José Maurício de Barcellos
Esta
semana, a partir das transmissões da rede mundial de computadores, li e ouvi
dois comentários impressionantemente corretos, precisos e, sobretudo,
irrespondíveis em face da isenção e do patriotismo nos quais se encerram. Quero
dividi-los com meus leitores.
O
primeiro veio do ilustre escritor, constitucionalista e jurista de nomeada,
Professor Ives Gandra e o segundo do Vice-Presidente da República, General
Hamilton Mourão, que tem surpreendido o País como um verdadeiro intelectual de
muitos méritos e incomparavelmente melhor do que qualquer outro da desprezível
classe dos “uspinianos”, cuja reputação foi posta a nu, no meio da rua, pela
destemida genialidade do filósofo Olavo de Carvalho.
A
propósito das decisões proferidas pelos Ministros do STF, Luiz Roberto Barroso
e Alexandre de Moraes, em casos que invadiram a competência privativa do
Presidente da República, dizendo para o Supremo Mandatário do País, (1) a quem
ele podia ou não conceder indultos, bem como (2) que não podia expulsar
diplomatas venezuelanos representantes do governo de um narco-ditador que o
Brasil não reconhece ou (3) nomear alguém de sua maior confiança para dirigir a
Polícia Federal, Gandra disse, severamente, que tais nocivas “invasões de
competência” geram forte insegurança jurídica que o Poder Judiciário produz
sempre quando foge de seus limites técnicos para ingressar na política a mando
de seus padrinhos de toda vida.
E digo
eu: essas insanas e petulantes usurpações abalam mais e mais a já arrasada
credibilidade da Suprema Corte junto ao povo, que nunca lhes outorgou poder
algum ou elegeu (e certamente jamais elegeria) quaisquer daqueles insensíveis,
facciosos e empedernidos Mandarins do STF, para nada, nem para vereador ou
mesmo membro do Conselho Tutelar de sua cidade.
Com a autoridade
e a proficiência de sempre, o Mestre Ives Granda disse que se a competência é
privativa do poder executivo, não cabe ao poder judiciário dizer ao Presidente
da República que é privativa sim, mas subordinada a um simples servidor do
Supremo Tribunal Federal, que é quem cumpre dizer o que o Presidente pode ou
não fazer. O bom e velho jurista, que participou ativamente da elaboração da
Carta Politica de 1988, disse, também, que a operação para extirpar o tumor da
usurpação da competência de um poder por outro ou de qualquer deles em relação
aos demais está previsto no art. 142 da Constituição Federal, que atribui às
Forças Armadas o poder-dever de sanar o vício e restabelecer a ordem
constitucional, fazendo às vezes do quarto poder, do poder moderador, que
existia na figura de D. Pedro II, desde os tempos do Império.
Ouvi,
emocionado, o grande Ives, fazer um apelo aos Ministros que hoje respondem pelo
Supremo Tribunal Federal, no sentido de que, de imediato voltem ao que fixa a
Constituição quanto aos fundamentos do estado democrático de direito, previstos
no seu artigo 1º, que devem ser mantidos de conformidade com o artigo 2º, onde
se fixa a harmonia e independência dos poderes da República e, logo em seguida,
os advertir que: “Com essa invasão permanente do Supremo nas funções do
legislativo e nas do executivo, pode ser que se recorra às Forças Armadas, não
para romper a ordem, porque as FFAAS não podem romper a ordem, mas para repor a
ordem”, não mais permitindo a usurpação de poderes que, em derradeira análise,
o povo soberano não lhes concedeu jamais.
Igualmente
me impressionou a transcrição da entrevista do Vice-Presidente, Hamilton Mourão
à Rádio Gaúcha, sobre as últimas decisões do STF de barrar o nome de Alexandre
Ramagem para o comando da Polícia Federal e a ordem do governo de expulsar
diplomatas venezuelanos. “Julgo que cada um tem que navegar dentro dos limites
da sua responsabilidade”, disse Mourão. “Os Poderes têm que buscar se
harmonizar mais e entender o limite da responsabilidade da cada um”, afirmou,
ao citar disputa de poder entre os Poderes. Mourão, no entanto, minimizou o
risco de Bolsonaro radicalizar a postura, levando o país a uma ruptura
institucional, e disse que o apoio das Forças Armadas ao presidente é
“institucional”, mas deixou claro que o mencionado apoio é incondicional do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica ao “Chefe de Estado”.
A meu
juízo está tudo muito claro, porém não creio que isso possa surtir efeito ou
demover as nefandas posições da banda podre do STF ou do Congresso Nacional.
Percebam que nem a descomunal pressão popular, semanalmente escancarada nas
portas do STF e do Congresso, parece estar assustando os poderosos chupins da
República. Talvez eles queiram realmente é o confronto, visando a se vitimar,
aqui e lá fora, se vier a ser adotada qualquer medida saneadora, por mais
expressa que esteja na Constituição Federal.
Diário do Poder
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