Redação
Há ainda a expectativa do mercado
econômico de um novo corte na próxima reunião
Em meio
à crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus, o Banco Central
(BC) diminuiu os juros básicos da economia pela sétima vez seguida. Por
unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para
3% ao ano, com corte de 0,75 ponto percentual.
A decisão surpreendeu os analistas
financeiros. Segundo a pesquisa Focus do
BC, a maior parte dos agentes econômicos esperava a redução dos juros básicos
para 3,25% ao ano nesta reunião e um corte adicional, para 2,75%, em junho.
Com a
decisão de hoje (6), a Selic está no menor nível desde o início da série
histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa
foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar
14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os
juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de
2018, só voltando a ser reduzida em julho de 2019.
Inflação
A Selic
é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação
oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos
12 meses terminados em março, o indicador fechou em 3,3%, o menor
resultado acumulado em 12 meses desde outubro do ano passado.
A
inflação, que tinha subido no fim do ano passado por causa da alta da carne e
do dólar, agora deve cair mais que o previsto por causa das interrupções da
produção e do consumo provocadas pela covid-19.
Para
2020, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4%,
com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá
superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%. A meta para 2021 foi fixada em
3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
No Relatório
de Inflação divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade
monetária estimava que o IPCA fecharia o ano em 2,6%. A projeção, no
entanto, ficou defasada diante da pandemia de covid-19. De acordo com o
boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada
pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 1,97%, mas as
estimativas deverão continuar a cair nos próximos levantamentos.
Crédito mais barato
A
redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o
crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade
econômica. No último Relatório de Inflação, o BC
projetava crescimento zero para a economia neste ano. No entanto, a
previsão tinha sido feita antes do agravamento da crise provocada pelo
coronavírus.
O
mercado já projeta crescimento mais baixo. Segundo a última edição do
boletim Focus, os analistas econômicos preveem contração de
3,76% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos
pelo país) em 2020.
A taxa
básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial
de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de
juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso
de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito
e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para
cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços
estão sob controle e não correm risco de subir. (ABr)
Diário do Poder
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