Márcio Coimbra
Um dos grupos que mais cresce no Brasil em tempos recentes são os conservadores. Esta é uma tendência que se acentua, além do nosso país, também em outras nações. A saída do Reino Unido da União Europeia, o crescimento da direita na França, a consolidação dos populares na Espanha, além da eleição de Trump nos Estados Unidos deixou claro que existe um movimento sólido e consistente em direção ao conservadorismo político.
Entretanto, ainda há muita confusão sobre quem são os conservadores e o que defendem. Diante da predominância da esquerda por tantas décadas no Brasil, o surgimento de um movimento de direita é enxergado sobretudo com ceticismo. Em princípio há um erro em confundir o regime militar brasileiro com as ideias conservadoras. Nossos governos militares estiveram ao lado do estatismo econômico, especialmente na década de 70, quando praticou políticas muito próximas (senão semelhantes) daquelas introduzidas por Dilma. O resultado foi o mesmo: inflação e recessão.
Os conservadores de hoje não poderiam estar mais dissociados do intervencionismo. Apesar de encontrar alguns nomes que ainda se alinham com tais ideias, a maioria prefere os caminhos do liberalismo econômico, mais próximos do conservadorismo inglês e espanhol, que defendem uma economia aberta e dinâmica, que não esteja refém dos governos que ocupam o poder.
No que tange as mudanças sociais, os conservadores preferem a cautela. Esta nova direita não é avessa a alterações, mas defende que qualquer movimento precisa ser realizado de forma branda, sem radicalismos. A mudança é, portanto, bem-vinda, mas precisa ser absorvida de forma lenta e gradual para não causar solavancos no tecido social. Este novo conservadorismo que surge no Brasil valoriza o papel da família como ente central da sociedade, resguardada pelo império da lei e especialmente pela limitação do poder do Estado. O indivíduo é elemento essencial desta visão política que acredita na meritocracia, empreendedorismo e na responsabilização deste como motor da sociedade.
Este grupo político por muito tempo não possuiu representantes que pudessem vocalizar suas demandas e exigências. O refluxo, entretanto, já começou. Em princípio um pouco desordenado, vem cada vez mais tomando forma e tornando-se consistente. Alguns parlamentares e segmentos políticos já fizeram a opção clara por este discurso e aos poucos vêm redefinindo este termo de acordo com suas cores e convicções.
A naturalidade com que os conservadores vêm ocupando espaço está diretamente ligada à fadiga de material da esquerda, que abalroada pelo desgaste dos últimos governos e denúncias de corrupção, ainda não soube se reinventar. Enquanto isso, agora organizados, os conservadores se preparam para ocupar este espaço no coração dos eleitores, certos de que não existe vácuo de poder.
Jornal O Tempo
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