Center de Montevidéu, reconhece que a esquerda “teve políticas econômicas sérias”, mas observa em particular que o avanço do país se deve ao fato de “ter um Estado de direito sério e uma democracia que funciona bem”. O país soube aproveitar o boom das matérias-primas e o crescimento chinês para diversificar e não depender tanto dos imprevisíveis vizinhos.

“O Uruguai manteve uma política organizada. Até mesmo o Governo de Mujica respeitou a macroeconomia. Mas não foram feitas reformas de longo prazo e temos um problema muito sério com a qualidade do capital humano: educação e formação. Não estamos tão bem, o ciclo 2004-2014 teve condições muito especiais”, diz Ignacio Munyo, um economista liberal, professor da Universidade de Montevidéu e crítico do Governo da Frente Ampla.

O Uruguai funciona, como mostra a chegada contínua de investimentos e de todo tipo de marcas internacionais nos shoppings administrados por Lecueder, que florescem em toda Montevidéu. Mas o milagre uruguaio é discreto: não há uma única loja da Chanel ou da Armani em todo o território nacional. Prosperidade sim, luxos não. De fato, o crescimento surpreende porque não para, mas não é espetacular: 1,5% em 2016 e se espera 1,6% ou um pouco mais em 2017.

O ano começou muito bem, com um crescimento de 4,3% no primeiro trimestre, com uma temporada turística recorde, em parte graças à crescente inflação argentina: o país vizinho tornou-se tão caro que passar férias no paraíso de Punta del Este, antes reservado aos muito ricos, tornou-se uma excelente opção para os portenhos. No entanto, as pesquisas estão mostrando o crescente descontentamento da população e o atual Governo, liderado por Tabaré Vázquez, tem taxas de aprovação historicamente baixas (cerca de 30%), sem escândalos de corrupção, mas com alguns de má gestão.

Existe alguma perplexidade na atual administração diante do descontentamento da opinião pública, mas a verdade é que a Frente Ampla deixou pendentes grandes questões como a modernização dos serviços públicos, a melhoria da educação e a construção de infraestruturas. Além disso, neste ano o Governo aumentou os impostos e decretou políticas de austeridade que prejudicam o modesto poder aquisitivo da população. Em um país que rende culto à classe média – tem as menores diferenças sociais da América Latina–, o ritmo parece estancado e os observadores internacionais brincam que o Uruguai tem apenas duas velocidades: “lenta e parada”.

O que tanto o Governo quanto os analistas rejeitam é uma máxima generalizada sobre o Uruguai: o fato de que sobrevive graças ao dinheiro escondido lá pelos ricos de outros países, a ideia de “Suíça da América”. “O Uruguai adotou as práticas mais modernas, derivadas da OCDE, em matéria de transparência fiscal e intercâmbio de informações. Não recebemos investimento financeiro puro, recebemos investimento estrangeiro direto, produtivo. O Uruguai não é uma mera praça financeira aonde chegam capitais voláteis, que obtêm um lucro e vão embora. Combatemos isso”, insiste Astori, enquanto lembra que está para chegar um investimento de 5 bilhões de dólares (cerca de 15,73 bilhões de reais) de uma empresa finlandesa para instalar uma nova fábrica de papel no país. A agropecuária uruguaia também explode e produz alimentos para 60 milhões de pessoas.

O milagre uruguaio desta vez vai noutra direção, sempre diferente daquela de seus vizinhos e dos que foram seus aliados políticos da esquerda latino-americana, como a Venezuela. Enquanto legaliza a venda de maconha em farmácias sem grandes polêmicas, o país de Mujica também mostra uma terceira via política e econômica.

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